AS REPRESENTAÇÕES DE MULHERES NO LIVRO DIDÁTICO
Quando pensamos nas mulheres pelo viés da história, elas estão geralmente no espaço doméstico, a situação começou a mudar no século XX, e começaram a aparecer como heroínas, com a apresentação de algumas mulheres ilustres. “Tratava-se inicialmente de tornar visível o que estava escondido, de reencontrar traços e de se questionar sobre as razões do silêncio que envolvia as mulheres enquanto sujeitos da história” (PERROT, 1995, p. 20), essa conquista fez com que estudos antes não realizados, começassem a ganhar forma, passando a construir um saber histórico.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (2008) apresentam os sujeitos da Educação Básica, enaltecendo que as escolas passaram a atender um número cada vez maior de estudantes de classes populares, assim a importância da inserção de diferentes sujeitos históricos. O diálogo sobre gênero e diversidade sexual deve estar presente para a construção de uma sociedade mais igualitária.
Ao analisar o livro didático de História “Ser Protagonista” do primeiro ano do ensino médio, percebe-se que as mulheres não aparecem de uma forma ativa. Esta constatação contraria o próprio título da obra que sugere a motivação para a percepção do protagonismo histórico ou, em uma visão mais pessimista, salienta que ainda se compreende o protagonismo como masculino. Se olharmos apenas para os personagens históricos, já percebemos que os nomes de homens aparecem inúmeras vezes e com ênfase, já as mulheres, apenas duas personagens aparecem no livro todo, Joana d’Arc e rainha Nzinga, e apenas na página 177 é que uma das duas mulheres que estão no livro é trabalhada, ou seja, os alunos e alunas lerão o nome de uma mulher no livro didático provavelmente na metade do ano escolar.
Nas primeiras páginas do livro, os textos apresentam apenas um vocabulário com termos masculinos: “os historiadores”, “o historiador”, essa linguagem passa a ideia de que um grande historiador, pesquisador, será sempre um homem.
“Um livro didático que sistematicamente apresentasse as mulheres apenas como enfermeiras e os homens como médicos, por exemplo, estava claramente contribuindo para reforçar esse estereótipo e consequentemente, dificultando que as mulheres chegassem às faculdades de medicina”. (SILVA, 2010, p. 82)
A edição do texto de 2013, recente, deveria conter mais aspectos igualitários. Não se pode dizer que o livro tem uma escrita igualitária pois apenas na página 12 foi utilizado o termo “homens e mulheres”, ao trabalhar com o tempo na história. Ao se direcionar aos homens e mulheres, a percepção dos educandos e educandas é que a história foi feita pelos diferentes sujeitos, e não apenas os homens como estão habituados a ler.
O primeiro personagem apresentado pelo livro é Júlio Cesar, um personagem homem está no texto já na página 14, enquanto uma mulher só aparece na página 177, a falta de representação para as alunas do primeiro ano do ensino médio é grande, essa identidade que falta no livro é uma questão de saber e poder. É por isso que o conceito de gênero foi criado, para enfatizar que as identidades femininas e masculinas são historicamente produzidas, e isso reflete na sociedade e por vezes nas escolhas das mulheres.
A linguagem do material didático trabalhado é marcada pelo gênero masculino. Na página 18 temos o primeiro material que envolve as mulheres. O texto explica sobre as diversas fontes, e exemplifica uma fonte iconográfica com um cartaz contra a violência que as mulheres sofrem, mas não existe nenhuma reflexão maior sobre o tema. O cartaz é apresentado apenas como um exemplo ilustrativo.
Ao entrar no tema do Egito Antigo, as mulheres só aparecem de forma generalizada no final do conteúdo.
Sem citar nome algum de mulher, nem mesmo nas atividades. Cleópatra que governou o Egito e com sua importância não é apresentada e nem citada pelo livro, lembrando que Júlio Cesar por exemplo, já é trabalhado no início do livro.
Sobre a Mesopotâmia, em apenas uma parte do texto ao relatar sobre a agricultura e pecuária, é trabalhado os termos “homens e mulheres” na página 64. A segunda vez apenas no livro que essa expressão surge, mas nas atividades não existe relação alguma com as mulheres.
Ao analisar o livro didático em todas as vezes que foi trabalhado sobre as mulheres, são apenas pequenos parágrafos ao lado da página, um anexo ao texto, mas não pertencendo ao conteúdo principal. Podemos pensar o caso da Grécia Antiga, um pequeno parágrafo explicando sobre algumas peças teatrais que as mulheres faziam, retratando reuniões na assembleia, o que não era possível na época, mas essas peças podem ser vistas como manifestações. Outro pequeno parágrafo sobre as mulheres é sobre o Islã, apenas explicando o uso das burcas, mas sem relação com as atividades.
A primeira personagem representada no livro é Joana d’Arc, na página 177 o texto a apresenta “não apenas como uma pessoa do povo, mas uma mulher” “vestida como um homem - um escândalo na época” “foi julgada e condenada por bruxaria e heresia”, além de estar presente no texto, três atividades são realizadas e é trabalhada a visão que a sociedade tinha na época em relação às mulheres e contextualizando com a atualidade. A outra mulher apresentada no texto, não teve o mesmo destaque que Joana d’Arc, apenas um parágrafo sobre a rainha Nzinga africana, trabalhando com a expansão marítima europeia. Nzinga é apresentada como uma curiosidade, aparecendo na frente das negociações em Luanda no século XVII. Tal constatação nos leva a pensar em outra realidade, quando raramente a história das mulheres é trabalhada isso ocorre por um viés branco, europeu. As mulheres negras são ainda menos visíveis.
É perceptível que o homem está sempre em posição de destaque, seja pelos personagens históricos, pela forma de escrita, pela falta de atividades sobre as mulheres. Dessa forma, esse livro não inclui de maneira concreta todos os sujeitos históricos, e a formação social e política acaba sendo falha, pela falta de representação para uma sociedade mais igualitária.
O outro livro analisado será a sequência do primeiro, “Ser Protagonista História” do segundo ano do ensino médio, da mesma edição que o primeiro. O livro do segundo ano, apresentou uma maior abordagem sobre as mulheres, mas mesmo havendo esse pequeno avanço, ainda sim, em muitos conteúdos faltou relevância e conteúdo observando esse aspecto. A linguagem, continua sendo apenas masculina, e com o uso de imagens aleatórias. A primeira referência a uma mulher acontece na página 10, com a imagem de uma mulher nua representando o conteúdo “A conquista europeia da América”, mas a mesma não apresenta explicações sobre a escolha, o que aparenta ser apenas uma ilustração sem uso para os alunos e alunas, assim perdendo o seu sentido.
O livro deveria fazer uma abordagem sobre as mulheres muito maior. Em vários capítulos os conteúdos abordados trabalham com a sociedade, mas as mulheres nela são esquecidas, como por exemplo nas civilizações maias, astecas e incas, não foram trabalhadas, dando destaque apenas aos homens e suas atividades. Com os povos indígenas a situação é a mesma. É apresentado sobre a linguística, família, a história, mas não a participação das mulheres.
O livro só vai apresentar debates que envolvam as mulheres na página 74, unidade 2, capítulo 6. Há uma comparação entre as famílias patriarcais do Nordeste açucareiro durante o século XVI e XVII, com a família brasileira hoje. Assuntos relacionados à quantidade de membros em cada família e sua formação.
“A quantidade de residência habitadas por pessoas morando sozinhas, mulheres constituindo família sem conjugue e casais sem filhos tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas. Diminuindo proporcionalmente o número de famílias consideradas tradicionais”. (REIS, et. al. 2013, p.74)
Também é abordado sobre as famílias homoafetivas, e junto com esse tema são propostas atividades sobre as diferenças familiares do modelo colonial e os dias atuais. A proposta é muito boa, e deveria estar presente nos demais conteúdos, e não apenas em casos isolados. Trabalhar dessa forma, é interessante não só para o conhecimento do (a) aluno (a), referente ao conteúdo, mas possibilita desenvolver a consciência social, e evitar problemas dentro e fora da escola, como a discriminação e o bulling escolar.
As mulheres voltam a aparecer, no capítulo 8, o tópico “livres e pobres” possui um parágrafo que retrata a prostituição do período do ouro em Minas Gerais e da “intercepção de piratas de ouro” pelas negras de tabuleiros. “Esse grupo heterogêneo é chamado pela historiadora Laura de Mello e Souza de “desclassificados do ouro”. (REIS, et. al. 2013, p. 91)
As negras de tabuleiro foram representadas por uma pintura e uma explicação sobre a identidade das escravizadas africanas.
O primeiro nome de uma mulher no livro didático do segundo ano do ensino médio, só aparece na página 112, Elizabeth I, na unidade 3 - O Antigo Regime, capítulo 9 – “absolutismo e mercantilismo”. Já o primeiro nome de um homem parece na página 33, Francisco Pizarro, no capítulo 3. “A invasão na América”. É impossível que durante todo esse processo histórico, as mulheres não estivessem fazendo nada. É claro que a participação delas é indiscutível, mas onde estão no material didático? Porque é tão difícil aparecer seus nomes, comparado com os homens? É difícil encontrar conteúdos que as mulheres estão presentes, mas, é muito mais quando elas estão em posições de destaque.
É apenas no capítulo 12, que será iniciado o estudo das mulheres na História, o capítulo sobre a Revolução industrial, apresenta o texto “mulheres no mundo do trabalho”, o debate é interessante, mas poderia apresentar mais atividades já que o texto trabalha com a desigualdade no mercado de trabalho, que ainda na nossa sociedade persiste. Assim incentivar a reflexão e a consciência histórica, desse problema presente no nosso cotidiano. É evidente que não há espaço para muita ampliação de conteúdo no livro didático, e o/a docente precisa ampliar a reflexão durante a aula, mas se o livro não apresentar elementos significativos para o debate, muitos/as docentes que não se interessam pela temática não irão abordá-la efetivamente. O texto apresenta o seguinte texto:
“Desempenhar funções masculinas vestindo roupas de homem foi considerado uma ofensa. Houve movimentos para proibir o trabalho feminino em locais como minas de carvão. Os homens aprovavam a iniciativa, não porque concordavam tratar-se de uma ofensa moral as mulheres, mas com medo do desemprego. A presença de operarias nas fábricas representava uma ameaça ao emprego dos homens, que, almejavam postos de trabalho e bons salários”. (REIS, et. al. 2013, p. 146)
A parte mais completa do livro, pensando pelo estudo das mulheres, está presente na página 170 e 171, uma abordagem sobre História e Sociologia. O título desse estudo é “Questões de Gênero”. São apresentados dois textos sobre as condições sociais das mulheres em momentos distintos, um sobre a participação feminina na Revolução francesa, junto com trechos do livro de Itamar de Souza “A mulher na Revolução Francesa”. O texto reflete sobre a condição social das mulheres nesse período e como foi a sua participação na Revolução Francesa. O outro texto apresentado é sobre Maria da Penha, com relatos da violência sofrida causada pelo seu ex-cônjuge e toda sua luta até a aprovação da Lei Maria da Penha em 2006, que combate a violência doméstica.
Além desses textos, há atividades relacionadas, desenvolvendo o debate sobre as lutas que as mulheres já enfrentaram e ainda enfrentam, conquistas e a violência. Esse conteúdo é muito importante e foi bem apresentado com esses textos. Nos próximos capítulos do material didático as mulheres não são mais trabalhadas. E apenas duas mulheres no livro todo tem seu nome citado, Elizabeth I e Maria da Penha. São 17 capítulos no livro Ser Protagonista História do segundo ano do ensino médio que não trabalham sobre as mulheres.
O último livro a ser analisado é o da mesma coleção, do terceiro ano do ensino médio. Esse, apresenta, as mesmas faltas que os outros, a representação histórica feminina ainda é muito falha, com poucos textos e em muitos conteúdos o tema mulheres passa em branco.
Na primeira unidade ao estudar sobre a Semana de Arte Moderna de São Paulo e o Modernismo no Brasil, Tarsila do Amaral, aparece apenas como referência de um quadro. Como uma das principais representantes do movimento, ela deveria ser estudada com maior profundidade, e não apenas de forma superficial como o livro apresenta. As poucas vezes que as mulheres aparecem, não são trabalhadas de forma relevante como deveria para uma maior aprendizagem, diferente dos personagens históricos que estão em todos os textos, homens ricos e brancos.
No terceiro capítulo “A Primeira Guerra Mundial”, um conteúdo que poderia abordar muito sobre as mulheres assumindo diferentes funções durante a guerra, só é apresentado um cartaz envolvendo as mulheres, fora do contexto, pois só existe a imagem, sem texto explicativo ou atividades relacionadas. O conteúdo é voltado para a função dos homens na guerra, e a mulher fica em segundo plano.
A única mulher que aparece nesse conteúdo e a primeira do livro, na página 46, é Mata Hari, a espiã. Contendo um texto sobre sua vida e morte. Esses textos são bons e importantes para inserir as mulheres como personagens históricas, é claro que devem estar mais presentes, e não apenas uma curiosidade em alguns conteúdos, como se as mulheres não fizessem parte da História e de vez em quando elas aparecem. Essas biografias são necessárias para reforçar a participação política das mulheres, por isso a necessidade de estarem mais presentes no ensino. Temos que sempre tomar cuidado para não integrar nos conteúdos apenas curiosidades sobre as mulheres, e sim as apresentar como sujeitos históricos, participativas como um todo.
Na página 138 outra mulher está presente no livro, Evita Perón, na descrição de uma foto apresentada como esposa do presidente. Na página 139 volta a ser citada ainda como esposa, apenas como a parte social do governo. Toda a importância é dada para o presidente.
Em alguns poucos conteúdos o livro trabalha no final dos textos didáticos, como “Ontem e Hoje”, uma analogia com a História e o tempo presente, muito interessante para o aprendizado dos educandos e educandas, na página 156 o texto aborda o trabalho feminino e as condições de trabalho. Importante, pois, apesar do tempo, as mulheres ainda hoje enfrentam muitas dificuldades no mercado de trabalho, desigualdades de salário e os assédios que passam diariamente nas diversas situações. Além de muitas que trabalham fora de casa, ainda acreditam ter a responsabilidade sozinhas de cuidarem do lar. Além do texto, o livro propõe atividades, fazer entrevistas com familiares, sobre as mulheres e atividades profissionais, a colaboração dos homens no ambiente doméstico, e o respeito no ambiente de trabalho. Essas atividades são importantíssimas, e essas relações de passado e presente, envolvendo o ambiente conhecido dos alunos e alunas estimulam a leitura de mundo e deviam ser mais exploradas ao longo do livro.
A terceira mulher apresentada no livro é a então presidenta Dilma, sobre a sua trajetória política e seu programa de governo, na página 270.
Trabalhar com as relações de gênero, sobre as mulheres e suas representações em livros didáticos, é uma forma de incluir e recontar a história. Dessa forma, mais igualitária, retirando aos poucos o domínio dos homens, pois sabemos que é muito difícil, em uma sociedade ainda machista, inserir por completo, mas cabe a nós, professoras, alunas, acadêmicas, sempre estar investigando e questionando a inserção das mulheres e de todos os grupos que por séculos foram excluídos da história.
Mesmo percebendo que ainda falta muito para a inserção em todos os conteúdos, é muito bom ver que mesmo aos poucos, o livro apresenta textos para a reflexão sobre o assunto aqui tratado, esses textos podem ser lidos por diferentes lentes, gerando uma consciência histórica social. Pensado que em anos atrás, a falta das mulheres ainda era muito maior, esses textos podem ser considerados um avanço, mas não por completo.
Estudar os diferentes grupos é perceber as relações de poder e interesses do processo histórico, e quando sentimos falta de qualquer grupo na escrita histórica, percebemos os interesses do processo educacional, ou a falta dele. A falta de diversidade nos textos nos permite também refletir sobre as diferenças e desigualdades sociais de quem escreve e consequentemente de quem lê esses materiais, os alunos e alunas da escola pública.
Ao analisar os livros, temos que ter em mente, pois isso não fica claro em seus textos e atividades, que quando falamos em um grupo, no caso em questão as mulheres, é necessário a escrita não ser homogênea, pois, dentro da perspectiva das mulheres, existe uma série de diversidades, diferenças e desigualdade. E esse é um dos motivos para que elas se vejam como sujeitos históricos, como agentes sociais. Os livros didáticos ainda possuem várias interferências sociais e culturais, a invisibilidade ou visibilidade de uma identidade de gênero, classe social, raça, etnia, movimentos sociais, é o resultado desse fato, e a educação precisa e deve ser o meio pelo qual podemos problematizar e valorizar as relações de diversidade.
“Um professor de História, mais do que ensinar datas e fatos (que são importantes, mas não devem constituir-se na razão única do ensino de História na escola, é alguém que coloca o aluno em contato com os processos de construção/reconstrução do passado, ou, em outras palavras, abre um diálogo acerca do presente valendo-se das reinterpretações a que é submetida a produção do conhecimento histórico”. (SEFFNER, 2000, p. 260)
Seguindo o pensamento de Seffner, o ensino de História deve possibilitar que o (a) aluno (a) interrogue sobre a sua própria historicidade, inserindo a sua estrutura familiar, a sociedade a qual pertence, ou seja, fazendo preocupar-se com a construção de sua identidade social, e perceber os discursos do meio que está inserido.
Referências
Ana Carolina Santos Prohmann é licenciada em história pela Unespar e pós-graduada em História, Arte e Cultura pela UEPG.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Curitiba: Secretaria de Estado da Educação, 2008.
PERROT, Michele. Escrever uma história das mulheres: relato de uma experiência. Dossiê História das Mulheres no Ocidente. Cadernos Pagu. N. 4. Campinas: Núcleo de Estudos de Gênero/UNICAMP, 1995.
REIS, Anderson Roberti dos; et.al. Ser protagonista: História. 1ª Ed. São Paulo: Edições SM, 2013.
REIS, Anderson Roberti dos; et.al. Ser protagonista: História. 2ª Ed. São Paulo: Edições SM, 2013.
REIS, Anderson Roberti dos; et.al. Ser protagonista: História. 3ª Ed. São Paulo: Edições SM, 2013.
SEFFNER, Fernando. Teoria, metodologia e ensino de História. In: GUAZZELLI, César A. B. et al. Questões de teoria e metodologia da Historia. Porto Alegre: Ed. Da Universidade, 2000, p. 257-288.
SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: Uma introdução às teorias do currículo. 3ª Ed. Belo Horizonte: Aut
Olá Ana,
ResponderExcluirseu trabalho é muito pertinente para refletirmos sobre o ensino de história das mulheres. Para além do tema, o texto permite estabelecer relações com o mercado de produção de livros didáticos e o ão atendimento ao PNLD. Em estudo recente realizei uma pesquisa sobre o PNLD 2018 e as mulheres durante a Revolução Russa, o descaso com a história das mulheres é tão grande que um dos livros chegou a apresentar em um box explicativo a seguinte pergunta: “As mulheres tiveram importante papel na Revolução Russa. Por que será que os livros geralmente não mostram isso?”(BOULOS,2016, p. 43)
Apresentar os conteúdos apenas como participação e valorização masculina faz com que pensar sobre a história das mulheres em sala seja algo restrito a pequenos grupos de professores/as interessados sobre o tema. Você pretende dar continuidade nesse trabalho? Você analisou outras edições? Qual foi seu critério de seleção? Desde já, obrigado. Att Jorge
Olá Jorge, obrigada pela contribuição, sim, agora no mestrado estou continuando as pesquisas sobre o tema, a princípio só havia analisado essas edições, escolhi devido ser o livro didático utilizado no maior colégio da minha cidade, São Mateus do Sul, logo tendo o maior alcance.
ResponderExcluirAgora é necessário trazer novas reflexões e análises, sobre a falta de representação das mulheres nos livros didáticos ou como estão inseridas no livro.
Att, Ana Carolina.
Boa tarde! Primeiramente quero parabenizá-la pelo excelente trabalho exposto aqui. Eu pessoalmente nunca tinha parado para analisar a forma como o livro didático retrata as mulheres na história (quando trata). Com isso eu acredito que os matérias didáticos, devem dar bem mais espaço para que se mostre o quanto as mulheres batalharam na história em diferentes temporalidades, mas para isso precisamos de políticas educacionais que incentivem esses novos modelos de inclusão, pois como você mesma refletiu que as exclusões começam quando à retratação das pessoas nos livros didáticos aparecem na maioria das vezes no gênero masculino ( pesquisador, historiador), sendo que cada vez mais nos mulheres estamos desenvolvendo pesquisas e produzindo. Mais uma vez achei o seu trabalho importantíssimo para se pensar gênero no ensino.
ResponderExcluirObrigada
Milena Silvério Ferreira
Muito obrigada Milena, temos muito ainda a refletir e lutar por nosso direitos.
ExcluirAna Carolina
Boa noite!
ResponderExcluirTexto importantíssimo para questões de gênero e educação, sendo um problema que perpassa em todas as áreas de conhecimento.
Deixo aqui uma dúvida: existe diferença na abordagem do papel histórico da mulher em livros didáticos escritos majoritamente por mulheres para livros escritos por homens? Existem estudos sobre isso?
Obrigada!
Camila de Barros Dutra.
Olá Camila, não tenho contato a nenhum estudo referente essa reflexão, sobre os livros escritos por mulheres e os escritos por homens. Mas, é uma questão relevante a ser pensada, vou pesquisar sobre. Obrigada pela contribuição!
ExcluirOlá Ana Carolina, seu texto trouxe uma discussão muito importante para a historiografia. Eu gostaria de saber qual foi o critério que você usou para escolher esse livro didático. Quero pesquisar algo semelhante, mas não sei qual critério usaria para escolher um livro didático em questão.
ResponderExcluirAtenciosamente Iara de Oliveira
Olá, Lara. Eu escolhi o livro utilizado na maior escola pública da cidade que morava, São Mateus do Sul, pois esse tinha um maior alcance, além do título do livro trazer uma boa reflexão a problemática “ Ser Protagonista História”, quem são os protagonistas , como o título coloca?
ExcluirEsses foram os critérios da escolha, o título e o alcance local.
Obrigada! Ana Carolina
Oi, Ana Carolina, seu texto foi algo que me trouxe a reflexão sobre o quão é pequeno a posição da mulher nos livros didáticos e na história em relação ao homem, se a inferioridade das mulheres é pequena, o espaço das mulheres negras é realmente algo minúsculo e gostaria que me ajudasse a entender do por quê que a posição das mulheres nos livros ainda é algo considerado menos importante ou valorizado? sendo que os livros didáticos são elaborados por docentes qualificados e que sabem e estudaram que o papel da mulher no meio histórico é algo essencial, tanto na luta por igualdade e liberdade, quanto por direitos e etc...
ResponderExcluirKarina Sousa Rodrigues
Oi Karina, sim a luta pela igualdade, de uma forma geral, ainda é e deve ser grande, temos muitos espaços a conquistar, e temos o direito de saber nossa história.
ExcluirAcredito, que mesmo a historiografia sobre as mulheres ter avançado, a academia ainda é um mundo considerado masculino, é necessário falar sobre esses temas, lembrar de todas as mulheres que de diferentes formas viveram e lutaram por seus direitos, para que hoje nos possamos estar debatendo e refletindo sobre a nossa história e nossos direitos na sociedade atual. Ainda mais em um momento qual podemos perder direitos, que já foram conquistados. O livro didático muitas vezes tem interesses políticos, econômicos, e talvez não tenha interesses sociais, ou ainda podemos pensar que existe uma tentativa de inserir a história das mulheres, mas além de ser algo recente a ser trabalhado, talvez seja difícil pois temos uma história que durante muito tempo foi escrita por homens. Isso se reproduz até na linguagem utilizada, então mesmo quando há uma tentativa, ela não se da por completo na maioria dos casos analisados.
Obrigada pela contribuição!
Ana Carolina
Parabéns pelo seu trabalho!Analisando seu texto,percebe-se que a mulher permanece omissa nestes relatos que foi escrito na sua pesquisa.Mesmo tendo atuado em vários acontecimentos da História,ainda é possível perceber que alguns autores não destacam a importância da mulher na sociedade.Será que a presença machista ainda permanece na sociedade?
ResponderExcluirOi Hélia, sim, não tenho dúvidas quanto a nossa sociedade machista, e é necessário ter consciência que o machismo existe para poder combatê-lo, machismo esse que muitas vezes está em nós mulheres, pois crescemos em uma sociedade machista.
ExcluirO estudo sobre as mulheres, e não apenas algumas ilustres mulheres, mas as mulheres de forma geral, é muito relevante para a sociedade e para luta por igualdade.
Obrigada, Ana Carolina
Baita trabalho, estamos vivendo e presenciando esse acelerado retrocesso, mas nossa luta continua por que somos resistência. Parabéns querida
ResponderExcluirRaildis Azevedo
Exatamente! Obrigada, e vamos continuar lutando!
ExcluirAna Carolina
Excelente reflexão. O livro didático reflete não somente as ideologias do meio ao qual seus produtores estão inseridos, bem como, também incute ideias daqueles que que permitem sua publicação. Assim sendo, mesmo estando no século XXI, a mulher ainda permanece sendo representada de forma estereotipada. Tendo em vista a análise ao qual propôs fazer, você acredita que as mudanças para tais concepções ainda enraizadas ao longo do tempos, partirá dos profissionais, que em sala de aula procura desconstruir o que vem sendo posto? Ou de repente acredita, que a inserção de mulheres no mercado de confecção didática ajudaria a (re)construir uma ideia da mulher em sua forma plural?
ResponderExcluirLeide Rodrigues dos Santos
O livro didático ainda é um grande aliado na sala de aula, por isso deve ser igualitário, representados a todos e todas, é claro que muitos(as) professores(as) buscam outras fontes e isso deve ocorrer, essa iniciativa dos(as) profissionais é muito importante para o ensino.
ExcluirAcredito que é necessário uma grande mudança, de todos(as) os (as) profissionais para que a educação seja igualitária, e isso refletindo no livro didático e no ensino.
Obrigada, Ana Carolina
Muito significante ler sobre sua abordagem,sabemos que a mulher sofreu e ainda continua sofrendo muito preconceito mediante a discriminação de gênero. Mas ficamos grata por que aos poucos estamos conseguindo expandir nosso lugar na sociedade. Porém me entristece saber que ainda a mulher permanece omissa nestes relatos que foi descrito na sua pesquisa. Mediante a essa questão,qual a sua opinião para que ás escolas comecem a debater mais sobre a igualdade de gênero,seja em debates ou palestras,porém acharia interessante desenvolver políticas que enalteçam o papel da mulher no meio em que vivemos.
ResponderExcluirMaria Elany Santos Lima
Obrigada pela contribuição! Concordo com você, é necessário políticas que pensem em todos e todas, nas diferentes esferas, políticas públicas nas escolas. As palestras e eventos que tratem sobre as mulheres e principalmente com mulheres é essencial. Não podemos mais falar “ sobre” temos que falar “com”, aproximando e não excluindo.
ExcluirObrigada, Ana Carolina
Olá Ana Carolina!
ResponderExcluirInicialmente, gostaria de parabenizá-la pela escolha do tema.
O seu texto traz questões pertinentes e contribui não só com o debate acerca do Ensino de História, mas também com as discussões referentes às representações sociais dos papéis de gênero. Nesse sentido, gostaria que você mencionasse se, no livro analisado, em algum momento o autor extrapola a perspectiva binária para tratar das identidades de gênero.
Atenciosamente,
Ana Laura da Silva Castro.
Olá Ana Laura,
ResponderExcluirNos livros as questões de gênero não são trabalhadas de forma expressiva, existe sim a tentativa, e em alguns momentos ela surge, quando aparece, existe uma reflexão, que pode ser melhor explorado pelo professor ou professora, mas essas atividades e questionamentos existentes são coerentes e bem colocados.
Obrigada! Ana carolina
Parabéns Ana. Todo livro didático traz consigo um discurso e uma ideologia. Teu texto me fez lembrar o modo como o Egito é tratado (ou pelo menos era) em boa parte dos livros didáticos, como sendo algo a parte da África. Importante entendermos que o processo de mudança de mentalidade é sempre algo lento e que trabalhos como o teu fortalecem o percurso. Além das mulheres, no decorrer do teu trabalho percebeste outro grupo desprivilegiado pelo livro? Abraço.
ResponderExcluirFelipe Rosenthal Rabelo.
Olá Felipe, que bom gostou! Sim, na maioria das vezes é evidenciado apenas homens brancos.
ExcluirObrigada!
Bom dia, parabéns pela a linha de pesquisa e acredito que seja de suma importancia se analisa sim o aparecimento feminino nos livros didáticos, embora eu acho louvável se levar em consideração qual livro você está analisando e também os autores do livro pra que haja melhor entendimento e a possibilidade de se levantar mais críticas e conceitos.
ResponderExcluirOlá Ana, Boa tarde! Como as representações femininas no livro didático pode ser efetiva na luta contra a cultura do patriarcado e seus mecanismos de poder e sustentação como o machismo?
ResponderExcluirAlessandro Lopes Campelo
Oi Alessandro, as meninas devem se ver como sujeitos históricos, se sentir representadas. Isso não vai implicar com o fim do machismo ineditamente, mas é necessário para fortalecimento das mulheres, além de conhecer o seu passado, modificar o presente. É necessário para todos os alunos e alunas esse entendimento que em todos os momentos da história, nos mulheres estávamos presente.
ExcluirObrigada!
Ana Carolina
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ResponderExcluirOlá boa noite, Como as diretrizes funcionam diante das discussões e diálogos sobre a quentão de gênero e diversidade sexual nas escolas? E se deve estar presente para a construção de uma sociedade mais igualitária como seria?
ResponderExcluirÉrica de Araújo Lourenço Morais
Parabéns pelo belíssimo texto. Um discussão muito pertinente, principalmente na atual, nesse sentido em relação a presença e representação da mulher. Como a imagem da mulher negra é constituída no livro didático?
ResponderExcluirPrimeiro, parabenizo pelo trabalho. A minha pergunta é a seguinte: Diante do contexto político atual e essa aversão às discussões de gênero, podemos perder - mesmo o pouco que se tem - o espaço dado a esses debates no livro didático? Como você avalia isso?
ResponderExcluirEmerson Melquiades Ribeiro
Obrigada, infelizmente é um momento muito complicado, como você colocou, porém, não podemos deixar que esses espaços conquistados fiquem comprometidos, esses momentos de crise nos fazem repensar sobre a nossa prática, e temos que continuar, com certos cuidados, mas nunca parar nossos estudos.
ExcluirObrigada, Ana Carolina
Tema totalmente necessário, parabéns pela iniciativa tanto pela análise do livro didático quanto pela especificação na relevância da mulher como personagem histórico. Gostaria de saber, como futura professora quais meios poderiam ser usados para driblar essa falta de informação de forma efetiva na rede pública, considerando a dificuldade de recursos que permeiam o ambiente público escolar, o que seria mais recomendável, materiais iconográficos ou o uso dirigido da internet (já que é um fator predominantemente cada vez mais acessível)?
ResponderExcluirAtt
Gilmara Dourado Costa
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ResponderExcluirBoa tarde, Ana Carolina. Achei muito rica sua análise dos livros didáticos, assim como as reflexões feitas em torno da pouca representatividade feminina, comprometendo dessa forma a criticidade de nossas alunas e alunos. Como pretendo me aventurar nessa temática, gostaria de saber se, para além da bibliografia aqui exposta, você poderia compartilhar conosco seu embasamento teórico que possibilitou identificar as lacunas presentes nos livros acerca do protagonismo histórico feminino.
ResponderExcluirAna Patrícia da Silva
Parabéns Ana por escrever sobre um tema tão importante, excelente texto que me fez refletir e lembrar sobre como eu nunca me sentia "representada" nas aulas de história do ensino fundamental e médio, eu vivia me perguntando onde as mulheres se encontravam pois só se falavam de grandes homens e quando as mulheres apareciam eram sempre secundárias e não era dado muita relevância ou eram dadas como "loucas"... Levando em consideração que temos uma história praticamente toda escrita por homens e sobre homens o que sugere que possamos fazer para garotas se sentirem representadas durante as aulas?
ResponderExcluirGabrielly Godoi Soares
Quais as maiores dificuldades em trabalhar a importância da mulher que por muito tempo foi silenciada pela história, sem entrar na temática de gênero? Pois é um assunto que gera discussões em sala de aula, sair da zona de conforto dos alunos ao pensar a importâncias dessas mulheres que por muito tempo foram esquecidas.
ResponderExcluirVitoria Cristina Bueno
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ResponderExcluirPara você quais são os principais motivos pelos quais as mulheres não possuem tanta representatividade no livro didático atualmente?
ResponderExcluirRailany Oliveira de Sousa.
Olá, Ana! Parabéns pelo seu trabalho. Muito relevante a reflexão sobre o espaço que a mulher tem nos livros didático. Sou professora de História e sempre sinto me muito incomodada com o espaço que as mulheres tem nos livros didático. Penso que isso é um dos reflexos da sociedade atual. Ana, pensa em analisar outras coleções de editoras diferentes? No texto você analisou livros do Ensino Médio, tem projeto para analisar livros do Ensino Fundamental 2?
ResponderExcluirOlá, Ana! Parabéns pelo seu trabalho. Muito relevante a reflexão sobre o espaço que a mulher tem nos livros didático. Sou professora de História e sempre sinto me muito incomodada com o espaço que as mulheres tem nos livros didático. Penso que isso é um dos reflexos da sociedade atual. Ana, pensa em analisar outras coleções de editoras diferentes? No texto você analisou livros do Ensino Médio, tem projeto para analisar livros do Ensino Fundamental 2?
ResponderExcluirMaiara C. Pacheco
Boa noite, Ana Carolina! Primeiramente parabéns pelo seu artigo, é muito importante levantar esse tipo de discussão em uma sociedade predominantemente machista, sexista e bastante patriarcal. Como se sabe, no Brasil houveram diversas fricções interétnicas, no qual moldaram o que hoje é a população nacional. No seu texto você apresenta que, nos livros didáticos, as mulheres negras ainda não são conhecidas e estudadas como as brancas e muito menos como os homens são estudados. Sobre representatividade étnica, qual é sua opinião sobre esta realidade? Qual seria uma solução para o ensino de mulheres negras e índias em sala de aula?
ResponderExcluirAtenciosamente,
Juliane Carla Guedes Lima da Silva
Parabéns pelo seu trabalho, Juliane!!.Eu gostaria de saber, qual o seu posicionamento sobre pesquisas realizadas por homens acerca das representações femininas nos livros didáticos? Como você enxerga a questão do local de fala?
ResponderExcluirParabéns pelo seu trabalho, Ana Carolina!! Eu gostaria de saber, qual o seu posicionamento sobre pesquisas realizadas por homens acerca das representações feminidas nos livros didáticos? Como você enxerga a questão do local de fala?
ResponderExcluirObservação: refiz a minha pergunta, pois na anterior eu cometi um equívoco sobre seu nome. Desculpa!
Fernando Sousa Lima.