Ana Maria Lúcia do Nascimento e Cláudia Marcella Oliveira da Silva


SAFO: O PAPEL SOCIAL FEMININO NA GRÉCIA ANTIGA


O que a Antiguidade ainda pode nos fazer refletir? Qual a importância de falar sobre mulheres que na antiguidade possuíam um papel de destaque? Trabalhar História Antiga, e especificamente a mulher através deste prisma revivendo personagens e lições que moldam as posições de poder é um trabalho árduo, principalmente em sala de aula, onde ao indagar aos alunos “Como viviam as mulheres na Grécia Antiga?” respondem, em sua maioria, que viviam reclusas em suas casas, cozinhando, longe do público, apenas no tear - máquina destinada ao fabrico de tecidos.

Vai além disso, entretanto, as ramificações do papel feminino na Grécia Antiga não ficando apenas no lar suas ações efetivas. É essencial, em meio a tantas discursões a respeito da posição da mulher na sociedade, que os professores de História debatam com seus alunos que o ideal feminino na Grécia não passava de um ideal e que existiram personagens marcantes que comprovam isso. Dessa maneira, ao dirigirmos nossos olhares para o passado buscamos trazer uma nova consciência histórica baseada em Safo e toda a análise que sua figura provoca. Buscando também uma nova narrativa histórica que mostre a figura feminina como agente no seu cotidiano, afinal, não existiu nos textos da Antiguidade Clássica, indícios de mulheres que leem? “Ou será esta “lacuna” apenas uma parte da história que os homens se esqueceram de contar?” (PERROT, 1993)

É por isso que partimos desses questionamentos para entendermos qual a intensidade das imposições sociais sobre essas mulheres, por isso supomos que muitas mulheres fugiram do molde ideal. Sendo indispensável, ao final da análise e da apresentação das respostas sobre nossos questionamentos, observamos na figura de Safo uma fuga das regras. Além disso, faz-se necessária uma análise mais pormenorizada acerca dessa sociedade em que Safo habitou entre os séculos VII e V a.c., atentando as instituições sociais e o que formava esse paradigma sáfico.

Oikos e o casamento
Na Grécia Antiga escravos, criança, velhos, prisioneiros e mulheres que não fossem casadas com cidadãos, não tinham sua cidadania reconhecida. Isso nos faz transitar por caminhos que revelam os pilares ausentes numa sociedade que é considerada o berço da democracia ocidental, mas que desconheceu aqueles que não se adequavam ao seu padrão de cidadania (CABALLERO, 1999, p. 125).

Por isso, a história da vida privada vem para sanar essa disparidade entre os polos que representam os elementos particulares da casa. Além disso, tentará tapar as lacunas de uma historiografia que por muito tempo excluiu as mulheres, subjugando-as muitas vezes ao âmbito privado. Dessa forma “a palavra privado tinha o sentido, de ser privado de, daquele âmbito em que o homem, submetido às necessidades da natureza, buscava a sua utilidade no sentido de meios de sobrevivência.” (FERRAZ JÚNIOR, 1993, p. 27). Por isso, analisaremos as condições peculiares ao âmbito privado que tem como seu maior expoente a casa (oikos) e sua organização interna. Um ambiente que possui pontos fundamentais para esse debate sobre a posição feminina.

Para Caballero (1999, p.126) nesse ambiente o homem desenvolvia o papel hierárquico no controle dos escravos, dos filhos e da mulher. E por isso, sem poder desvincular-se do âmbito familiar, e ascender ao público, a mulher esteve limitada a casa. A casa é então, de acordo a análise deste autor, um importante sustentáculo dessa hierarquizada constituição familiar onde a mulher possuía um papel desigual.

Já para Ferraz Júnior (1993, p. 58), casa era a sede da família e as relações familiares eram baseadas na diferença: relação de comando e de obediência, onde surge a ideia do pai da família, do senhor de sua mulher, seus filhos e seus escravos (FERRAZ JÚNIOR, 1993, p.27).

Os autores citados acima só salientam um discurso que foi por muitos propagado. Muito embora esse ideal não fuja a realidade, alguns estudiosos fazem relação ao espaço do oikos como um espaço em que a mulher coordenava. Para Ragusa (2005, p. 58), ao falar sobre a condição social da mulher grega, afirma que a casa foi o espaço onde a mulher regeu, afinal cumpria a ela inspecionar os serviços domésticos, a confecção de roupas e ornamentos e o manejo do tear.

Sem dúvida, é fundamental uma análise pormenorizada, onde essas duas visões possam ser ponderadas em um mesmo percentual. Principalmente quando esse assunto for tratado em sala de aula. Pois neste caso, muito embora o papel doméstico da mulher fosse sem dúvida proeminente, ele era baseado na liderança patriarcal e no controle dessa mulher. “Isso por que os gregos consideravam a mulher, dentre outras coisas, um ser volúvel, sem capacidade de controlar seus impulsos, vulnerável aos ataques do desejo, da paixão.” (CARSON, 1990, P. 137)

Desta forma, mesmo que a gama dos discursos atuais acerca do papel desempenhado pelas mulheres se fixem majoritariamente no lar e nas tarefas ligadas a ele, isso não foi uma regra geral, era apenas um ideal grego. É necessário que os professores possam discutir com seus alunos que a liderança masculina foi algo que regeu o lar e o comportamento da mulher mesmo em situações consideradas “para mulheres” – como o tear e a cozinha. Entretanto, sendo esse um ideal, pode não ter sido uma situação abraçada por todos, existindo por isso mulheres que fugiram desse molde.

Assim, em conjunto com o pensamento de que as mulheres não possuíam poder no lar, em atividades consideradas femininas, existe a concepção referente a esfera religiosa e a participação de mulheres nos postos de sacerdócio e na liderança de cerimônias.

O ambiente sagrado é um pilar fundamental para entendermos a participação feminina dentro da instituição sacerdotal e, posteriormente, nas manifestações públicas na sociedade. A mulher então era subalterna, assim como no oikos, na vida religiosa, mas possuidora de uma “liberdade” a partir da benção que o pai ou marido concedia. Por isso, elas participavam dos cultos, nessa sociedade grega, apenas por intervenção de seu pai e futuramente, por intervenção de seu marido. É daqui que resultam, ainda, outras consequências muito alarmantes, no direito privado e na constituição da família que seguia uma ordem social. Afinal, a religião criava para cada grupo familiar um patrimônio exclusivo que, assim como o lar, o patriarca deveria reger tendo como objetivo a ascensão econômica e social (COULANGES,1998, p.34). Em contrapartida:

 “As mulheres cidadãs figuravam especialmente em cultos religiosos ligados a Deméter e a Coré (Perséfones) deusas cuja benevolência protegia as colheitas de grãos da cidade. O mais destacado desses rituais, as Tesmoforias, era um festival exclusivamente feminino celebrado em toda a Grécia, tanto em cidades-estados quanto em níveis locais, aberto apenas às esposas dos cidadãos.” (KATZ, 2009, P. 169)

Devido a esses dados, a religião torna-se como uma ponte de debate para uma abordagem sobre a participação feminina em ações, nesse caso os cultos, que eram feitos fora de casa. Convém citar que foi através da religião que houve a legitimação de outra instituição que moldou o comportamento da mulher na antiguidade - o casamento.

O matrimônio surge como uma aliança fundamental para a vida masculina, no que concerne a questão da escalada ao posto de cidadão, e na vida feminina, por que ele era a ferramenta que agirá como forma de controlar o eros, que é tão trabalhado nos poemas de Homero com a personagem Helena e todas as ramificações dos problemas decorridos da sua falta de controle ocasionando a guerra. Por isso, a partir do casamento a mulher sofre um tipo de “nova vida” onde se torna propriedade do marido.

 “Através do casamento o pai deixa de ser “senhor e juiz” de sua filha e passa ao genro essa responsabilidade, daquele que vai exercer o pater familias sobre sua mulher. Pelas regras nupciais, ela sempre é dada de um homem para outro homem, acompanhada de alguns bens materiais para compensar o prejuízo que traz. Pela religião primitiva, todos os atos que simbolizam o casamento legítimo, apontam para o fato de que esta troca de lugar por parte da mulher se realiza efetivamente sem o consentimento dela.” (CABALLERO, 1999, p. 127)

Nesse quesito não temos a mulher como autónoma na negociação matrimonial. O casamento é em si uma transação, feita pelo homem para outro homem. Mas essas instituições (casa, religião e casamento), mesmo que populares na historiografia e na visão de vários alunos, não representavam a supremacia dominante no modo de vida das mulheres. Era apenas um ideal.

 “Um Ideal que destinava os homens à esfera pública e as mulheres ao mundo privado. Porém, quando se examina mais de perto alguns detalhes das práticas sociais e culturais dos antigos gregos, a realidade parece muito diferente” (KATZ, 2009, P. 165).

Ainda que esse fosse o imaginário, uma vida marcada pelo casamento e a submissão a família, a religião, servindo a casa, sem contato com a educação, existiram outras perspectivas que precisam ser citadas para que haja a compreensão do aspecto que proponho nessa discussão. Por isso, seguiremos o debate enfatizando o processo educacional que algumas mulheres passaram, tendo como exemplo a poetisa Safo de Lesbos.

A educação feminina e Safo
Joana A. Portela, faz uma análise de vasos áticos, que nos traz como resultado um destaque acerca das fontes iconográficas que representam mulheres a ler rolos de papiro, o que ela sugere ser uma representação de leitura. Em um dos vasos (Figs. 1 e 2), a poetisa foi representada sentada em uma cadeira, em suas mãos estava um rolo e ela estava lendo diante de três mulheres, uma dessas mulheres segura uma coroa sobre sua cabeça e outra levanta uma lira. Essas imagens que retratam Safo de Lesbos, mostram a mesma lendo um papiro e se olharmos atentamente perceberemos que ele possui letras. O que Portela traz como uma possibilidade da existência de mulheres que tinham contado com a educação e com a leitura.


figura 1


figura 2

Muito embora deva existir sempre um alerta acerca da educação feminina, levando em consideração que os níveis de literacia na sociedade grega como um todo deveriam, com uma pequena exceção dos aristocratas, ser bem baixos (ROCHA PEREIRA, 2006, p. 19-20), não se pode negligenciar também que os estudos do papel feminino foi subjugado por muito tempo pelo homem e pela historiografia, principalmente no quesito educação e leitura dessas mulheres. A iconografia, todavia, nos mostra representações que serviram de base para entendermos o passado e proponho que nós, como profissionais de História, ensinemos os alunos acerca dessa personagem importantíssima, que foi Safo de Lesbos.

Safo, nas biografias, é retratada sempre com os mesmos traços. Nasceu na ilha de Lesbos, viveu no final do século VII e no começo do século VI a.C. Era de família aristocrática, foi exilada vivendo por algum tempo na Sicília. Fato referido por todos é que sua casa, dedicada às musas, era frequentada por mulheres que desejavam aprender música e poesia. Graças a esse fato e ao sentimento ardente de amor na sua poesia – muitos de seus textos foram dedicados a mulheres (NUNES, 2012, p. 3). Essa poetisa serve perfeitamente como exemplo para demonstrar que a invisibilidade e a ausência de mulheres no panorama intelectual foi apenas o inevitável resultado de uma exclusão que as colocavam em um papel de inferioridade, em uma condição de silêncio (PORTELA, 2012, 132).

O tamanho intelecto da poetisa traz uma tese bem difundida de que Safo era como uma espécie de mestra rodeada das suas discípulas, baseando-se exclusivamente nas palavras da própria poetisa, extraído do frg. 150 LP, que denomina o seu lar de “casa das servidoras das Musas”, onde educaria as moças nobres de Lesbos e da Jónia. (PORTELA, 2012, 134) Toda essa inteligência criativa é explicada também pelo contexto geográfico. Safo vem de uma ilha que é geograficamente influenciada por “especulações filosóficas”, sendo provável por isso ser uma das pessoas inspiradas pelo mundo oriental, como comprovou Ragusa ao analisar alguns poemas de sua autoria que trazem traços orientais.

 “as cidades da costa ocidental da Ásia menor e das ilhas, em contato com o mundo oriental, eram, se não as mais ricas, ao menos as mais brilhantes. Foi nesses locais que se desenvolveram as primeiras especulações filosóficas, lá que foram elaborados os diferentes gêneros poéticos. E não é surpreendente lá encontrar espíritos esclarecidos não apenas entre os homens, mas mesmo em certas mulheres, como a muita famosa Safo, originária de Mitilene, na ilha de Lesbos, e poeta de grande renome.” (MOSSÉ, 1991, p. 42)

Partindo desse ponto levantado por Mossé, sobre as influências que a população da ilha acabou sofrendo, juntamente com a liberdade que as mulheres pareciam desfrutar tanto em Lesbos como em Esparta, no quesito sistema educacional, ao menos para as jovens aristocráticas, percebemos um pequeno espaço de preparação educacional feminina destinada, provavelmente, para o casamento (BURN, 1960, p. 98-99). O grande expoente que é fundamental para o estudo dessa face feminina que foge os paradigmas propostos pela sociedade grega é, justamente, Safo de Lesbos. A lírica eólica de Safo é pura expressão do sentimento, inspirada na vida circundante e direcionada a um determinado círculo de pessoas. (NUNES, 2012, p.5) O que restou desses escritos são poucos fragmentos que mostram sentimentos romântico, principalmente em canções amorosas e nupciais. É comum nos seus versos a descrição de uma profunda devoção a deusa Afrodite. É comum em seus escritos versos que retratam com realismo experiencias íntimas:

“Basta-me ver-te e ficam mudos os meus lábios, ata-se a minha língua, um fogo sutil corre sob a minha pele, tudo escurece ante o meu olhar, zunem-me os ouvidos, escorre por mim o suor, acometem-me tremores e fico mais pálida que a palha; dir-se-ia que estou morta.” (ALVIM, 1992)

Safo, carrega em sua escrita sentimento profundo aos versos. Ademais, sua lírica traz outras informações: ela é carregada de erotismo e dirige-se com frequência a mulheres, o que muitos estudiosos usam para comprovar a existência de “praticas homossexuais” entre mulheres em seu tempo. (DOVER, 1989, p. 172) Por isso, safo representa, no universo grego, uma quebra do padrão comportamental feminino conhecido, sobretudo, a partir do modelo ateniense (FOLEY, 1992, P. 140).

A posição de safo, como intelectual e escritora, deve ser pincelada com a afirmação de que sua família possuía uma alta posição social que possibilitou essa sua participação na lírica grega. Isso por que as mulheres eram marginalizadas e esquecidas e, nesse caso especial, safo é um expoente significativo por conta de sua intelectualidade. (RAGUSA, 2005, p. 63). Soma-se a isso suas características que fogem ao molde da “mulher ideal” descrito por muitos historiadores. Além disto, de acordo com Ragusa, sobre a educação tradicional de jovens, “nada se sabe até a era helenística (323-31 a.C.), quando surgem evidências de que as moças nobres se reuniam em escolas a fim de aprender a ler e escrever e de estudar poesia.” (2005, p. 65)

Por fim, a antiguidade, quando questionada sobre a omissão do papel feminino, contribui para a reformulação do que foi a participação feminina na sociedade grega. Ponderando acerca da historiografia atual e de como ela representa essas mulheres, podemos levar para a sala de aula a desmistificação do ideal feminino, usando sempre esse contraste entre as análises já existentes. Além disso, falar sobre as ações da poetisa Safo em sala de aula contribuirá para preencher essa lacuna na historiografia, e acima disso, para salientar que o ideal grego propagado por muitos historiadores precisa ser questionado pelo fato de não representar uma totalidade generalizada. Ademais, vale salientar a importância da educação, afinal, foi através dela que Safo é conhecida hoje.


Referências
Ana Maria Lúcia do Nascimento é graduanda em História pela Universidade de Pernambuco, participante do grupo de pesquisa Leitorado Antigo, orientado pelo professor José Maria Gomes da Silva Neto. O presente trabalho é uma pesquisa inicial independente. E-mail: anamarialuciadonascimento@gmail.com.
Cláudia Marcella Oliveira da Silva é graduanda em História pela Universidade de Pernambuco, participante do Laboratório de Estudo História das Religiões, orientado pelo professor Carlos André Moura. E-mail: claudia.marcella.tjf@gmail.com

CABALLERO, C. A Gênese da Exclusão: O Lugar da Mulher na Grécia Antiga, n.38, 1999.Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/15515

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica,
decisão e dominação. São Paulo: Atlas, 1993.

CARSON, A. “Putting her in her place: woman, dirt, and desire”, in D. M. Halperin et al. (eds.), Before sexuality: the construction of erotic experiense in the ancient Greek world. Princeton: Princeton University, 1990, p. 137.

FUSTEL DE COULANGES. A cidade Antiga. Trad. Fernando de Aguiar. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

kATZ, M. A. “As mulheres, as crianças e os homens.” In. CARTLEDGE, Paul. (org.) História ilustrada Grécia Antiga, São Paulo, Ediouro, 2009, p. 164- 213.

POMEROY, S.B. Women in Hellenistic Egyt, New York, 1984, p. 59-82.

ROCHA PEREIRA, M. H. Estudos de História da Cultura Clássica 1 – Cultura Grega, Lisboa, 2006, p. 19-20.

NUNES, Zilmar Gesser. As Mulheres de Lesbos nas Mãos de Catulo, n.06, 2012. Disponível: http://latim.paginas.ufsc.br/files/2012/06/As-mulheres-de-Lesbos-nas-ma%CC%83os-de-Catulo.pdf

MOSSÉ, C. La femme dans la Gréce antique. Paris: Éditions Complexe, 1991.

BURN, A. R. The lyric age of Greece. Londres: Edward Arnold, 1960.

DOVER, K. J. Greek homosexuality. Cambridge: Harvard University Press, 1989, p. 171-184.

FOLEY, H. P. “The conception of womem in Athenian drama”, in H. P. Foley (ed.), Reflections of womem in Antiquity. Filadélfia: Gordon and Breach, 1992, p. 127-184.

PINHEIRO, Joaquim. A mulher e a educação na Grécia Antiga. In: Mulheres: Feminino, Plural. Editora Delphi, Portugal, 2013, p. 48-61.

ALVIM, P. SAFO: Safo de Lesbos, São Paulo, Poética, 1992.

PORTELA, Joana A., Os rolos das mulheres na Antiguidade Clássica:
adereços de cultura ou livros de leitura?. Ágora. Estudos Clássicos em Debate, n. 14, 2012. Disponível em: http://www2.dlc.ua.pt/classicos/7.%20JPortela.pdf

DUBY, Georges; PERROT Michelle, “Escrever a história das
mulheres”: História das Mulheres no Ocidente, Vol. I: A Antiguidade, Porto 1993.


17 comentários:

  1. Esse posicionamento e papel social da mulher é válido para as mulheres de todas hierarquias sociais, ou para uma com mais riquezas seria mais fácil o acesso aos estudos?

    Natália Maira Cunha

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    1. Boa pergunta, Natália. Não é válido para todas as hierarquias. A educação feminina ao qual me refiro faz referência as mulheres mais abastadas da sociedade, mas achei outras fontes ultimamente que mostram que as meretrizes recebiam educação em várias artes. De maneira que elas chegam a estudar disciplinas diversas e interessantes. O livro ao qual me refiro é Metamorfoses de Eros.

      P.S: MAZEL, J. As metamorfoses de Eros: O amor na Grécia Antiga. São Paulo, Martins Fontes, 1998.

      Ana Maria Lúcia do Nascimento

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  2. Olá, excelente texto!!
    Acho bastante importantes pesquisas como essa que questionam fatos estabelecidos e até então incontestáveis pela historiografia. Como vocês deixam claro, o papel social da mulher que conhecemos a partir de fontes e documentos gregos, é apenas uma espécie de ideal de comportamento feminino, e os mesmos não revelam a condição geral das mulheres no período. Nesse sentido, vocês teriam outros exemplos comportamentais de mulheres, na antiguidade, que fugiam à regra desse ideal feminino imposto pelos homens e que possam ser utilizados em sala de aula?

    DALGOMIR FRAGOSO SIQUEIRA

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    1. Olá, Dalgomir. Obrigada pelas palavras e por externar sua dúvida. Temos registros de outras mulheres que fugiram do ideal grego. Um livro belíssimo de Mazel que nos traz a descrição de várias mulheres e sua multifacetada vida. É interessantíssimo!

      P.S: MAZEL, J. As metamorfoses de Eros: O amor na Grécia Antiga. São Paulo, Martins Fontes, 1998.

      Ana Maria Lúcia do Nascimento

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  3. Sou acadêmica de história, e trago um elogio a esse texto excelente e que desmitifica e explicita esse papel social da mulher pouco conhecido e restrito na sociedade grega antiga. Nessa perspectiva,a figura da poetisa Safo pode ser utilizada em sala de aula como ponto de partida para a representação de gênero, especialmente no que tange as possibilidades que a educação possibilita às mulheres. A historiografia apresenta alguma outra fonte sobre as discípulas dessa personagem, tem-se registros de outras mulheres que fugiram do ideal grego?

    Rosiangela Campos Picanço

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    1. Olá, Rosiangela. Obrigada pelas palavras e por ter externado sua indagação. Sobre as discípulas de Safo não possuímos uma historiografia, a não ser os versos da poetisa. Mas temos registros de outras mulheres que fugiram do ideal grego. Um livro belíssimo de Mazel que nos traz a descrição de várias mulheres e sua multifacetada vida.
      P.S: MAZEL, J. As metamorfoses de Eros: O amor na Grécia Antiga. São Paulo, Martins Fontes, 1998.

      Ana Maria Lúcia do Nascimento

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  5. A educação feminina na Antiguidade era prática quase inexistente, até uma certa idade recebiam lições (me baseio no mundo antigo Roma/Grécia). Não possuíam direitos políticos, mesmo as de origem nobre e casadas com cidadãos. Os casamentos eram arranjados entre os homens das famílias assim que completassem 12 anos de idade.
    As menos favorecidas podiam trabalhar e aí reside minha pergunta: estas continuavam sem direitos mas, entre suas pesquisas há indícios de que elas pudessem ter propriedades?
    Outra: As mulheres pobres recebiam algum tipo de instrução formal?
    E qual era a situação das mulheres divorciadas?

    Susany Keilly Rubem Pereira

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    1. Susany, boa tarde. Nas minhas leituras mulheres pobres não possuíam poder administrativo sobre a propriedade, mulheres pobres trabalham muito e lutavam para sobreviver. Sobre a educação, é de praxe a preparação delas para os serviços de casa. A respeito das divorciadas, não há pontos há serem discutidos sobre isso em minhas leituras referenciais.


      Ana Maria Lucia do Nascimento

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  7. Boa noite!
    Parabéns pelo texto.
    Entre séculos V e IV a.C., no período clássico são registrados os centros de iniciação femininos (thíasoi) em algumas cidades-Estados como Esparta, Safo e Samos. Estes centros e as escolas filosóficas ainda não são escolas públicas e/ou do Estado (MANACORDA, 2000).
    Há exemplos de cerâmicas gregas mostrando uma garota aprendendo a ler na escola.
    Tem alguma informação sobre esses centros? Há relação com o tema abordado?

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    1. Olá, Vânia. Obrigada pela pergunta. Primeiro não há registros iconográfico que mostrem as mulheres gregas aprendendo nesses "centros". Segundo, sobre os centros “Esse “museu” de caráter cultural está organizado sob a forma de uma confraria religiosa, ou tiase. Entretanto, não se trata de formar aí sacerdotisas de Afrodite, como num seminário qualquer, mas de ensinar às jovens de Mitilene "a arte de ser mulher” durante o período transitório de sua vida em que passam da infância à idade de casar. Esse “Museu” consagrado à mousiké, a arte das Musas, é ao mesmo tempo um conservatório de música, de declamação, de dança e de canto. Os poemas de Safo se destinam a ser cantados para melhor infundir sua cultura em estrofes ardentes que celebram os encantos de Afrodite. Esses cantos, retomados pelas adolescentes emocionadas, devem despertar nos jovens corações as paixões nascentes, e esse ofício do amor, assim cultivado, ilustra o que os antigos denominaram erótica.” (MAZEL, 1988,142)


      Att, Ana Maria Lúcia do Nascimento

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  8. Boa noite, o papel da mulher na antiguidade é de suma importância para entendermos a nossa atual conjuntura, entretanto, esse vendo apago de meus didático. Como esse fato pode gerar perdas futuas, a respeito da identidade feminina na antiguidade clássica?

    Maria Luísa Soares Marcolino

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    1. Olá, Maria. É complicado para mim fazer uma definição futura sobre o esquecimento dos papeis femininos, mas vamos pensar no seguinte: Nosso objetivo precisa ser claro, que seria buscar uma nova narrativa histórica que mostre a figura feminina como agente no seu cotidiano, afinal, não houve nos textos da Antiguidade Clássica, indícios de mulheres que leêm? “Ou será esta “lacuna” apenas uma parte da história que os homens se esqueceram de contar?” Além disso, por essa narrativa ter sido, por muito tempo, de predominância feminina, vimos nos séculos passados um aprisionamento dos papeis feminino, uma tentativa de controlar essa mulher no seu "destino biológico." Então, esse ato de apagar as mulheres na História podem, sem dúvida, interferir na sua busca de emancipação. Sem contar que estaríamos, como profissionais, omitindo várias informações das múltiplas faces femininas na antiguidade.

      ATT, Ana Maria Lucia do Nascimento

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  9. Boa tarde professoras Ana Maria lucia é Claudia Marcela minha pergunta é como podemos relacionar dentro do ambito escolar o papel da mulher grega como um fator de suma importância para história fazer com quê os alunos entendam sua importância

    Nome:Elder Tarcyo Ferreira Dos Santos

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  10. Olá.
    Na sua opinião,temos reflexos do papel feminino na sociedade grega no Brasil? Se sim, quais?

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  11. Olá.
    Na sua opinião,temos reflexos do papel feminino na sociedade grega no Brasil? Se sim , quais?
    GABRIEL CORRÊA DA ROCHA

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