Fellipe Castanheira Soares e Shayane Martins Rodrigues Gomes


GÊNERO E ENSINO DE HISTÓRIA: UM DEBATE SOBRE A QUESTÃO DA MULHER ATRAVÉS DE CARTAZES SOVIÉTICOS



Introdução: As mulheres e a História
“Evidentemente, a irrupção de uma presença e de uma fala femininas em locais que lhes eram até então proibidos, ou pouco familiares, é uma inovação do século XIX que muda o horizonte sonoro. Subsistem, no entanto, muitas zonas mudas e, no que se refere ao passado, um oceano de silêncio, ligado à partilha desigual dos traços, da memória e, ainda mais, da História, este relato que, por muito tempo, “esqueceu” as mulheres, como se, por serem destinadas à obscuridade da reprodução, inenarrável, elas estivessem fora do tempo, ou ao menos fora do acontecimento” (PERROT, 2005, p. 9).

Este texto tem como objetivo refletir sobre o protagonismo de questões relacionadas à mulher nos conteúdos do Ensino de História, e consequentemente, oferecer caminhos e possibilidades que proporcionem o debate em sala de aula sobre o lugar do gênero feminino na sociedade, visando desconstruir estereótipos e opressões historicamente construídas.

Conforme afirmam Colling e Tedeschi (2015, p.296), desde que a História passou a existir como disciplina científica, por volta do século XIX, o lugar da mulher dependeu das representações formuladas pelos homens, que foram por muito tempo os únicos historiadores oficiais, escrevendo a história do ponto de vista masculino como universal. Neste sentido, o papel da mulher acabou relegado ao silêncio e invisibilizado, como apontado por Michelle Perrot, autora de “As mulheres ou os silêncios da história”. A historiadora francesa, tida como uma das fundadoras do campo historiográfico denominado “história das mulheres”, empreendeu em seu trabalho o esforço de trazer para o lugar central das narrativas históricas grupos e sujeitos historicamente excluídos, como o caso das mulheres, em um contexto de profundas mudanças nos paradigmas históricos, com o advento da terceira geração dos Annales, que ampliou o olhar para novos objetos e temas de estudos, e também, em uma década de ascensão do movimento feminista no mundo ocidental. 

No entanto, apesar dos avanços conquistados neste âmbito nas últimas décadas do século XX, consideramos a presença e o protagonismo feminino no campo da História ainda muito aquém do necessário para a construção e o alcance de uma sociedade com igualdade de gênero. Se nos voltarmos para pensar a História enquanto disciplina escolar, podemos também perceber tal insuficiência, apesar das recentes orientações curriculares que buscam estimular a introdução da questão de gênero no ensino. O trabalho de Mistura e Caimi (2015) ao analisar a presença/ausência das mulheres nos livros didáticos constata que “a representação do gênero feminino é parca na maioria dos livros”, e também que “as mulheres são apresentadas de forma homogênea em várias obras e são ignoradas por completo em muitas outras” (p.243). As autoras acrescentam ainda que mesmo incorporando mais figuras femininas aos conteúdos, especialmente em espaços públicos, estas ficam restritas a um grupo generalizado – nas questões de inclusão de seu direito de voto – ou em um grupo muito específico e representativo – nas mulheres ícones de movimentos artísticos, por exemplo. Quando de fato são incluídas nas discussões, as mulheres ainda figuram nas bordas e margens das produções didáticas, em quadros específicos e em situações pontuais, sem evidentes impactos sobre os processos históricos.

Sendo assim, concordamos com Colling e Tedeschi (2015), ao destacarem a importância da abordagem da questão de gênero no âmbito escolar:

“Pensar, discutir, escrever, falar sobre as relações de gênero junto  com  o  ensino  da  história  é  uma  tarefa  urgentíssima.  Se entendermos que é necessário modificar a cultura em relação ao que pensamos sobre os papéis sociais dos homens e das mulheres, dois lugares de mudança de mentalidades são fundamentais: o lar, no qual meninos e meninas recebem as primeiras noções do que é ser homem/ser mulher e o papel que cabe a cada um(a) na sociedade; e a escola, onde as desigualdades de gênero são plantadas ou reafirmadas.” (COLLING;TEDESCHI, 2015,  p.299)

A partir desta problemática exposta, propomos discutir aqui caminhos e possibilidades que contribuam para sua superação, inserindo o debate sobre gênero nas aulas de História. No entanto, chamamos atenção, como aponta Tedeschi (2003, p.2) que a introdução da questão de gênero no ensino de história não deve “acoplar a questão feminina como questão exótica à parte”. O que é interessante, segundo o autor, é enxergar a mulher na história integrada aos processos históricos, pois a mesma não esteve a parte deles, mas foi sim excluída da historiografia oficial durante muito tempo.

Neste sentido, nossa opção neste trabalho será de apresentar a temática da Revolução Russa, que aparece como conteúdo curricular no 9º ano do ensino fundamental e também no 3º ano do ensino médio, como um item com enorme potencialidade para promover discussões sobre igualdade de gênero, direitos das mulheres e protagonismo feminino na História.

A mulher na Rússia revolucionária
O processo revolucionário russo de 1917 que culminou com a vitória dos bolcheviques e a construção da URSS, o primeiro Estado Socialista de toda história, foi marcado, dentre outras coisas, por uma intensa participação feminina no movimento, em uma época que a condição de opressão sobre as mulheres por todo mundo era ainda mais acentuada que nos dias de hoje. A proposta de uma sociedade revolucionária, derrubando o capitalismo e construindo o socialismo, passava também pela busca de uma nova posição social da mulher, que a colocasse em condições de igualdade perante aos homens, participando da política, do trabalho e da vida pública.

A importante participação feminina na Revolução Russa é perceptível desde a sua primeira etapa, em março de 1917, momento que resultou na queda do czar e na formação de um governo provisório. Foi no dia 8 de março - Dia Internacional da Mulher - que uma greve de mulheres operárias, seguida de manifestações por diversas partes do país, alastrou o movimento que iria derrubar a monarquia czarista (HOBSBAWN, 1995, p.67). Assim, após a revolução, o dia 8 de março passava a ser comemorado na Rússia e em outras partes do mundo, como Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras, sempre buscando lembrar a importância  das mulheres no processo revolucionário russo e também sobre a necessidade de se lutar pela igualdade de gênero. (GONZÁLES, 2010)

Neste sentido, os primeiros anos após o triunfo revolucionário de 1917 marcam um momento de intensa organização das mulheres russas. Em 1919 foi criado o “Jenotdel”, o departamento de mulheres do Partido Comunista, tendo como uma de suas lideranças mais proeminentes Alexandra Kollontai, uma das figuras mais importantes do processo revolucionário. O objetivo de Kollontai e das revolucionárias russas seria construir a Nova Mulher, entendida como a mulher emancipada, livre das amarras opressoras do patriarcado, dos serviços domésticos, do analfabetismo, da religião e da despolitização. E, nestes aspectos, a revolução comunista abriria o horizonte para que se alcançasse tais objetivos. (SENNA, 2017, p.105)

A demanda da luta pela igualdade de gênero e da emancipação feminina no contexto pós revolucionário se estendia também a outros membros do partido bolchevique, inclusive seu principal dirigente, Lenin, que afirmava que “enquanto as mulheres não forem chamadas a participar livremente da vida pública em geral, cumprindo também as obrigações de um serviço cívico permanente e universal, não pode haver socialismo, nem sequer democracia integral e durável” (LENIN apud SENNA, 2017, p.105). Sendo assim, sair do ambiente doméstico e participar dos espaços públicos, discutindo ideias e questões políticas era um fator determinante para a emancipação feminina, e que deveria se tornar uma pauta do partido.

A participação feminina na Revolução Russa de 1917 abriu espaço para um crescente número de direitos e liberdades que foram conquistados, e que expandiram-se pelo menos durante as duas primeiras décadas da União Soviética, conforme mostra a obra de Wendy Goldman “Mulher, Estado e Revolução”. Neste período foram tomadas diversas medidas que buscavam proporcionar a igualdade entre os homens e as mulheres, como por exemplo,  o direito das mulheres ao divórcio, ao casamento civil, ao aborto e a votarem e serem votadas, além do acesso à educação de forma igualitária e a equiparação dos salários entre os gêneros. No entanto, era preciso avançar para além do âmbito formal, mais do que leis e decretos que propusessem a igualdade jurídica, fazia-se necessário convencer e propiciar às mulheres que participassem da vida pública. Assim, o partido bolchevique buscou solucionar tal questão com a criação de instituições públicas e gratuitas, como restaurantes e creches, que permitissem a mulher poder se desprender de suas obrigações domésticas historicamente construídas, tendo mais liberdade para ocupar os mesmos espaços que os homens ocupavam nas esferas políticas, econômicas e culturais.


Os cartazes soviéticos e a questão da mulher: possibilidades na aula de História
A propaganda foi uma das estratégias mais claras do convencimento da população quanto a revolução que estava sendo estabelecida na Rússia após 1917 e a nova sociedade que se buscava construir. Por se propor como algo totalmente inédito, o Estado Soviético precisava apresentar as novas ideias para o povo, e assim buscar convencê-los, visando transformar a consciência e a prática das pessoas.

Devido ao fato da Rússia ser uma nação majoritariamente analfabeta no início do século XX, sobretudo a população feminina, parte da estratégia de propaganda do discurso político dos revolucionários e revolucionárias bolcheviques se dava através do uso de imagens. Desta forma, “cartazes vivazes com formas simplificadas e com pouco ou nenhum conteúdo escrito conseguiam dialogar de maneira impactante e generalizada com a população” (SENNA, 2017, p.110). Parte significativa destes cartazes de propaganda soviética relacionava-se com as questões aqui discutidas, sobre a emancipação feminina, e buscavam transformar a mulher  russa, ao mesmo tempo, em público e representação, a fim de convencê-la a ocupar novos espaços na sociedade e participar ativamente da vida pública e da política.

No campo da História, desde os Annales, quando se ampliou a noção de documento, as imagens assumiram papel preponderante enquanto fonte histórica. No âmbito do ensino, devemos destacar que o uso de imagens é uma realidade cada vez mais presente nas salas de aula nas últimas décadas. Conforme aponta Fonseca (2003, p.163), esta opção metodológica é fruto do processo de crítica ao uso excessivo de fontes unicamente textuais e tradicionais, e da exclusividade do livro didático como ferramenta da prática de ensino de História.

Porém, de acordo com Bittencourt (2005, p.353), o uso de imagens nas aulas de História deve vir acompanhado de certo rigor metodológico, para que não sejam usadas apenas como recurso atrativo ou ilustrativo, como aparecem em muitos livros didáticos. Segundo Peter Burke (2004),  as imagens não são apenas simples reflexos de suas épocas, mas também extensões dos contextos sociais em que foram produzidas, logo, devemos submetê-las a uma cuidadosa análise, principalmente de seus conteúdos mais subjetivos. Por isso é necessário que se tenha o máximo possível de informações sobre o objeto iconográfico, realizando uma leitura crítica, buscando perceber quais as intenções contidas, como e quando foi produzido, sua finalidade, seus significados e valores para a sociedade que o produziu, etc.

Sendo assim, para finalizar o objetivo deste trabalho, apresentaremos a seguir sugestões de atividades envolvendo alguns cartazes soviéticos produzidos nas duas primeiras décadas após a Revolução de 1917, e que tiveram como foco a questão da emancipação da mulher e a discussão sobre seu lugar na sociedade, possibilitando assim, a inserção do debate sobre gênero nas aulas de História. Após a apresentação das imagens, proporemos um possível roteiro de análise e apontamentos a serem feitos no diálogo com os estudantes, a fim de obter um melhor desenvolvimento na aula.

Imagem 1
Abaixo a escravidão da cozinha! Dê-nos uma nova existência!, Gregory Shegal, 1931

O cartaz acima pode começar a ser questionado através de parte de seu título “Abaixo a escravidão na cozinha!”. Propomos indagar aos alunos e alunas os motivos que acreditam justificarem este título, a partir do que vêem na imagem. O objetivo deve ser perceber e discutir os fatores limitantes a mulher em uma sociedade que deposita apenas nelas as “obrigações do lar”, como por exemplo, as tarefas da cozinha.

Em seguida, olhando para a imagem e mediante a parte complementar do título do cartaz “Dê-nos uma nova existência!”, buscaremos responder a seguinte questão: o que é apresentado para a mulher de vestimenta azul, que realiza as tarefas domésticas, por meio da porta que é aberta pela mulher de roupa vermelha? Na imagem podemos observar prédios, que caracterizam um ambiente urbano, contendo placas que indicam “clube”, “cafeteria” e “berçário”. Desta forma, o cartaz visava estimular a mulher a abandonar suas tarefas domésticas e adentrar o espaço público.


Imagem 2
Isto é o que a Revolução de Outubro deu às mulheres trabalhadoras e camponesas, autor desconhecido, 1920

O título deste cartaz deixa bem claro que se trata das conquistas obtidas pelas mulheres após a Revolução de 1917. A mulher retratada aponta em direção a uma biblioteca, uma cafeteria, um clube de trabalhadores e uma escola. A partir desta fonte, é possível debater os direitos legais que a primeira constituição soviética permitiu às mulheres, como por exemplo, a liberdade para estudar e trabalhar.

Imagem 3
8 de março - dia de insurreição das trabalhadoras contra a escravidão na cozinha,  B. Deykin, 1932

Este cartaz comemorativo do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, expõe mais uma vez o termo “escravidão na cozinha”. Na imagem, é possível ler “8 de março - dia de insurreição das trabalhadoras contra a escravidão na cozinha”. O primeiro ponto a ser destacado deve ser o da data, que se consolidou como um dia comemorativo das mulheres do movimento operário em princípios do século XX. A partir desta informação, é possível promover um debate com os estudantes sobre o significado do dia 8 de março no Brasil e no mundo atual, relacionando-o com seu significado no passado, sobretudo na sociedade soviética, onde era tratado como pontapé inicial da revolução e responsável pelo início da luta pela emancipação feminina das tarefas domésticas.

Posteriormente, observando a imagem, podemos questionar qual a representação da mulher empunhando uma bandeira vermelha ao estender a mão para ajudar a que está caída? A mensagem é uma explícita propaganda do partido, de que a emancipação da mulher apenas seria alcançada com o engajamento na construção do comunismo. Chama atenção também, o estímulo a coletividade entre as mulheres, convocando-as a estarem unidas na construção de um futuro melhor.

Considerações Finais
Nosso objetivo aqui não foi o de realizar uma profunda análise sobre nenhum dos assuntos expostos, mas sim de refletir sobre a necessidade de se abordar questões relacionadas ao gênero nas aulas de História, tendo em vista que este debate se faz extremamente necessário atualmente. Desta forma, buscamos propor, a partir de uma temática que compõe o currículo de História no ensino básico, algumas atividades possíveis a serem desenvolvidas em sala de aula relacionadas à questão de gênero.

A escolha do tema foi motivada por um trabalho desenvolvido no estágio supervisionado de prática de ensino, que envolveu os conteúdos aqui expostos, sobre a questão da mulher no contexto da Revolução Russa, e também, de discussões particulares dos autores sobre o assunto, motivados por leituras diversas e a busca incessante da superação das desigualdades de gênero.

Por fim, devemos ressaltar, a fim de esclarecimento e para se evitar confusões, que o debate sobre emancipação feminina na Rússia soviética, apesar de ter apresentado avanços e conquistas, como os já citados, não significou o fim das condições de opressão sobre a mulher e tão pouco o alcance da igualdade perante aos homens. Este foi um desafio que se fez presente ao longo de toda existência do primeiro Estado Socialista da História, e ainda se faz, em nossas sociedades contemporâneas.

Referências

Fellipe Castanheira Soares, bacharel e licenciado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Shayane Martins Rodrigues Gomes, bacharel em Ciências Biológicas e licencianda do mesmo curso pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

BITTENCOURT, Circe M. F. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo; Cortez Editora, 2005.

BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Florianópolis:
Edusc, 2004.

COLLING, Ana Maria; TEDESCHI, Losandro Antonio. O ensino de história e os estudos de gênero na historiografia brasileira. História e Perspectivas, Uberlândia n.53, p. 295‐314 , jan./jun. 2015.

FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino: experiências, reflexões e aprendizados. Campinas: Papirus, 2003.

GOLDMAN, Wendy. Mulher, Estado e Revolução: política familiar e vida social soviéticas, 1917-1936. – 1. Ed. – São Paulo: Boitempo : Iskra Edições, 2014.

GONZÁLES, Ana Isabel Álvarez. As Origens e a Comemoração do Dia Internacional das Mulheres. Editora: Expressão Popular e SOF – Sempreviva Organização Feminista, 2010.

HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

MISTURA, Letícia; CAIMI, Flávia Eloisa. “O (não) lugar da mulher no livro didático de história: um estudo longitudinal sobre relações de gênero e livros escolares (1910-2010)”. Aedos, PortoAlegre, v. 7, n. 16, p. 229-246, Jul. 2015.  Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/aedos/article/viewFile/57019/34356

PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru: Edusc, 2005.

SENNA, Thaiz Carvalho. A questão da representação feminina nos cartazes soviéticos - algumas questões. História e Cultura, Franca n.6, p.103-125, mar.2017. Disponível em: https://ojs.franca.unesp.br/index.php/historiaecultura/article/view/1977/1920

TEDESCHI, Losandro Antonio. A invisibilidade da Mulher no ensino de História. In: IX Jornada de ensino de História, Ijuí, 2003.


2 comentários:

  1. Interessante o modo como os autores apresentam o trabalho realizado com as imagens, chamando a atenção para como a emancipação da mulher foi tratada no início do governo revolucionário na União Soviética. Observo que no material iconográfico apresentado no artigo é clara a intensão de marcar uma posição política em prol dessa emancipação. Gostaria de saber se os autores concordam com a afirmação de que seria possível a proposição de discussão em torno desse tema a partir da utilização de materiais iconográficos que, em sentido contrário desses que nos foi apresentado, excluam a figura feminina. Ou seja, elaborar uma discussão da condição política das mulheres a partir de sua ausência em material iconográfico, como por exemplo, a fotografia da posse dos ministros do governo federal brasileiro empossado em 12/05/2016.

    GUILHERME CYRINO CARVALHO

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  2. Olá, Guilherme. Agradecemos a pergunta.

    Sim, acreditamos ser perfeitamente possível elaborar uma discussão sobre a condição política das mulheres a partir de materiais iconográficos onde elas estão ausentes, sobretudo imagens relacionadas ao campo político. De acordo com as contribuições de Peter Burke (2004), que diz que as imagens podem ser evidências históricas de uma determinada realidade social, consideramos que a ausência de mulheres na fotografia citada como exemplo é bastante significativa, nos permitindo debater os limites da participação e representação da mulher no âmbito político brasileiro.

    Se pensarmos que as mulheres são a maioria da população em nosso país, possuem seus direitos políticos garantidos (formalmente) desde a década de 1930, mas ainda assim são sub-representadas na política nacional e não ocupam espaços de poder que possam intervir efetivamente na sociedade, a ausência encontrada na imagem mencionada é ainda mais reveladora da situação da mulher na sociedade brasileira.

    As representações são construídas a partir das nossas práticas sociais, logo, se a mulher não é legitimada e representada como sujeito histórico/político, devemos nos questionar o porquê disso. Assim, a sala de aula torna-se um importante espaço de reflexão sobre o tema, onde podemos instigar os alunos e alunas a pensarem e discutirem sobre o assunto.

    É importante ressaltar que nossa resposta é apenas um recorte dentro desse tema tão complexo e que, sem dúvidas, o debate não se esgota por aqui. Esperamos ter respondido sua questão. Abraços.

    FELLIPE CASTANHEIRA SOARES
    SHAYANE MARTINS RODRIGUES GOMES

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