Pedro Antonio de Brito Neto


HOMOSSEXUALIDADE NAS NOTÍCIAS POLICIAIS DA IMPRENSA PARAENSE NA PRIMEIRA METADE DA DÉCADA DE 1980

Este breve ensaio tem por intuito apresentar a interpretação que a imprensa paraense refletia em suas páginas de jornal sobre a comunidade LGBTQ+, em principal, as identidades que derivam do gênero masculino, na primeira metade da década de 1980. Para expor essa representação recorri ao periódico Diário do Pará, e seu caderno policial, principal exponente de características negativas, atribuindo à comunidade o estigma de marginais ou seres desviantes.

A editoria policial adotava uma linguagem com uso de termos indecentes referentes aos envolvidos no acontecimento, demonstrando notícias com imagens que expunha pessoas mortas, machucadas, ou em situações degradantes. Tal praxe concordaria com uma espécie de jornalismo que se disseminou no período de sua produção: o popular.

Compreende-se que a abordagem desta imagem negativa é resultado de um processo de construção social em torno das orientações sexuais e identidades de gênero, e também de uma técnica do jornalismo que aproximava a sua linguagem à realidade do seu leitor.

Neste processo em que o jornalismo adotava uma linguagem mais popularesca para se referir à comunidade LGBTQ+, a mesma estava em processo de conquistas e lutas sociais em um período marcado pelo fim da Ditadura Civil-militar e início da redemocratização do Estado brasileiro.

Os estudos e Movimento Homossexual no Brasil e Pará
Aponta-se que os principais estudos e movimentos a respeito da homossexualidade no Brasil tenham se iniciado em meados da década de 1970. A partir dos trabalhos primordiais de Peter Fry, antropólogo e pesquisador da homossexualidade no Brasil, observa-se o crescimento de pesquisas sobre a homossexualidade, particularmente a masculina, pois este “é um tema de pesquisa significativo dentro das ciências sociais brasileiras desde o final dos anos 1970, ao passo que estudos sobre lésbicas, travestis e transexuais são mais recentes” (SIMÕES; FACCHINI, 2009, p.16).

No Pará, diferentemente do restante do país, a pesquisa em torno da história da homossexualidade neste período, seja ela feminina ou masculina, é escassa. Franco (2015) revela a falta de escritos sobre a temática, declarando-a como falha. No entanto, sobre o movimento, e se um dia houve a organização ou origem do movimento homossexual no Pará, ele se propagou na sua capital, Belém, com as manifestações artísticas e culturais que tomariam forma a partir da década de 1970, quando ocorreu o surgimento de um grupo de artistas, jornalistas e intelectuais, que foram às ruas fazer-se perceptíveis à sociedade (FRANCO, 2015).

Estas manifestações, que hoje em dia é vigente durante o período que antecede o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, se caracterizaria pela Festa da Maria Chiquita, ou Festa da Chiquita Bacana.

O final da década de 1970 caracteriza-se também como um marco na história da homossexualidade no país, em específico o ano de 1978, pois corresponde à fundação do primeiro grupo homossexual, o Somos – Grupo de Afirmação Homossexual, em São Paulo, e ao lançamento da primeira edição do jornal alternativo O Lampião da Esquina, no Rio de Janeiro, escrito e produzido por homossexuais para o público da comunidade.

Tanto o jornal, quanto o grupo tinha por objetivo reivindicar seu espaço na sociedade, combatendo o preconceito e o machismo. Ainda no final da década de 1970, ocorreu a “primeira manifestação pública através de uma carta aberta ao Sindicato dos Jornalistas, protestando contra a forma difamatória com que a “imprensa marrom” apresentava a homossexualidade” (FRY; MACRAE, 1985, p. 22).

Nesse período, a cor atribuída a qualquer jornal que use de uma linguagem “escandalosa” é o marrom. Esse uso possui diversas origens, mas Amaral (2006) também considera que o jornalista Alberto Dines diz que foi dado por Calazans Fernandes, que mudou a expressão em uma notícia do jornal Diário da Noite, no Rio de Janeiro, em 1960. O marrom, então, estaria estabelecendo relação com a “cor de merda”.

Sensacionalismo e Linguagem popular
O termo “imprensa marrom” ganhou bastante dimensão, vindo se afirmar na década de 1980, pois, de acordo com Ferreira Júnior e Costa (2016), esse tipo de cobertura jornalística sensacionalista era abundante. O conceito de sensacionalismo era utilizado para designar a produção jornalística que evocasse a violência. No entanto, Amaral (2006) classifica que o sensacionalismo acontece de várias formas, afirmando que todo jornal pode ser sensacionalista, pois utiliza de técnicas para prender o leitor, e, portanto, conquistar boas vendas.

A disseminação do desrespeito, injustiça, desigualdade e violência, devido à orientação sexual nos impressos, traria à tona uma inconformada massa de homossexuais. O jornal Notícias Populares, de São Paulo, era um dos meios que disseminavam uma escrita difamatória a respeito dos homossexuais. Agrimani Sobrinho afirma que,

“quando se refere ao homossexual, “Notícias Populares” procura tornar nítida uma posição de preconceito, de exclusão e marginalidade. O homossexual aparece como culpado, mesmo que seja ele a vítima do crime” (1995, p. 122).
A profusão desses impressos se apoiava justamente nestas atribuições, um jornalismo que propagava notícias “extraordinárias”, “excepcionais” e “escandalosas”. Na década de 1980, além de denominados de “imprensa marrom”, os periódicos teriam o cognome que Agrimani Sobrinho (1995) atribui como espreme que sai sangue, alcunha que serviu de título para uma de suas principais obras.

Portanto, a história comum e cotidiana da realidade social do leitor faria se presente nos cadernos e/ou editorias policiais, pois eram esses segmentos dos jornais que retratavam a violência e os acontecimentos mais comuns enfrentados pelas populações periféricas. O jornalismo popular policial, exemplificado pelo próprio Diário do Pará possuiu as características objetivadas a atingir as classes mais populares. Logo, vão desde uma linguagem coloquial, caracterizada como “exagerada, podendo usar gírias e palavrões” (LIMA; ARAÚJO, 2011, p. 7).

O Diário do Pará, nomenclaturas e as notícias policiais
O jornal Diário do Pará, ou como se intitulava Diário do Pará: um jornal da Planície teve sua primeira edição lançada no ano de 1982, ainda no período de restabelecimento da democracia no Estado brasileiro. O jornal que fora fundado por Laércio Barbalho, sendo dirigido por seu filho Jáder Barbalho Filho, teria a editoria Caderno Polícia como um dos maiores destaques do periódico. Este gênero de notícia ganhou espaço no Pará a partir da década de 1980, pois:

“o gênero caiu no gosto popular em programas de rádio e televisão, como “A Patrulha da Cidade”, “TV Cidade” e “Barra Pesada”, nos quais repórteres de rádio que não tinham formação profissional migraram para as telas e se tornaram repórteres de televisão” (MELÉM, 2011, p. 31).

Como a pesquisa se ateve em captar notícias do caderno policial sobre a homossexualidade, a metodologia para a busca destas fontes foi seguindo a nomenclatura que a notícia expunha nos títulos de suas manchetes. Assim, as categorizações encontradas para as identidades e orientações com origem no gênero masculino foram: gay, homossexual, travesti, e a boneca.

O termo gay é o que mais aparece nas manchetes. Proveniente dos Estados Unidos seria uma denominação que surgiria a partir dos anos de 1950. A partir dos estudos do historiador George Chauncey vê-se que o termo faz referência “a qualquer homem que tivesse experiências sexuais com outros homens, independentemente da afeminação ou do papel desempenhado no ato sexual” (SIMÕES; FACCHINI, 2009, p. 44). Antes as denominações estavam relacionadas ao comportamento sexual, ou seja, quem tivesse o papel de ativo na relação sexual seria chamado de trade, enquanto que os que exerciam no ato sexual o papel de passivos eram chamados de fairy/fairies ou queers. Aqui no Brasil as denominações seriam variadas e mudariam com o passar dos anos, variando de região para região, sendo revisadas e ganhando novos significados, principalmente no período de evolução do movimento homossexual. Neste período o gay aparece no Brasil com o mesmo intuito de determinar o homossexual, sem fazer distinção sobre o seu comportamento sexual. Abaixo podemos ser observar uma notícia extraída do caderno policial:

Gay mete faca. Francisco de Castro Martins de Souza esfaqueou por motivos de ciúmes, o comerciário José Maria de tal e sua namorada Liana Moreira Cardias [...]. Francisco de Castro é homossexual e gosta de ser chamado de “Francesa”, nutrindo um ciúme doentio pelo comerciário Zé Maria, por quem é apaixonado. Ontem, ele encontrou o “seu amor” de braços dados com a namorada e ficou desesperado. Como todo “gay” “Francesa” não descuida de sua “proteção” e sempre anda com um canivete, para as suas emergências. Foi com essa arma que ele feriu o comerciário e Liana. Cada vítima recebeu duas canivetadas. Zé Maria foi ferido no braço direito e nas costas, enquanto sua namorada recebeu ferimento nos dois braços. Enquanto o casal era levado ao Pronto Socorro Municipal, “Francesa” aproveitava a confusão causada e dava no pé para longe da ação policial” (GAY..., 1982, p. 8).

Esta primeira notícia de 1982, aborda o caso do homossexual chamado Francisco de Castro, que usa um nome social considerado socialmente feminino: Francesa. Nota-se no texto a construção da imagem de um ser “doente”, ao afirmar que ele possui “um ciúme doentio” por um homem comprometido, a quem o jornal declara que ele seja apaixonado. Outra percepção que se cria é o da “ridicularização”, Francisco, por ser homossexual, é retratado como um “louco”, que age por impulso, e a notícia busca dar ênfase em algumas palavras para desmerecer a sua imagem, observa-se no próprio destaque que dão ao seu nome social, e a referência de Zé Maria como o “seu amor”.

O segundo termo noticiado seria o homossexual. Sendo utilizado no texto de várias notícias, faz referência aos que se envolvem com pessoas do mesmo sexo. A palavra seria criada no século XIX, com o intuito de identificar a orientação sexual que estava sendo analisada pela sexologia. Este termo, como diz Fry, tem associação “ao modelo médico-legal e tem conotação de patologia e de crime” (1982, p. 104). O autor afirma que, durante a década de 1960, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, o termo homossexual seria substituído pelo gay, pois este evocava um sentido mais alegre. Analisemos a notícia abaixo:

Homossexuais querem o fim da repressão. A entidade Comunidade Homossexual Argentina exigiu ontem a revogação das leis de repressão aos homossexuais. Em declaração oficial, a associação afirmou que os homossexuais dos dois sexos são 5 por cento da população argentina – 1,5 milhão de pessoas – e advertiu: “Não haverá democracia verdadeira se a sociedade permitir a subsistência dos setores marginalizados e dos diversos métodos de repressão vigentes”. O documento recorda que a Organização Mundial de Saúde, integrada pela Argentina, cortou a homossexualidade de sua lista oficial de doenças e manifesta que os homossexuais são “pessoas que trabalhamos, estudamos, sentimos, amamos, nos preocupamos com a realidade nacional e passamos junto com vocês os duros anos da ditadura.” (HOMOSSEXUAIS..., 1984, p. 7).

Nesta notícia se observa a luta do movimento contra a repressão e o preconceito que os homossexuais sofrem na Argentina, sendo que isso foi trabalhado na primeira parte do artigo, porém no Brasil. Alguns pontos devem ser levados em conta: não é visível a linguagem, ou o uso de termos depreciativos para com os homossexuais, pelo contrário, está apresentado outro lado, a exposição do seu protesto no âmbito político e social, no qual os homossexuais são pessoas iguais as outras, humanos que possuem sentimentos, realizam trabalhos, e passam ou passaram pela mesma situação que outros. Atenta-se para a citação que diz que a Organização Mundial da Saúde (OMS), já havia retirado a homossexualidade do rol de doenças na Argentina. E, no Brasil, isto aconteceu em 1985, a partir da campanha promovida pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).

A travesti é o quinto termo. Na notícia geralmente é abordada como o homem que se traveste de mulher. Em 1910, o alemão Magnus Hirschfield, que ficaria conhecido pela campanha pela descriminalização da homossexualidade na Alemanha, classificaria o tipo sexual como “pessoas cujas identidades cruzavam as fronteiras de gênero, que usavam roupas do sexo oposto e que desejavam mudar de sexo” (SIMÕES; FACCHINI, 2009, p. 42). Para Butler (2008), o gênero é constituído a partir de uma construção social, é algo fluido, e sua definição não se vincula ao sexo biológico. Podemos considerar que hoje, partindo da citação de Simões e Facchini que as pessoas que almejam a mudança de sexo estão construindo a sua identidade de gênero, enquanto que a identidade da travesti pode se caracterizar em

“[...] apresentar-se socialmente como mulher em tempo integral [...]. E nessa representação não basta somente vestir-se com roupas do universo feminino. A passagem de um indivíduo para o que se poderia chamar de um ethos travesti envolve cuidados constantes, tais como depilação, ingestão e/ou aplicação de hormônios sintéticos femininos ou até mesmo intervenções mais agressivas, como o uso de silicone para modelar seios, nádegas e quadris” (FERREIRA, 2009, p. 38).

Travesti espancado pelo homem-sombra. Reginaldo Miranda Ferreira, homossexual mais conhecido pelo apelido de Regina Tarada, “roda bolsinha”, na Praça da República, foi parar ontem no Pronto Socorro Municipal, com a cara praticamente desmontada na base de pancadas, e desmaiado. Estava todo “paramentado” como uma mulher, lábios pintados que sobressaíam a cor do sangue no resto de seu rosto. Ela estava (ou talvez devesse dizer ele estava) todo travestido, usando um vestido colorido, peruca espalhafatosa, batom e rouge. De repente, um elemento misterioso saiu das sombras da Praça, segundo ele disse no PSM, e passou a agredir Reginaldo, a pauladas, produzindo-lhe os ferimentos pelo corpo.” (TRAVESTI..., 1985, p. 7).

A travesti Regina, ou como é conhecida “Regina Tarada”, é vítima de violência homofóbica, porém, é colocada como culpada do seu próprio estado. Um indivíduo que não foi identificado violentou-a e, pelo que ficou subentendido pelo jornal, saiu impune do crime. Ressalta-se a vestimenta de Regina, que por ser travesti, é considerada “espalhafatosa”, “exagerada”, acentuando a “cor do seu batom como mais forte que a cor do seu sangue”. O olhar preconceituoso, de condenação, e a ridicularização do homossexual são praxes na notícia, que marcam o estranhamento diante da identidade da travesti.

Fechando com a sexta e última designação em suas manchetes: a boneca. O termo fora usado antes no jornal O Snob, no Rio de Janeiro, na década de 1960. A boneca seria um homossexual caracterizado por ter “estilo, graça, personalidade, consciência da moda e um bom gosto, que as situariam acima do resto da sociedade” (SIMÕES; FACCHINI, 2009, p. 69). Ou, de acordo com Silva (2005), em trabalho realizado em São Paulo no mesmo período, ela seria um homossexual passivo e atraente, geralmente jovem, ou uma denominação afetuosa dada à mesma categoria. Porém, por variar os significados de região para região, a boneca no Diário, seria geralmente o homossexual travestido de mulher, ou efeminado. Como podemos ver abaixo:

Mandou chumbo grosso na boneca atrevidinha. Sujeito descarado é o gay Antonio Pereira da Silva, [...]. Ele mesmo diz que não gosta de fazer ponto na Praça da República, pois a concorrência é descarada e desenfreada, porém como reside numa área onde constantemente os homens estão pelas esquinas com as mulheres da vida fácil, que proliferam na área, o Antonio (Antonieta, como é conhecido na roda) fica da porta ou da janela da sua casa bicorar os marmanjos que passam pela calçada da Riachuelo, e em muitas das vezes chega a abordá-los na maior cara de pau, convidando-os para entrar. Perseguição. O Raimundo Bolão, que tem como certo sua passagem todos os dias pela Riachuelo, já que trabalha na área, há tempo vem sendo abordado pelo Antonio Pereira, e como o Bolão não lhe dá bola, o gay, como já sabendo a hora que o Raimundo Bolão passa todos os dias, fica na janela a perturbar a paciência daquele que era sua paixão. Como tudo na vida enjoa, o Bolão ontem resolveu acabar com a perseguição da “Antonieta”: ao passar pela janela da dita cuja, quando retornava do serviço, lá estava o gay, e como já sabia que iria receber galanteios, o que aconteceu, ao se aproximar, sacou o revólver e deu dois tiros à queima roupa no corpo do Antonio Pereira da Silva, que caiu no chão gritando por socorro, com o Bolão fugindo deixando em estado lastimável o gay Antonio, que foi para uma clínica particular, mas antes esteve recebendo atendimento no PSM.” (MANDOU..., 1985, p. 7).

O homossexual e também “boneca” Antônio é representado como “assediador” e culpado pelo ato de Raimundo. O fato de estar perseguindo-o todas as vezes que passa para ir ao trabalho, a notícia é transformada, de modo que aquele que cometeu o ato criminoso sai impune, e o homossexual por ser estigmatizado torna-se o intransigente da situação. Podemos atestar como nesta e em outras notícias o homossexual está sofrendo diversos tipos de violência, seja física, psicológica ou verbal. Aqui vemos dois tipos de homofobia, a que foi praticada por Raimundo ao atirar contra Antônio, e a estabelecida pela notícia de jornal, no qual Agrimani Sobrinho (1995) diz ter origem no preconceito jornalístico, e na negação humana em assumir a sua própria sexualidade, tendo o jornal e o próprio leitor como reprodutor desta homofobia, que infere na rejeição ou aversão ao homossexual na notícia, caracterizada também por uma atitude derivada do heterossexismo.

Logo, a partir das notícias expostas podemos observar as atribuições que ridicularizam os membros da comunidade LGBTQ+. Estigmatizam seu comportamento, minimizam a gravidade da violência homofóbica, sendo o homossexual sempre culpado, e utilizam suas orientações e identidades de gênero para atrair o leitor avido pela notícia. Ser incivil nas noticias era comum para o período, pois não existiam códigos de conduta que os fiscalizassem. Isso aconteceria somente no final de 1986. E, por mais que sejam observados intensos casos de violência, não só em Belém, mas no Brasil como um todo. Os membros do Movimento Homossexual não deixaram se sobrepujar. A década de 1980 foi período de fortalecimento e de grandes conquistas sociais para todo o movimento.

Referências
Pedro Antonio de Brito Neto – Graduado em Licenciatura em História pela Faculdade Estácio de Castanhal, professor do Projeto de Extensão Alternativa Vestibulares da Universidade do Estado do Pará (UEPA), atualmente é pós-graduando do curso Amazônia: História, Espaço e Cultura da Faculdade Integrada Brasil e Amazônia (FIBRA).

AGRIMANI SOBRINHO, Danilo. Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na imprensa. 1. ed. São Paulo: Summus, 1995.
AMARAL, Márcia. Jornalismo Popular. São Paulo: Contexto, 2006.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
FERREIRA, Rubens. A informação social no corpo travesti (Belém, Pará): uma análise sob a perspectiva de Erving Goffman. Ciência da Informação, Brasília, v. 38, n. 2, p. 35-45, mai./ago. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v38n2/03.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2018.
FERREIRA JUNIOR, Sérgio.; COSTA, Alda. Dissidentes, violentos e violentáveis: LGBTs nas narrativas de violência da Amazônia Paraense. Revista Rua, Campinas, v. 2, n. 22, p. 525-551, nov. 2016. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/view/8647948/14716>. Acesso em: 30 nov. 2018.
FRANCO, José. Memórias do Movimento LGBT: da Sociedade Mattachine ao Estado do Pará, a conquista de direitos e suas demandas sociais. Disponível em: <http://eventos.livera.com.br/trabalho/98-1020836_30_06_2015_16-30-56_1695.PDF>. Acesso em: 12 dez. 2018.
FRY, Peter. Da hierarquia à igualdade: a construção histórica da homossexualidade no Brasil. In: _______. Para inglês ver: identidade e política na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982. p. 87-115.
_______; MACRAE, Edward. O que é homossexualidade. São Paulo: Abril Cultural, Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, v. 26, 1985.
LIMA, Sérgio.; ARAÚJO, Rosangela. O Jornalismo Popular no Caderno de Polícia da Folha de Pernambuco. In: XXXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 34., 2011, Recife. Anais... Recife: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2011. p. 1-15. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2011/resumos/R6-0217-1.pdf>. Acesso em: 08 dez. 2018.
MELÉM, Viviane. Jornalismo Policial: uma análise dos critérios de noticiabilidade do caderno Polícia, do jornal Diário do Pará. Puçá: Revista de Comunicação e Cultura da Amazônia. Belém, v. 1, n. 1, p. 26-50, jan./jun. 2011. Disponível em: <http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/puca/article/view/94/91>. Acesso em: 10 dez. 2018.
SILVA, José. Homossexualismo em São Paulo: estudo de um grupo minoritário. In: GREEN, James; TRINDADE, Ronaldo. (Orgs.). Homossexualismo em São Paulo e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2005. p. 41-212.
SIMÕES, Júlio.; FACCHINI, Regina. Na Trilha do Arco-íris: Do movimento homossexual ao LGBT. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2009.
Fontes
GAY mete faca. Diário do Pará: um Jornal da Planície. Belém, ano I, n. 8, 31 ago. 1982. p. 8.
HOMOSSEXUAIS querem o fim da repressão. Diário do Pará: um Jornal da Planície. Belém, ano II, n. 480, 29 mai. 1984. p. 7.
MANDOU chumbo grosso na boneca atrevidinha. Diário do Pará: um Jornal da Planície. Belém, ano III, n. 783, 24 mai. 1985. p. 7.
TRAVESTI espancado pelo homem sombra. Diário do Pará: um Jornal da Planície. Belém, ano III, n. 742, 05 abr. 1985. p. 7.

12 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns pela pesquisa tão fundamental para compreender a luta que o movimento LGBT. Gostaria de saber duas coisas:
    1) Durante seu texto, chamou minha atenção a mudança de postura do caderno policial do Diário do Pará em relação ao outro suplemento do mesmo citado por vc. Mesmo sendo extraídos do mesmo periódico, eles apresentam uma linguagem bem distinta. Vc acredita que a linguagem depreciativa do caderno policial refletia um direcionamento dos redatores em ridicularizar os homossexuais, uma vez que o público que se interessava pelo caderno policial era mais popular que o do restante do jornal?
    2) nas suas pesquisas, vc se deparou com alguma manchete de prisão de homossexuais como um modo de manter a "moral e os bons costumes"? apesar da década de 1980 ser marcada pelo início da redemocratização, você acredita que ainda havia muita repressão por parte do regime militar em relação aos homossexuais?

    Atenciosamente,
    Valdemir Cavalcante Pinto Júnior.

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    1. Olá, Valdemir. Respondendo a primeira pergunta: Sim, a linguagem depreciativa tinha duas origens em dado contexto, o primeiro estava no preconceito do próprio jornalista ao escrever a notícia, e o segundo está na tática de atrair o público através da linguagem depreciativa. Lembrando que é um período no qual a homossexualidade é motivo de gozação, zombaria. Muitas mídias reproduziama a mesma linguagem. As origens da depreciação são discutidas por Danilo Agrimani Sobrinho, no livro Espreme que sai sangue.
      Sobre a segunda pergunta, também respondo de modo afirmativo. Existem várias notícias do tipo. Na década de 1980 muitos homossexuais e travestis usavam a Praça da República, em Belém-PA, como espaço de trabalho e sociabilidade. A polícia realizava muitas campanhas, prendendo quem ousasse perturbar a "ordem" e o "bem estar da família paraense". Tais ditos são encontrados em alguns textos.

      Att.
      Pedro Antonio de Brito Neto

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  3. Parabéns pelo texto, vivi em Belém durante quatro anos conheci estas questões. Você acredita que estas questões em relação as noticias acerca dos casos de violências em relação aos LGBTs conseguem chegar no ambiente da sala de aula, como um fator de discussão ?

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    1. Acredito que toda discussão e válida. Considerando que o nosso país é um dos que mais matam ou violentam LGBTs e que, recentemente esteve em votação no STF a criminalização da homofobia, a conscientização para esse debate é necessária. Os impasses para tal discussão poderiam vir da direção escolar, coordenação pedagógica, dos próprios pais de alunos, crentes de que tal debate poderia causar ideias subversivas em seus filhos.

      Att.
      Pedro Antonio de Brito Neto

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  4. Boa noite! Pedro Antonio sua pesquisa é excelente, no que se refere a tocar em pontos em que a maioria tem certo receio de pesquisar. A forma como a comunidade LGBTQ+ foi tratada durante muito tempo é lamentável e representou um retrocesso muito grande para esses indivíduos. Porém infelizmente fora e dentro do campo acadêmico vemos ocasionalmente algumas situações desse mesmo modo se repetindo. Mas com base em sua pesquisa qual a sua opinião no que se refere as permanências e continuidades desse tema na sociedade atual (ano 2019)?

    Cordialmente, Antonia Stephanie Silva Moreira.

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    1. As transformações pelo qual a sociedade passa não acontecem de um dia para o outro. É válido considerar que muitas mudanças ocorreram na comunidade LGBT. A morte ou a violência de um LGBT, antes tratada como piada, hoje possui certa seriedade. Não é total, mas estamos caminhando, e conquistando esse respeito aos poucos. As continuidades são aspectos comuns na história. Hoje, apesar da violência sufocante contra a comunidade, parte desse alto número se explica pela visibilidade que hoje nos é dada.

      Att.
      Pedro Antonio de Brito Neto

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  5. Boa noite Pedro Antonio! Adorei a sua pesquisa, e algo me chamou atenção em relação a escassez de pesquisas sobre a História da homossexualidade nos anos finais da década de 70 no Pará. Dessa forma, você sabe dizer a causa desse ponto ? - Luana de Almeida ribeiro

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    1. Bom dia, Luana. A escassez se dá justo pela falta de produção sobre o período. Logicamente, o número de fontes sobre a homossexualidade em dado contexto também é escasso. Mas podemos encontrar alguns trabalhos antropológicos sobre o período. Peter Fry, por exemplo, realizou sua pesquisa em Belém, no ano de 1974, publicando no livro Para Inglês Ver: identidade e política na cultura brasileira. Milton Silva Filho trabalha a Festa da Chiquita, e sua origem remonta a década de 1970.

      Att.
      Pedro Antonio de Brito Neto

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  7. Olá Pedro! Parabéns pela sua pesquisa tão necessária atualmente para compreender o movimento de luta e resistência LGBTQ+. Durante a sua pesquisa, quais foram as suas hipóteses? Elas foram alcançadas?

    Nayrianne Rodrigues Alcântara Lopes

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    1. Olá, Nayrianne. Sua pergunta é muito divertida para mim, pois comigo ocorreu o inverso. O processo de elaboração das hipóteses ocorreu após eu ter contato com as fontes. Então antes que eu pudesse pensar em hipóteses para essa pesquisa, todas elas já estavam respondidas. Então, eu as elaborei para seguir a burocracia do trabalho acadêmico. Logo, parti do pressuposto da imagem negativa, considerando o período, o preconceito, a linguagem, e a falta de legislação.

      Att.
      Pedro Antonio de Brito Neto.

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