“PELO QUE NÃO ME SURPREENDE QUE TANTAS BRUXAS SEJAM DESSE SEXO”: DESCONSTRUINDO A FIGURA DA BRUXA EM SALA DE AULA
A atuação da Santa Inquisição na história é uma temática polêmica, que envolve diferentes perspectivas de pesquisa. Neste breve texto, pretende-se refletir sobre a figura da bruxa ligada ao feminino, pensando as relações de gênero no medievo e início da Idade Moderna. Em sala de aula, o assunto pode ser problematizado com o uso e análise de fontes, buscando a desconstrução de estereótipos ligados a bruxa, enriquecendo a aprendizagem histórica.
As bruxas e os bruxos são personagens temidos há séculos, principalmente entre as crianças que ainda ouvem contos assustadores sobre essas figuras canibais, homicidas e horrendas; basta lembrar, por exemplo, da história de João e Maria. Nesse conto, as crianças precisam se livrar da inimiga que tem como objetivo final devorar os dois irmãos, mas que acaba sendo derrotada por eles ao morrer queimada em um forno.
Em meio ao mundo contemporâneo, há também referências que desconstroem a essência de crueldade dessas mulheres e homens ligados a prática mágica, como a famosa trama fílmica de Harry Potter, conhecida entre os adolescentes e cuja qual tem como protagonista o bom jovem bruxo. Entretanto, é inegável que a maioria dos exemplos de bruxaria que ouvimos desde a infância, é significativamente maior de mulheres, e que são principalmente ligados à maldade.
Com isso, essa temática provoca a atenção dos estudantes, incitando-os a trazer consigo diversos saberes prévios sobre a figura da bruxa, através de filmes, séries, músicas, livros, jogos, entre outros, que apresentam personagens distintas. Esse tipo de conhecimento é muito importante para aproximar os estudantes da aula e para fazer uma reflexão sobre como as representações da figura mudam de acordo com o interesse e acompanham a mudança do imaginário através da história.
“Paulo Freire, desde seus primeiros escritos dos anos 70, já considerava como ponto fundamental no processo de alfabetização de adultos o conhecimento que o sujeito cognoscitivo possui, a “leitura de mundo” imersa no pensamento de cada um. Cabe ao professor, na perspectiva freiriana, reconhecer e estabelecer um diálogo com esse conhecimento, porque os alunos estão sempre em um processo de aprender mais e não são absolutamente sujeitos acomodados; ademais, adverte-nos o grande educador, o conhecimento não é um dado imobilizado apenas transferido de um especialista para outra pessoa que ainda não o possui.” [BITTENCOURT, 2009, p.190]
Para explorar esse saber prévio, é interessante pedir aos estudantes que desenhem em uma folha uma representação da ideia de bruxaria. Pode-se notar, na maioria das vezes, diferentes desenhos mesclando os mesmos elementos: uma mulher idosa com um longo chapéu, vestimentas pretas, com uma verruga no nariz, voando em uma vassoura, solitária ou com seu fiel companheiro (o gato preto), o caldeirão em alguma parte do cenário e geralmente fazendo algo perverso, que tornam uma “bruxa reconhecível” por qualquer um, mesmo uma criança.
Após uma breve comparação dos desenhos feitos pelos alunos, pode-se anotar no quadro as principais características definidas para se pensar como esse modelo estereotipado foi pensado e popularizado, articulando diferentes contextos históricos e imaginários, principalmente buscando refletir porque a bruxaria foi tão ligada ao feminino.
Para problematizar a temática, é preciso remontar séculos atrás. A crença em práticas mágicas permeia a vida humana desde a Antiguidade. E, como afirma Laura de Mello e Souza [1987, p.11 -12], deste período em diante já é possível ligar a feitiçaria às mulheres. Exemplos como Hécate, Diana, Dama Habonda, entre outras tantas entidades, são famosos. Do louvor à perseguição, a feitiçaria foi considerada crime apenas a partir da baixa Idade Média, “onde a magia pagã se atrelou a práticas demonológicas, surgindo o Príncipe das Trevas como a divindade máxima a ser cultuada”. [MELLO E SOUZA, 1987, p.12]. Desde então, a Igreja não mais negaria sua existência, e seguiria seu rastro para poder puni-la, na qual a maioria das acusadas eram mulheres.
“Mal magnífico, prazer funesto, venenosa e enganadora, a mulher foi acusada pelo outro sexo de ter introduzido na terra o pecado, a desgraça e a morte. Pandora grega ou Eva judaica, ela cometeu a falta original ao abrir a urna que continha todos os males ou ao comer o fruto proibido. O homem procurou um responsável para o sofrimento, para o malogro, para o desaparecimento dado paraíso terrestre, e encontrou a mulher”. [DELUMEAU, 2009, p. 468]
O fim da Idade Média e o início da Idade Moderna foi acompanhado por diferentes crises, como aponta Jacques Le Goff (2007), abalando a segurança e as estruturas: houve problemas na agricultura e no sistema feudal, ascendeu a monarquia, estouraram guerras, a peste negra, a violência, a fome se disseminaram, houve o Grande Cisma, surgiram revoltas camponesas e urbanas, entre muitos outros eventos.
Com tantas provações ocorrendo, foi sustentada a crença na cólera divina e na ação demoníaca de novos inimigos, como feiticeiras, judeus, protestantes (Reforma Protestante), entre outros.
Assim, com vários agentes maléficos à solta, haviam ainda outros temores que assolavam a população, como a temida crença na vinda do Anticristo, o Apocalipse, o horror religioso ao pecado, entre outros, como afirma Delumeau [1989, p.61]. Dessa forma, havia um crescente medo das feiticeiras que, compactuadas com o demônio, poderiam causar grandes males, espalhando o medo e a morte na comunidade. Com essa situação, “o medo do Diabo gerou o medo das feiticeiras. O medo de ambos gerou a perseguição e o extermínio do inimigo visível: as bruxas”. [MACEDO, 2002, p.54]
“A obra que orquestraria essa perseguição das bruxas foi o Malleus Maleficarum, isto é, O Martelo das Feiticeiras, de dois dominicanos do vale do Reno e Alsácia, Jacó Sprenger e Henrique Istitoris. A obra apareceu reimpressa em 1486. Os dois autores situam o combate contra as feiticeiras numa visão dramática e apaixonada de sua época. Eles as vêem tomadas de desordens de todo tipo, em particular de desordens sexuais, e em posse de um diabo desacorrentado. O martelo das bruxas é um produto e um instrumento do que Jean Delumeau chamou de “cristianismo do medo”. No interior dessa nova intolerância, a crença aterrorizada numa alucinante prática de bruxarias, o Sabat, introduziu uma nota tão mais espetacular porque inspirava facilmente a iconografia. Uma Europa da perseguição às bruxas, uma Europa do Sabat tinha nascido.” [LE GOFF, 2007, p.235]
Segundo a historiadora Laura de Mello e Souza [1987, p.13], “foram os caçadores de bruxas que lhes desenharam o perfil aterrorizador, estereotipado nas denúncias e no corpo de processos laicos e eclesiásticos, nos manuais de inquisidores, nos tratados demonológicos”. A Inquisição medieval, embora já punisse os considerados heréticos, expande sua caça na Idade Moderna com extrema violência, principalmente em busca daqueles ligados à bruxaria.
Outro ponto importante sobre a época em questão, era a mistura cotidiana entre o sagrado e o profano que assolava a população, mesmo membros das igrejas. Eram comuns por parte das pessoas as simpatias, crença em poderes mágicos, fantasmas, e em divindades além da fé cristã.
Como afirma Francisco Bethencourt (2004, p.69), em seu livro “O imaginário da Magia: feiticeiras, adivinhos e curandeiros em Portugal no século XVI”: “esses procedimentos nem sempre se desligavam da ortodoxia católica, verificando-se algumas práticas “supersticiosas” que aproveitavam elementos do sagrado cristão para efetuar seus ritos considerados ilegítimos pela hierarquia da Igreja”. Esses ritos aos que autor se refere possuem diferentes finalidades, da cura à morte. Na época ainda, a regularização da medicina enquanto profissão rivalizava com as pessoas responsáveis pela cura nas comunidades através de produtos naturais, entre outros.
Nesse sentido, com a magia sendo algo tão próximo, suspeitava-se mesmo dos vizinhos quando algo de ruim acontecia na região. A morte de crianças, tempestades, pestes, entre outros, poderiam ser fenômenos atribuídos a “bruxaria”, causada pelos mais diferentes motivos. Assim, a inquisição era atuante nesses casos e precisava se fazer necessária. A seguir, um trecho encontrado no manual dos inquisidores Malleus Maleficarum (1476).
“Algum tempo atrás, uma cidade vinha sendo quase que totalmente despovoada pela morte de seus cidadãos; e corria um rumor entre os moradores: uma certa mulher, que fora queimada, vinha comendo gradualmente o manto com o qual fora queimada, e a peste não cessaria enquanto ela não comesse todo o manto e o absorvesse em seu estômago. Reuniu-se o conselho. O potestade e o governador da cidade decidiram abrir o túmulo. E verificaram que a bruxa morta engolia o manto, o qual, passando pela boca e pela garganta, descia até o estômago, onde era absorvido. Diante do quadro pavoroso, o potestade sacou de sua espada e decapitou o cadáver, retirando a cabeça do túmulo. Pois que de imediato a peste foi debelada. Os males provocados por aquela mulher, por permissão divina, haviam se abatido sobre os inocentes do lugar em virtude da dissimulação do que antes se sucedia. Pois por ocasião da Inquisição descobriu-se que há muito tempo a mulher já vinha praticando bruxaria.” [KRAMER, SPRENGER, 2009, p.185)
O que chama a atenção se tratando do período em questão, é número significativo de mulheres acusadas nos processos bruxaria, que segundo Peter Burke (1989, p. 189), era reforçado pelas tradições populares misóginas no qual frequentemente as mulheres eram retratadas como vilãs ardilosas. O livro Malleus Maleficarum, é repleto de passagens nas quais as mulheres são hostilizadas.
“E, com efeito, assim como, em virtude da deficiência original em sua inteligência, são mais propensas a abjurarem a fé, por causa da falha secundária em seus afetos e paixões desordenados também almejam, fomentam e infligem vinganças várias, seja por bruxaria, seja por outros meios. Pelo que não surpreende que tantas bruxas sejam desse sexo.” [KRAMER, SPRENGER, 2009, p.126]
Em outro trecho,
“[...] possuidoras da língua traiçoeira, não se abstêm de contar às suas amigas tudo o que aprendem através das artes do mal; e por serem fracas, encontram modo fácil e secreto de se justificarem através da bruxaria. Ver a passagem do Eclesiástico, já mencionada: “É melhor viver com um leão ou um dragão que morar com uma mulher maldosa”. “Toda a malícia é leve, comparada com a malícia de uma mulher”. E podemos aí editar que agem em conformidade com o fato de serem muitíssimo impressionáveis”. [KRAMER, SPRENGER, 2009, p.123]
Caso não fosse considerada virtuosa aos moldes religiosos, acreditava-se que “a mulher, inspiradora do desejo, é por excelência agente do mal, causa do desespero, da morte e da danação eterna” [MACEDO, 2002, p.69]. Sendo os homens apontados como vítimas da perfídia feminina muitas vezes.
“Boa parte do arsenal antifeminino dos teólogos e moralistas baseava-se na regra segundo a qual as mulheres levavam o homem à danação. Eram consideradas perigosas, frágeis, astuciosas, encrenqueiras, inconstantes, infiéis, e fúteis; sensuais, representavam obstáculo à retidão.” [MACEDO, 2002, p.68].
Em uma sociedade patriarcal, várias mulheres acusadas por crime de bruxaria, muitas vezes não se submetiam ao comportamento esperado, como é o caso daquelas que escapavam da tutela masculina, seja de algum membro da família ou mesmo do marido. Haviam vários estereótipos que cercavam a “bruxa”, como a velhice, tantas vezes representada na iconografia do período até os dias de hoje. A velhice juntada a outras características poderia agravar consideravelmente a situação da mulher acusada.
“Essa figura estereotipada da bruxa já se encontrava definida no início da Época Moderna. Mulheres sozinhas, solteironas ou viúvas constituíam a maioria das acusadas nos processos que se desenrolaram na Europa de então. Se fossem feias e velhas, a suspeita ficava ainda mais forte. Essa tendência em desprezar e condenar mulheres decrépitas constitui, segundo Delumeau, a vertente negativa do apreço renascentista pelas carnes duras das belas ninfas e das Vênus nuas. Não são poucas as representações pictóricas do período que retratam mulheres velhas desdentadas, descabeladas, de seios caídos e coxas flácidas voando em direção ao sabbat ou assessorando algum demônio nos suplícios infernais”. [MELLO E SOUZA, 1987, p.15]
É importante saber que a discussão historiográfica em torno da caça às bruxas é bastante vasta e variada, sendo fundamental apresentar diferentes perspectivas aos estudantes, principalmente porque muitas vezes o tema é entendido de maneira anacrônica. Assim, em relação aos estereótipos da bruxaria da idade moderna, no qual o feminino e o mau são frequentemente representados juntos, é interessante ressaltar que as fontes provêm, na maioria, da ótica masculina, que não era nem um pouco neutra.
Entretanto, para agregar a aprendizagem histórica, a análise de fontes é muito importante para que os alunos sejam produtores de conhecimento. Pode-se usar por exemplo, trechos da obra Malleus Maleficarum para refletir sobre o medo historicamente construído em torno do feminino, buscando captar as intenções da fonte. Pode-se perguntar aos alunos questões relativas ao contexto histórico, e outras como: “a quem se refere a passagem e quais são suas características? Por que e para quem se escreveu?”, com o objetivo de desenvolver a capacidade de análise e interpretação. Da mesma forma, deve-se juntamente com uma historiografia escolhida, mostrar diferentes posições ocupadas pelas mulheres e seus diferentes papéis, buscando afastar os estereótipos.
Em relação à bruxa, como medo historicamente construído, pode-se analisar suas características percebendo como se articulam com o imaginário da época, problematizando a figura da mesma ao longo do tempo. É significativo discutir as relações de gênero na época em questão, com foco nas mulheres que se encontravam à margem do modelo tradicional vigente e como isto impactava nas denúncias por bruxaria no contexto em questão.
Em tempos em que se discute muito a respeito das lutas feministas em busca de justiça social, é muito importante problematizar a construção de papeis sociais em sala, espaço de pluralidade de ideias e de diferentes realidades.
Finalmente, nesse brevíssimo texto, buscou-se refletir sobre como o imaginário do contexto era hostil as mulheres em certos aspectos, colocando-as como vulneráveis principalmente diante da ideia de pecado em uma sociedade patriarcal, sendo fundamental desconstruir vários dos estereótipos ligados ao feminino. Para isso, e não somente a respeito das mulheres, entende-se que a principal forma de alcançar este objetivo é por meio da educação, como um espaço de debate, produção de conhecimento e transformação da realidade.
Referências:
Anna Luiza Pereira é acadêmica do curso de História da Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR.
BETHENCOURT, Francisco. O imaginário da Magia: feiticeiras, adivinhos e curandeiros em Portugal no século XVI. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2009.
BURKE, Peter. A cultura popular na Idade Moderna: Europa, 1500 – 1800. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
DELUMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
_____________. Nascimento e Afirmação da Reforma. São Paulo: Pioneira, 1989.
KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. Malleus Maleficarum. O martelo das feiticeiras. Rio de Janeiro: Bestbolso, 2015.
LE GOFF, Jacques. Outono da Idade Média ou primavera de tempos novos? In: As raízes medievais da Europa. Rio de Janeiro: Vozes, 2007, p.220 – 274.
MACEDO, José Rivair. A mulher na Idade Média. São Paulo: Contexto, 2002.
MELLO E SOUZA, Laura de. A feitiçaria na Europa Moderna. São Paulo: Ática, 1987.
Oi, obrigada e parabéns pelo texto. Gostaria que você falasse mais a respeito da questão de como trabalhar no ensino também aliado a esse conteúdo, a reforma de costumes e o processo de instituição de novas práticas jurídicas no seio do Estado Moderno. Grata.
ResponderExcluirJeane Carla Oliveira de Melo
Parabéns pelo trabalho! Fiquei surpreso e interessado.
ResponderExcluirApesar das discussões sobre as mulheres acusadas de feitiçaria ser conhecida, não tinha pensado ou conhecido alguém com essa proposta no percurso escolar.
Creio que com o crescimento de séries como "O Mundo Sombrio de Sabrina", esse tema se tornará mais atraente aos estudiosos. Porém, preocupa-me que, ao mesmo tempo que valorize temas como sororidade e independência, o "satanismo" da série atrapalhe no diálogo com conversadores e religiosos. Por isso, como você pretende tratar essas questões das representações modernas da bruxaria, que certamente surgirão ao apresentar o tema da Idade Moderna? E se surgir reações negativas de um aluno ou responsável?
César Aquino Bezerra
Pergunta muito boa. Além disso, tem um movimento de bruxas modernas, principalmente nos EUA, mas também aqui no Brasil.
ExcluirE movimentos diversos, como as Wiccas, com concepções diferentes de magia/bruxaria/homem-natureza. Normalmente, e essas produções ajudam nisso, a imagem de bruxas/feiticeiras é alguém que usa uma varinha ou um espírito para realizar ações sobre si e seu redor.
ExcluirÉ realmente necessário perceber as continuidades das bruxas contemporâneas, mas igualmente as muitas diferenças da projeção da Idade Moderna.
Olá, César e Emerson! Obrigada!
ExcluirPara discutir sobre o processo de construção da figura da bruxa, como agente do mal, costumo refletir a partir do que se escreveu sobre elas ao longo do tempo. Por exemplo, na Idade Média e início da Idade Moderna, as bruxas foram muito associadas ao demônio e a luxúria, já no Iluminismo se tem estratégias diferentes que buscaram infantilizar essas personagens, embora certas características de como representá-la permaneceram. Se torna nítida a diferença dos adversários das bruxas com o tempo, com a mudança no imaginário, que dos manuais inquisitoriais passaram a habitar os contos de fada.
Quando trabalhei com a temática, incluí os contos dos irmãos Grimm (1812 e 1815), tentando fazer com que os alunos refletissem sobre o processo de um medo historicamente construído.
A respeito das representações contemporâneas, muitas delas aparecendo por meio do conhecimento prévio dos alunos, haverá uma série de representações distintas no qual a(o) bruxa(o) ocupa papeis diferentes, atuando hora para o bem e hora para o mal. Nesta hora é necessário articular questões como tempo, espaço, público destinado e a intencionalidade, principalmente quando tem como objetivo o entretenimento.
Mas sua questão em torno das representações contemporâneas, tão diversas, vale uma reflexão mais profunda. É um assunto muito interessante.
No meu estágio, também busquei refletir com as estudantes sobre as Wiccas, crença neopagã de várias vertentes, em que seus adeptos são conhecidos como “bruxos” e “bruxas”, sofrendo muitas vezes preconceitos relacionados aos estereótipos da bruxa da Idade Moderna.
Anna Luiza Pereira
Anna Luiza, entendi! Obrigado pela resposta e boa sorte na pesquisa! É muito interessante seu tema.
ExcluirObrigada, César!!
ExcluirMeu parabéns que lindo trabalho, "bruxas" esse esteriótipo acerca da mulher que se afunila no período medieval é um tema que me interessa bastante, e achei perfeita como vc abordou o tema ,adorei todas as citações , super pertinentes vc domina o tema. Parabéns mesmo.
ResponderExcluirA minha pergunta é a seguinte:
a)Podemos abordar dentro desse tema várias possibilidades para a retratar a misoginia sofrida até hoje por nós mulheres. O que vc indica (proposta) didaticamente pra ser trabalhado em sala de aula.
Atenciosamente,
Antônia Áurea da Silva Chaves
Ananindeua-Pará
aureaprincipe03@gmail.com
Olá, Antônia! Muito obrigada!
ExcluirQuando pensei o planejamento deste conteúdo para meu estágio no magistério, procurei visar conexões relevantes com o presente e encaixei nas discussões a questão dos feminismos.
Pensando os feminismos e suas diferentes vertentes, busquei inserir nas discussões a construção da história das mulheres e a questão de fontes que revelem a visão feminina do mundo. Além disso, um debate sobre a necessidade de desconstruir o padrão estereotipado de mulher e aspectos envolvendo a justiça social.
Anna Luiza Pereira
Parabéns pelo trabalho! Foi muito esclarecedor.
ResponderExcluirVocê cita que o renascimento contribui como uma vertente negativa ao "desprezar e condenar mulheres decrépitas" e apreciar "as carnes duras das belas ninfas e das Vênus nuas". Quais foram os principais artistas e obras dedicadas a temática da bruxaria? É correto afirmar que tais obras/movimentos artísticos reforçaram os estereótipos ligados ao feminino?
Yasmine Ávila Catarinozzi da Costa
Bom dia, Yasmine! Obrigada!
ExcluirNesse caso, acho necessário pensar a representação das mulheres nesse contexto e não apenas da bruxaria. Seria importante uma discussão mais vasta. É necessário pensar como o imaginário, hostil as mulheres, pode ser interpretado a partir de diversas fontes históricas.
Não podemos esquecer também, que muitas das fontes que temos acesso, provêm da ótica masculina, nem um pouco neutra, assim como religiosa, também repleta de interesses.
Anna Luiza Pereira
Primeiro, gostaria de parabenizar pelo trabalho. Considero o tema muito interessante, pois na medida em que gera um debate, faz refletir. A minha pergunta é simples, você executou a ideia proposta em sala de aula? Há um plano de aula mais direto com relação ao tema? E, por fim, gostaria de uma sugestão de avaliação para uma aula como essa. Fugindo Caso tenha, seria importante repassar, se puder, claro.
ResponderExcluirEmerson Melquiades Ribeiro
Olá, Emerson! Obrigada!
ExcluirTive a oportunidade de aplicar a temática no magistério, foi uma experiência bem interessante. Para tal, elaborei um plano de aula e posso lhe mandar.
Primeiramente, pedi que desenhassem em uma folha o que para as estudantes seria uma “bruxa(o)”, a partir disto fui discutindo com elas as diferentes representações. Esta atividade serviu para despertar o interesse das estudantes.
Também distribuí temas que deveriam ser apresentados por elas, no caso, grupos perseguidos pela Inquisição, promovendo novamente o debate em torno de medos historicamente construídos. E por fim, pensando as estudantes como investigadoras e produtoras de conhecimento, distribuí trechos da obra Malleus Maleficarum, para que analisassem a fonte. É muito significativo também, abordar diferentes perspectivas sobre a mulheres no contexto, dando uma visão ampla desta enquanto sujeito histórico.
Anna Luiza Pereira
Olá, adorei o texto, bastante relevante nos dias atuais.
ResponderExcluirO que me chamou mais atenção foram as passagens do manual dos inquisidores Malleus Maleficarum que você pôs no texto, pois apesar de ter sido escrito há tanto tempo, esse tipo de pensamento ainda persiste na sociedade. Gostaria de saber de você, quais outros tipos de pensamentos misóginos e hostis atuais podem ter sua origem associada à idade média, a exemplo da associação da bruxaria ao sexo feminino?
DALGOMIR FRAGOSO SIQUEIRA
Parabens pela proposta Anna.
ResponderExcluirAdorei seu texto e considero importante trabalhar estereótipos na sala de aula, ao mesmo tempo que esclarecer fatos históricos reproduzidos atualmente na mídia com fundamentos mais ficcionais voltados ao público em geral. Considera importante o uso dos debates e filmes/séries para a desconstrução desses estereótipos na sala de aula, ou eles mais confundem o aluno entre o material historiográfico e o interesse particular destas mídias??
Agradeço desde já, att.
Bom dia, Libiane! Obrigada!
ExcluirO debate em torno desta questão é muito interessante e eu considero sim, o uso da linguagem cinematográfica em sala, muito válido para a educação. Entretanto, a aula deve ser bem preparada, com objetivos claros, para que assim se tenha um debate produtivo com os estudantes. Da mesma forma, deve-se orientá-los em torno dessas questões que você apontou, dos interesses por trás da indústria do cinema, da emoção e envolvimento que o filme procura despertar, etc...
Durante meu estágio, em que trabalhei a temática, passava a novela de entretenimento “Deus Salve o Rei” da Rede Globo (2018), e era necessário desconstruir muitos dos aspectos representados. Por isso, a escolha do filme deve ser feita atentamente, para que os objetivos sejam alcançados.
Anna Luiza Pereira
Parabéns pelo excelente trabalho e por trazer um debate tão necessário para dentro da sala de aula, até para combater muitos estereótipos machistas que ainda persistem em nossos dias. A questão da bruxaria é um tema que recai em preconceitos religiosos muito enraizados em nossa sociedade, onde a moral cristã por muitas vezes dificulta o entendimento de certos assuntos. Sendo assim, como trabalhar este tema sabendo que muitos alunos possuem uma tradição religiosa mais conservadora? Vc acha que a postura religiosa desses alunos pode dificultar a apreensão do conteúdo e, mais importante, a desconstrução desses estereótipos?
ResponderExcluirAtenciosamente,
Valdemir Cavalcante Pinto Júnior
ExcluirOlá, Valdemir! Muito obrigada!
A respeito da postura religiosa dos estudantes, em muitos temas abordados na escola ocorre um choque de visões de mundo. Mas é importante ressaltarmos que a escola é um lugar de debate que o docente deve articular, visando uma consciência histórica crítica.
Anna Luiza Pereira
Parabéns, excelente texto! Você poderia me enviar o plano de aula que utilizou? Como podemos evitar anacronismos ao relacionar o tema a questões atuais como o feminismo?
ResponderExcluirAnaliana Rodrigues da Silva
analianasilva@gmail.com
Obrigada, Analiana! Envio para você por e-mail assim que possível.
ExcluirPara evitar anacronismos, neste caso, devemos estar atentos ao conceito “feminismo”, que ganha força a partir do século XIX. Hoje, várias vertentes do movimento feminista se preocupam com a desconstrução dos estereótipos ligados ao sexo feminino.
Dentro do tema da desconstrução da bruxa, pensando principalmente o medievo e a Idade Moderna, podemos pensar a questão dos sujeitos marginalizados na sociedade e como eles são vistos, assim como a questão dos estereótipos.
Anna Luiza Pereira
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho! Quando você cita " A crença em práticas mágicas permeia a vida humana desde a Antiguidade. E, como afirma Laura de Mello e Souza [1987, p.11 -12], deste período em diante já é possível ligar a feitiçaria às mulheres. Exemplos como Hécate, Diana, Dama Habonda, entre outras tantas entidades, são famosos.", faz com que eu remonte ao "O Diabo no Imaginário Cristão" de Carlos Roberto F. Nogueira, que aborda como o cristianismo em expansão desde os seus primórdios vem endemonizando crenças distintas das suas em busca de conquistar um maior número de convertidos. Como você indica que isso seja tratado em sala de aula ao ter em questão a bruxaria e o que a Igreja via como tal, e sua relação com as religiões de aspecto pagão?
ResponderExcluirThaís Daiane Figueira de Barros
thais.df.barros@gmail.com
Olá, Thaís! Obrigada! Gosto muito desse assunto que você apontou.
ExcluirAcho que seria interessante trabalhar com uma aula temática, pensando como a Igreja articulava seu discurso em torno do paganismo, refletindo também como a Inquisição atuou nesse contexto. Quando discuto o assunto em torno da feitiçaria, gosto muito de levar aos estudantes a perspectiva de como elementos pagãos se misturavam aos cristãos no cotidiano do contexto apresentado neste texto, em que as magias e simpatias tinham finalidades diversas.
Entre tantas leituras, gosto bastante de “O imaginário da magia: feiticeiras, adivinhos e curandeiros em Portugal no século XVI”, de Francisco Bethencourt.
Anna Luiza Pereira
Boa noite Anna Luiza! Quero parabenizar pelo seu texto, um ótimo trabalho que nos leva a pensarmos as várias formas que a mulher vem ao longo dos séculos tentando construir suas subjetividades. Percebemos a partir do seu texto que as lutas das mulheres em meio a uma sociedade patriarcal não é algo novo, as quais de alguma maneira são vistas como o "elo mais fraco", a que se deixa seduzir mais fácil, a que traz problemas, como no caso das bruxas. A partir disso, gostaria de saber como podemos em sala de aula levarmos os alunos a pensarem nessa relação da mulher bruxa na idade média, que fugia dos padrões instituídos pela sociedade, com as várias mulheres que temos nos dias atuais, e que também fogem dos padrões ditos sociais.
ResponderExcluirAss: Ana Cristina Rodrigues Furtado
Olá, Ana Cristina! Obrigada!
ExcluirAcho muito significativo discutir essa questão de padrões e a construção de papeis sociais em sala. Dentro desta perspectiva gosto de apontar o movimento feminista e suas vertentes, que lutam por justiça social e contra os esteriótipos ligado as mulheres.
Anna Luiza Pereira
Ao ler seu texto, a discussão realizada sobre a construção de uma sociedade patriarcal preconceituosa e machista, culto a beleza e ao corpo feminino sempre jovem, perseguição as mulheres que possuam conhecimentos além daquele previsto pela igreja na Idade Média, assim como emancipação e sexualidade e sexualização feminina foram os tópicos que mais chamaram atenção e que precisam ser trabalhados em sala de aula. Minha pergunta, na verdade perguntas, seriam: Em que ano escolar esse tema sobre bruxas e do que dele deriva poderia ser trabalhado ou seria um processo continuo ao longo dos anos escolares? Como trabalhar esse assunto não apenas o ensino de História, mas também em Artes, Ensino Religioso e Filosofia de modo que o aluno possa compreender que o assunto em sua transversalidade?
ResponderExcluirAndressa dos Santos Freitas
Olá, Andressa!
ExcluirA temática pode ser trabalhada tanto no ensino fundamental quanto no médio, porém problematizando de maneira diferente, com uma narrativa apropriada.
Acredito que no fundamental seja interessante discutir a figura da bruxa, pensando o saber prévio deles por meio de desenhos animados e histórias, enquanto que no médio se pode ampliar o debate por meio de aula temática.
Acredito que este assunto pode ser trabalhado em outras disciplinas, principalmente a partir da perspectiva da cultura.
Att.
ExcluirAnna Luiza Pereira
Primeiro vou parabeniza-la pelo otimo trabalho. Esse é um assunto realmente interessante para discussão. Gostaria de saber se você recomendaria trabalhar com os alunos trechos do Malleus Maleficarum que você citou no texto.E no caso seria mais para um ensino médio ou fundamental final?
ResponderExcluirDesde já agradeço.
Morgana Lourenço Rosa
Olá, Morgana! Obrigada!
ExcluirQuando apliquei a temática com o magistério, usei trechos da obra Malleus Maleficarum e pedi para que analisassem com o intuito de desenvolverem uma crítica, pensando o contexto, a quem se destinava a obra, os interesses, etc...
Foi bem interessante para pensarmos o medo historicamente construído em relação as bruxas.
Também é importante apontar outras visões sobre as mulheres no período, com diferentes realidades.
Para o uso dessa fonte, acredito que o ensino médio seja a melhor opção. No ensino fundamental, pode-se problematizar a figura da bruxa, tantas vezes representada em desenhos animados e contos de fada.
Att.
ExcluirAnna Luiza Pereira
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá!!!
ResponderExcluirParabéns pelo excelente texto! Gosto muito das temáticas que você trabalha sempre.
Pensando nessa questão de colocar a mulher sempre como uma figura de “agente do diabo” e do porquê ligar somente à figura feminina a bruxaria e a feitiçaria, você acha que seria interessante abordar também de acordo com o tema, a Maria Padilha? Sendo sua imagem construída a partir das mentalidades da Idade Média atrelada a incapacidade dos homens em compreender o corpo e o humor feminino e através da circularidade cultural, ela também foi muito presente no período Brasil Colonial em orações ciganas e feitiços ligados ao amor.
Obrigada!
Flávia Schena Rotta
Olá, Flávia! Agradeço, digo o mesmo para você e suas temáticas.
ExcluirBoa reflexão, Maria Padilha é uma personagem muito interessante, acho que seria significativo discuti-la sim, pensando isso no imaginário brasileiro atrelado ainda a questão religiosa. Me deixou curiosa para saber mais sobre ela. Obrigada!
Anna Luiza Pereira
Parabéns! A escolha do tema é muito bom.
ResponderExcluirPodemos ver que tanto tempo já passou desde a epoca citada e ainda nos dias de hoje podemos ver na nossa sociedade atos inúmeros de crueldade contra as mulheres, que mesmo não sendo mais rotuladas por o nome de bruxa, ainda carregam o peso da culpa que as bruxas carregavam, e ainda são violentadas, abusadas, feridas, amordaçadas, excluídas e mortas física e socialmente, uma realidade cruel que aos poucos com muita luta e a custo de muito sangue derramado, quem sabe um dia possamos mudar. O tema sobre a visão que a sociedade possui em relação as mulheres será sempre muito bem vindo . Mais uma vez, parabéns .
Vanessa Dantas Campos Viana
Realmente discutir a temática em torno da história das mulheres e as questões de gênero são muito importantes para pensar nossa realidade.
ExcluirMuito obrigada, Vanessa!!
Att.
ExcluirAnna Luiza Pereira
Olá Anna Luiza, tudo bem com você? Primeiro quero te parabenizar pelo tema e pelo seu texto. Gostei muito a sua escrita e do desenrolar do texto.
ResponderExcluirQuando você analisa que "Em uma sociedade patriarcal, várias mulheres acusadas por crime de bruxaria, muitas vezes não se submetiam ao comportamento esperado, como é o caso daquelas que escapavam da tutela masculina, seja de algum membro da família ou mesmo do marido. Haviam vários estereótipos que cercavam a “bruxa”, como a velhice, tantas vezes representada na iconografia do período até os dias de hoje. A velhice juntada a outras características poderia agravar consideravelmente a situação da mulher acusada.", você compreende que essa visão ainda persiste até a atualidade? Se sim, a importância do seu texto também pode estar nessa relação de passado-presente?
Parabéns!
Nayrianne Rodrigues Alcântara Lopes.
Boa noite, cara Anna Luiza, gostaria de parabenizá-la pela publicação deste excelente texto.
ResponderExcluirInicialmente, gostaria de destacar o quão interessante achei as citações ao "Malleus Maleficarum" inseridas ao longo do texto, elas expõe de maneira precisa a mentalidade da época, no que diz respeito à imagem criada pela sociedade patriarcal sobre as mulheres e suas características negativas.
Gostaria também de levantar um questionamento em relação à abordagem proposta por no texto, para aplicação em sala de aula.
Mediante o encadeamento dos procedimentos, citados no texto para aplicação de tal metodologia, suponho que esta tenha sido concebida para a aplicação nos anos finais do ensino fundamental ou no ensino médio.
Porém, gostaria de saber se você considera uma abordagem válida a utilização da parte inicial da metodologia proposta no texto (Orientar aos alunos que façam um desenho representando a bruxaria), em turmas cujos alunos possuem menor idade, por exemplo no sexto ano do ensino fundamental,ou mesmo anos anteriores, e seguir com uma abordagem menos complexa, seguindo por exemplo com referências positivas às bruxas existentes na cultura pop, ou mesmo um discurso que busque desmistificar tais conceitos engessados no senso comum, sobre as bruxas e sobre a mulher.
Faço este questionamento, pois acredito que uma abordagem de tal temática em uma etapa inicial do processo educacional tenderia a desmistificar tais conceitos de maneira mais eficiente.
Cordialmente,
Rafael de Medeiros Alves.
Olá, Rafael! Muito obrigada!
ExcluirInicialmente pensei a proposta para trabalhar com o magistério no meu estágio, mas concordo com você em pensar tal temática no ensino fundamental, principalmente quando eles trazem consigo diversos saberes prévios para a sala de aula, através de desenhos animados, contos de fadas, entre outros.
Com eles poderia-se pensar a figura da bruxa, tão presente enquanto medo infantil, e a partir disso entender os elementos que a compõe em uma narrativa adequada.
A questão de trabalhar a história das mulheres também é muito interessante, afim de romper com esteriótipos presentes na mentalidade.
Anna Luiza Pereira
Olá, Anna Luiza.
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pela escolha da temática abordada, visto a necessidade da desconstrução de preconceitos e esteriótipos já não condizentes mais a nova realidade.
Com base nos trechos:
[...] "Uma Europa da perseguição às bruxas, uma Europa do Sabat tinha nascido.” [LE GOFF, 2007, p.235]
Segundo a historiadora Laura de Mello e Souza [1987, p.13], “foram os caçadores de bruxas que lhes desenharam o perfil aterrorizador, estereotipado nas denúncias e no corpo de processos laicos e eclesiásticos, nos manuais de inquisidores, nos tratados demonológicos”
Acredito que seja a partir desse esteriótipo criado pela Igreja e pelos seus seguidores (homens) que surge o medo ameaçador da ideia de uma possível tentativa de empoderamento por parte das mulheres, o qual é tomado como ação rebelde ou como atitude contra a ordem de submissão imposta pelo patriarcado.
Porém, tal medo medo continua presente em nossos dias... ocasionado a repressão dos direitos das mulheres e principalmente a reservando a lugares previamente definido (pelo homem).
Sendo assim, numa tentativa de que a mulher se faça ser reconhecida não mais como o sexo frágil ou facilmente manipulado pelas "forças malignas", mas sim como pessoas com vontades próprias com liberdade para serem o que quiser ser, gostaria de saber qual seria a melhor solução para que isso acontecesse? Pois mesmo tendo conhecimento de que a educação é o caminho, encontra-se grandes barreiras durante a discussão dessa temática em sala de aula.
Débora de Oliveira Soares
Olá, Anna Luiza.
ResponderExcluirSabe-se um dos principais argumentos utilizados em defesa dos homens após terem cometido assédios e violência contra a mulher é "não terem resistido aos encantos da mulheres".
O mesmo argumento foi utilizado durante a Idade Média, porém para a aprovação da sentença contra as mulheres tidas como bruxas.
Gostaria de saber se haveria alguma conexão entre tais frases, no sentido de desvendar se naquela época já existia casos de assédio ou violência contra a mulher.
Parabéns!
Débora de Oliveira Soares.
Boa noite Anna Luiza, parabéns pelo seu trabalho tão relevante na atualidade. Em um momento do texto, você destaca a importância de discutir as relações de gênero do período medieval e moderno focando nas mulheres que estava a margem da visão tradicional e a consequência disso nas denúncias por bruxaria. Para você, analisar essa perspectiva na sala de aula contribui para desconstrução de estereótipos de feminilidade que oprimem muitas meninas e mulheres?
ResponderExcluirAtt. Pedro Antonio de Brito Neto
ExcluirOlá, Pedro! Obrigada!
ExcluirSim, contribui de forma significativa, principalmente porque podemos refletir sobre esses esteriótipos e a construção de papeis sociais. Se pode ir além do feminino, e pensar também os estereótipos da masculinidade e de que forma isso influencia no imaginário de nossa sociedade.
A reflexão sobre as relações de gênero na atualidade são fundamentais.
Anna Luiza Pereira
Primeiramente meus parabéns pelo trabalho! Ao longo do conteúdo você aborda a seguinte questão: "Outro ponto importante sobre a época em questão, era a mistura cotidiana entre o sagrado e o profano que assolava a população, mesmo membros das igrejas. Eram comuns por parte das pessoas as simpatias, crença em poderes mágicos, fantasmas, e em divindades além da fé cristã." Gostaria de saber sua opinião sobre os ritos religiosos que por obterem certa proximidade com outros ritos entendidos como bruxaria, até mesmo envolvendo as orações religiosas, como abordar na sala de aula essas diferentes situações de forma que não aconteça o preconceito sobre outras religiões que usem de certos ritos?
ResponderExcluirAtenciosamente
Juliano Dilkin
Olá, Juliano! Obrigada!
ExcluirA sala é um espaço de desconstrução de preconceitos e lugar de debate, sua questão é bem relevante para os dias atuais em que a intolerância religiosa se faz presente. Com isso, pode-se pensar as próprias religiões brasileiras, que sofreram processo de mestiçagem e a partir disso desenvolver com os alunos atividades dinâmicas que mostrem a pluralidade de visões de mundo, promover debates trazendo o conhecimento de outras pessoas, etc...
Anna Luiza Pereira
Parabéns pelo trabalho, Anna! Questões podem ser instigadas e decompostas a cada linha. Dentro dum processo de demonização da mulher, a Caça às Bruxas teve efeito de construção de mentalidades acerca do feminino onde a mulher encontra um adversário cruel: o cristianismo, e/ou ainda, o homem cristão. Além da misoginia (dentre outros pontos subsequentes envolvidos por relações de poder), gostaria de saber sobre a mulher judia e sua relação com a construção imagética da bruxa, pela histeria cristã.
ResponderExcluirThamyres de Jesus Rodrigues Nascimento