Hyago Lopes Farias e Nayrianne Rodrigues Alcântara Lopes


AS REPRESENTAÇÕES FEMININAS NOS CORDÉIS DA EDITORA GUAJARINA EM BELÉM DO PARÁ DURANTE A PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX


Introdução
O presente trabalho tem por objetivo compreender como as representações femininas são descritas nos cordéis nordestinos, distribuídos em Belém pela Editora Guajarina durante a primeira metade do século XX. Propõe-se a partir da temática de gênero, compreender a construção da representação das mulheres nos folhetos, analisando as críticas feitas pelos poetas às transformações vivenciadas por elas no período.
A principal fonte é a literatura de cordel, por permitir captar as mudanças do período estudado e como elas são percebidas pelos poetas. Para isso, foram utilizados os cordéis da Editora Guajarina que estão localizados no Acervo Vicente Salles do Museu da Universidade Federal do Pará. Os folhetos são decorrentes das pesquisas do Vicente Salles, coletados durante os seus anos de trabalho na área. 
Segundo Menezes Neto (2012), a Editora Guajarina tem o início de suas atividades em 1914, e em 1949 ocorre o fim dos seus serviços editoriais. Diante disso, o parâmetro cronológico adotado para este artigo é baseado nos cordéis que são indicados como fonte durante a pesquisa e no período de funcionamento da editora em Belém, uma vez que todos os cordéis analisados, foram publicados por ela. Embora, apenas quatro (4) dos nove (9) cordéis selecionados estejam datados, é possível compreender pela escrita dos poetas o contexto no qual estão inseridos.
A literatura de cordel como fonte de análise
No Brasil, a poesia de cordel tem a sua origem apresentada, de acordo com Curran (1973), em duas maneiras: a ação espontânea dos poetas populares de escrever e vender as poesias que anteriormente eram reproduzidas de forma oral e a adaptação à poesia das histórias em prosa trazidas por portugueses e espanhóis na segunda metade do século XIX. 

A literatura de cordel é escrita por poetas semianalfabetos, sabendo ler e escrever, mas com pouca escolaridade, é impressa nas pequenas lojas ou nas casas dos autores, vendida em feiras, barracas de livros, predominantemente no Nordeste, e posteriormente no Norte do Brasil. Conforme Santos (1987), é necessário que seja considerado o perfil social dos autores da literatura de cordel e os seus consumidores, quase sempre, homens, podendo ser identificados nas camadas mais populares da sociedade, com talento para contar histórias, que direcionam as suas narrativas à comunidade da qual eles fazem parte e reconhecem nas histórias retratadas as suas próprias experiências de vida.

A poesia de cordel não se restringe apenas a romances ou histórias do cotidiano, além disso, os poemas são considerados por pesquisadores da área: memória, documento e registro de acontecimentos nacionais. Curran (2001) discorre sobre o assunto e afirma que, são encontrados nos folhetos circunstâncias do dia a dia, nos quais os poetas narram episódios da sua comunidade, região e, até mesmo, mundiais, opinando sobre eles e transmitindo ao consumidor local as mensagens referentes a uma cultura nacional.

Assim, Pesavento (2006) considera que a verdade da ficção literária não está na revelação da existência real dos personagens e fatos narrados, mas em possibilitar a leitura das questões levantadas em suas respectivas temporalidades. Para o historiador, que utiliza a literatura como fonte, o que conta não é a autenticidade do fato, e, sim, os relatos que neles estão presentes. Ou seja, o texto literário não se apresenta apenas como algo próximo realidade que aconteceu, mas significa possibilidades, posturas de comportamentos e sensibilidades sobre os períodos históricos nos quais foram produzidos.

Diante disso, de acordo com Ferreira (2009) os cordéis, como produções literárias, tornam-se consideráveis fontes para a pesquisa histórica por expressarem valores, posicionamentos e circunstâncias, sendo vias de acesso para a compreensão de contextos sociais e culturais. É nessa direção que a análise dos cordéis, como fonte deste trabalho, é conduzida propondo uma discussão atrelada aos estudos sobre o tema, destacando as representações das mulheres pelos cordelistas da Guajarina nas primeiras décadas do século XX.

Os impactos dos ideais de modernidade sobre o comportamento feminino
Segundo Sarges (2010), a transição do século XIX para o XX, é marcada pelo processo de modernidade, vivenciada em diversas partes do mundo, sendo caracterizada pela industrialização da produção, pelo surgimento de novas formas de tecnologia e, ainda se observa a troca de antigos hábitos e ambientes por novos padrões de moderno. A sociedade brasileira passa por intensas transformações no espaço público e privado.

Nesse período, se sucede a legitimação da medicina através dos novos conhecimentos científicos que caracterizavam a profissão como essencial para resolver problemas encontrados no dia a dia. Santos (2009) destaca que, durante o século XIX, é iniciado o processo de institucionalização da medicina como criadora de um saber capaz de ordenar e orientar toda a sociedade, como na urbanização das cidades, no trabalho, nas ligações familiares e sobretudo nos corpos masculinos e femininos.

Belém, conforme Sarges (2010), desde a segunda metade do século XIX, vivenciou diversas transformações econômicas e sociais. Na virada para o século XX, a administração da cidade se moderniza, passando a ser preparada para funcionar como porto de escoamento da produção da borracha, o qual, nesse especifico momento, é um dos principais produtos da exportação nacional. O enriquecimento econômico proporciona a capital paraense investimentos que são encaminhados para área urbana, como na construção de prédios públicos, casarões de azulejos, praças.

Para Vieira (2015, p. 4) a higienização do espaço urbano em Belém foi preocupação de autoridades e intelectuais do período, para eles a ciência teria poder de reabilitar os ambientes e preparar o homem e a mulher para viver com “honestidade” e “sem vícios”.

Em face dessas transformações, torna-se essencial reformular a família brasileira para adequá-la aos moldes modernos. Às mulheres são definidas funções que priorizavam o seu papel de mãe, tornando-a indispensável para a educação e higienização dos filhos. 

Historicamente, o papel da mulher esteve ligado a esfera privada, baseado em crenças biológicas que determinavam a elas funções como, casar, gerar filhos, educa-los para serem bons cidadãos e zelar pelo cuidado do lar. Maluf e Mott (1998) compreendem que o papel primordial a ser exercido pela mulher, na transição do século XIX para o XX, era o de esposa, mãe e dona de casa. Essa idealização correspondia ao que era disseminado pela Igreja, orientado pelos médicos e legitimado pelo Estado.

Nas primeiras décadas do século XX, segundo Rocha (2011), os ideais de modernidade vindos da Europa e incorporados pelo Brasil promoveram, a urbanização dos ambientes, a modificação dos costumes e a disseminação da educação formal. Esse cenário propiciou mudanças no comportamento feminino, as mulheres começam a circular no meio urbano, passam a ir aos passeios, teatros, chás e bailes. A imagem feminina é construída em uma conjuntura de mudanças, tais como no vestuário, no penteado, na maquiagem e, principalmente, na forma em que se apresentam para a sociedade.

Diante disso, há a reafirmação dos modelos ideais de feminino, obtendo destaque a educação formal para as mulheres e a promulgação dos códigos de condutas. Conforme Rocha (2011, p. 4) os “livres-pensadores”, nome dado aos intelectuais e filósofos do período, defendiam a educação formal feminina, em que privilegiasse a preparação para a vida doméstica, estabelecendo a modelo de esposa e mãe apta para conduzir o lar, dedicando-se a saúde dos filhos e dos membros da família. A educação formal das mulheres, nesse período, é compreendida como forma de frear as mudanças do comportamento disseminadas pelas ideias modernas.  

Podendo ser observado no Código Civil de 1916:
                                              
“Art. 233. O marido é o chefe da sociedade conjugal.
Compete-lhe:
I. A representação legal da família.
II. A administração dos bens comuns e dos particulares da mulher, que ao marido competir administrar em virtude do regime matrimonial adaptado, ou do pacto antenupcial.
(...)
IV. O direito de autorizar a profissão da mulher e a sua residência fora do tecto conjugal.
V. Prover à manutenção da família, guardada a disposição do art. 277.

Art. 242. A mulher não pode, sem autorização do marido (art. 251):
I. Praticar os atos que este não poderia sem o consentimento da mulher.
II. Alienar, ou gravar de onus real, os imóveis de seu domínio particular, qualquer que seja o regime dos bens.
III. Alienar os seus direitos reais sobre imóveis de outra.
IV. Aceitar ou repudiar herança ou legado.
V. Aceitar tutela, curatela ou outro munus público.
VI. Litigiar em juízo civil ou comercial, anão ser nos casos indicados nos arts. 248 e 251.
VII. Exercer profissão .
VIII. Contrair obrigações, que possam importar em alheação de bens do casal.
IX. Acceitar mandato.
(BRASIL, 1916)”

O Código Civil estabelece regras a serem seguidas por homens e mulheres. Assim, segundo Maluf e Mott (1998, p. 375) ao homem é dada a função de “chefe da sociedade conjugal”, e a ele compete, por exemplo, a administração dos bens comuns dos cônjuges e dos particulares da esposa, evidenciando a dependência e subordinação da mulher ao chefe da família; já a esposa foi apresentada como incapaz de exercer “determinados atos civis”, sendo comparada as suas limitações com as dos índios, pródigos e menores de idade.

Para as autoras, o Código definiu o papel de cada um dos cônjuges, e como eles deveriam ser apresentados socialmente, caracterizando um conjunto de normas com deveres e obrigações que deveriam ser seguidas afim de garantir a composição familiar. Desse modo, a cada integrante do matrimônio deu-se tarefas distintas, sendo notória a preocupação do Estado em manter cada integrante da sociedade matrimonial em seus devidos papéis, sendo uma forma de controle no ambiente civil.

“De uma moça seminúa andar mostrando na rua, o sováco, a perna e o seio”: a mulher melindrosa   
“Depois de tanta mudança,
A mulher perde a esperança
da cabelleira, da trança,
que a tornava mais bonita;
Hoje não tem mais desvelo,
(...)
manda cortar o cabello
para ficar mais catita.    
Uma fita cor de rosa,
salto alto, melindrosa,
parece ficar formosa
a moça que quer beleza !
Está vestida decente
admira toda gente,
ficam vergadas p’ra frente”
(AMARAL, s/d. p. 4)
               
Firmino Amaral, no cordel Bataclã, demonstra a sua aversão aos novos comportamentos femininos. O discurso do poeta é recorrente entre os setores mais conservadores da sociedade no início do século XX. As mudanças das mulheres, principalmente na aparência, incomodaram àqueles que defendiam o dever das posturas femininas serem recatadas e discretas.

O termo melindrosa está associado as mudanças na imagem feminina durante o início do século XX, que com base nas mulheres europeias, principalmente francesas, mudam os cabelos, as roupas e a forma de se mostrar na sociedade. Segundo Vaquinhas (2016) a origem da expressão melindrosa está na personagem criada pelo caricaturista brasileiro J. Carlos, em 1920. O termo se torna mais conhecido após a publicação do romance Mademoiselle Cinema, do autor Benjamim Costallat, em 1922.

Conforme Cunha (2009, p. 6), as melindrosas de J. Carlos são apresentadas como joviais, frequentemente fumando, com os cabelos e vestidos curtos, quando o vestido não é “exageradamente” curto, é feito com tecidos de material leve e solto. A nova postura visual das mulheres é importante para o rompimento com os antigos padrões de feminilidade, as melindrosas são muitas vezes vistas como masculinas por usarem cabelos “rente ao pescoço”, fumarem, dirigirem automóvel, muitas vezes usavam calças, aparecem no espaço público.

Além da imagem, outra característica das melindrosas era a sua presença no espaço público. Nesse momento, é possível perceber que as mulheres passam a frequentar, cafés, teatros, bales, ambientes esses que antes não poderiam ser ocupados por elas, visto a sua obrigação com os afazeres e responsabilidades do lar.

Sobre a presença das mulheres no meio urbano, o cordelista João Martins Athayde versa:
“No tempo que nos estamos
Ninguem faz mais distineção,
Entre a mulher meretriz
Ou a que é do salão,
Se todas andam iguaes
Escandalosas demais,
Veja que devassidão.
Esta escandalizado
As mulheres pelas ruas,
Nos bailes pelos theatros,
Mal vestidas, quase núas
Não tem mangas no casaco,
(...)
Devia haver uma lei
Que puzesse um paradeiro
A tanta imoralidade
Que se vê no mundo inteiro
(ATHAYDE, 1927. p. 8)

Embora a presença das mulheres no espaço urbano causasse espanto nos anos 20, é preciso atentar que as mulheres das classes mais pobres já estavam inseridas nesse ambiente desde as últimas décadas do século anterior.

Matos e Borelli (2013, p. 127) destacam que desde a última década do século XIX, quando se acentua no Brasil os processos de “modernização”, a presença das mulheres nos trabalhos, nas cidades e nas fabricas, é identificada. A participação das mulheres nesses ambientes foi determinante, haja vista que alguns estabelecimentos levavam o nome das proprietárias. É perceptível também, a presença feminina no comércio de rua, vendendo verduras, frutas, flores, legumes, batatas, cebolas, pão entre outros produtos.

Cancela (1997, p. 29) ressalta que na transição do século XIX para o XX, Belém passou por transformações no cenário urbano. Nesse momento, as mulheres passam a ser mais vistas nas ruas, andando sozinhas ou não, “brancas, mamelucas ou negras, filhas de famílias pobres ou sem família alguma”, viviam no espaço urbano, trabalhando e se divertindo.

As mulheres da elite brasileira, inspiradas, principalmente, nas francesas, começam a frequentar novos ambientes e a ter posturas que surpreendem os mais conservadores, Rocha (2011, p. 7) afirma que a “fragilidade moral” das mulheres era observada como o motivo delas aderirem aos novos comportamentos, tornando-se uma melindrosa. As novas posturas femininas nos ambientes públicos, como exemplo dançar, cantar, fumar e se maquiar tal como a moda ilustrava, eram vistas como formas contrárias ao que se esperava de uma mulher ideal.

Dessa forma, Trindade (1995, p. 42) compreende que em Belém, ocorre a busca pela cultura “europeizada”, estimulando as novas formas de se pensar a urbanização nas aéreas mais centrais da cidade, assim surgem os Boulevards, as praças e os cafés, como espaços de sociabilidade mais frequentados pela elite. O projeto de modernização determinou a “adequação” dos lugares para os diferentes indivíduos, ou seja, a área central da cidade deveria estar reservada para as famílias ricas tradicionais. A presença das mulheres floristas, domésticas e meretrizes nesses espaços causava repulsa as damas da sociedade, as quais acreditavam que elas “feriam os ouvidos da humanidade com termos impróprios para a bela cidade”.  

“A mulher quando é boa é uma santa verdadeira”: a mulher ideal
“Mulher é um objeto
que nasce por excellencia,
é o coração do homem
e a flor da existencia,
também quem a possuir
tenha santa paciencia.
Se não houvesse a mulher
era preciso fazel-a,
uma casa sem mulher
não há quem deseje vel-a,
é como um dia sem sol
uma noite sem estrela
Da mulher veiu a belleza,
da belleza a sympathia,
da sympathia o amor,
do amor a cobardia ;
a mulher faz tudo isso
para ter mais poesia.”
(BARROS, 1932. op. cit. p. 1, 2 e 3)

No trecho do cordel acima de 1932, Leandro Gomes de Barros versa sobre a função social da mulher e suas caraterísticas idealizadas de beleza e recato. O cordelista é um dos principais nomes da poesia de cordel. Segundo Mendes (2009, p. 63), Leandro Gomes de Barros é considerado “patrono” da literatura popular em verso no Brasil.

Desde o início do século XX, segundo Nascimento (2006), o cientificismo-higianismo propiciou o controle médico sobre a família com o intuito de disciplinar a sociedade, orientando e ordenando a vida na cidade, no domicilio, no trabalho, na família e nos corpos. O discurso médico fiscalizava os lares e as suas formas de higienização, sendo responsabilidade da mulher a saúde da família.

Portanto, foi necessário construir a imagem feminina nos parâmetros desse discurso. Nascimento (2006, p. 84) afirma que serão colocadas como virtudes para as mulheres, nesse momento, a sua inferioridade em relação ao homem com base nas suas “faculdades afetivas”, a fraqueza, a sensibilidade, a doçura, a castidade, o recato e a submissão.

Para Pinsky (2012, p. 472), não há dúvidas de que a mulher estava destinada a se casar e a ter filhos, considerando a família o seu alvo principal de vida. Na virada para o século XX, houve um amplo esforço para enquadrar, por meio de normas, o comportamento feminino, “demarcando o lugar da mulher” e, assim estabelecer que “tipo de mulher” seria digna de respeito social, desse modo, a imprensa se dedicou em traçar o perfil da “mulher ideal do novo século”.

A autora também ressalta que embora as mulheres circulem pelas ruas, por causa das suas obrigações sociais, o lar é representado como espaço de maior satisfação e razão de viver, elas deveriam ser submissas as suas condições, não buscando mudá-las, mesmo porque sabiam que os espaços públicos e o universo da política eram destinados aos homens. A mulher ideal é a filha obediente, esposa submissa, mãe dedicada, temente a Deus, virtuosa, recatada e não faz nada que manche a sua reputação.

Em Belém, nos finais da década de 1920, segundo Martins Junior (2010, p. 39) as mulheres da elite e das classes médias também são vistas pelos mais conservadores da cidade como frágeis, devendo cultivar as suas características de “boas senhorinhas”, serem delicadas e alheias as temáticas que não lhes eram pertinentes. Esses valores eram disseminados por todo país de Norte a Sul.  

Considerações Finais
Ao assumirem papéis e posturas, antes inimagináveis, as mulheres passam a ser duramente criticadas pelos meios de comunicação e a pela literatura de cordel. Nesse contexto, os cordelistas nordestinos criticam os novos comportamentos femininos de forma dura, não aceitando que as mulheres ocupem outro espaço que não sejam o familiar. Diante disso, observa-se através da análise das críticas contidas nos cordéis da Editora Guajarina, que há nelas a reprodução dos valores tradicionais específicos de uma classe mais favorecida, no qual grande parte dos autores não pertenciam a essa realidade social, o que causa a circularidade cultural. Portanto, embora não haja como medir os impactos das críticas feitas pelos poetas na cidade de Belém, é possível concluir que os valores tradicionais da elite estão de tal maneira enraizados na sociedade que passam a ser reproduzidos pela literatura a fim de controlar essas transformações e definir lugar da mulher como inferior ao homem.  

Referências
Hyago Lopes Farias é graduado em Direito pela Faculdade de Castanhal e pós-graduando em Direito Público, Constitucional, Administrativo e Tributário. 

Nayrianne Rodrigues Alcantara Lopes é graduada em História pela Faculdade de Castanhal e pós-graduanda em História e Cultura Afro-brasileira.

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5 comentários:

  1. Parabéns pelo texto! Muito bacana a pesquisa sobre a litertura de cordel. Considero que os historiadores tem explorado ainda timidamente o copus documental que o cordel proporciona. Me chamou a atenção o cordel de João Athayde sobre a mulher que ele vê na rua e nos salões. Ele esta atordoado com a possibilidade de uma possível homogeneização entre os tipos femininos e expressa uma irritação em seu verso. O ressentimento é direcionado ao femininino, percebam que ele generaliza a crítica e responabiliza todas as mulheres por essa "devassidão" nos costumes. É possivel interpretar esse cordel tão ressentido como uma misoginia? Os homens são criticados quanto aos novos costumes? Outro ponto que também gostaria de destacar é que o cordel tem uma afinidade muito grande com o humor, com a sátira. Especificamente nos cordeis citados vocês perceberam algo nesse sentido? É algo pra refletir.
    Mara Lígia Fernandes Costa

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá Mara Lígia, tudo bem com você? Obrigada pelo seu questionamento e por proporcionar a nós autores outras reflexões.

      Sim, é possível interpretarmos a visão dos poetas como misóginas. Pois, para eles, as mulheres estarem em ambientes que vão além do familiar, estarem se divertindo, bebendo, fumando, dirigindo é uma afronta a aquilo que foi "destinado a elas". Esse "destino" está ligado a esfera do lar, da família e da submissão ao pai e ao marido. É importante destacar que esses cordéis explanados no texto foram feitos no nordeste e distribuídos pela editora Guarajarina em Belém do Pará, ou seja, o cordel também reflete o patriarcalismo tão presente na cultura nordestina durante a primeira metade do século XX.
      No decorrer da pesquisa foram analisados 30 cordéis e selecionados 9 como fonte, desses 30 não foi encontrado nenhuma critica direta aos homens e sim ao contexto de transformações. Sem dúvida, o principal alvo das criticas mais duras são as mulheres que decidem viver essas mudanças.
      Sim, percebemos a presença nos cordéis analisados, embora a sátira seja uma característica da literatura de cordel, os autores se utilizam dela para reforçar as ideias preconceituosas sob as novas posturas das mulheres.
      Obrigada novamente!

      Nayrianne Rodrigues Alcantara Lopes.

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  2. Parabéns Nayrianne e Hyago pelo excelente trabalho!

    O trabalho de vocês apresenta uma perspectiva diferente sobre análise dos documentos históricos. Nesse sentido, quais foram as dificuldades encontradas por vocês ao longo da pesquisa?

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