Alexandra Sablina do Nascimento Veras



EDUCANDO PARA A DIVERSIDADE DE GÊNERO E SEXUALIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFESSORES DE HISTÓRIA, DA REDE PÚBLICA DE ENSINO


Em tempos de incertezas, intolerâncias e desesperança, falar de gênero e de diversidade sexual na escola tem se tornado um desafio cada vez maior, principalmente para os professores de História, da rede pública de ensino. Se essas questões têm crescido e assumido certo espaço em nossa sociedade, ao mesmo tempo ainda permanecem problemáticas, caracterizadas por uma sociedade que ainda se constitui em um processo de transformações e contradições. Discussões em torno dos conceitos de família, homem, mulher, gênero e sexualidade, como construções históricas e sociais, tem repercutido nas mais variadas situações de conflito dentro do espaço escolar.  De um lado, deparamo-nos com discursos, tanto por parte de pais e alunos como também de professores, que defendem que tais assuntos não devem ser discutidos em sala de aula, por compreender que não é papel do professor, nem da escola tratar sobre essas questões; E, de outro, com a emergência de discursos que associam tais discussões a uma forma de doutrinação e tentativa de deslegitimação dos valores da família, da religião e da vida em sociedade.

Dessa forma, ao passo em que nos encontramos em um momento histórico do qual o lema é educar para a diferença, ao mesmo tempo nos deparamos com um cenário paradoxal, onde a intolerância e o preconceito emergem como forma de manutenção da ordem e da moralidade. Nota-se, portanto, que as questões relacionadas ao gênero e a diversidade sexual vem sendo tratadas de maneira um tanto contraditória.  Se por um lado tornaram-se questões cada vez mais presentes no cotidiano das sociedades contemporâneas, por outro, deparam-se com um panorama que oscila entre visões progressistas e conservadoras.  A primeira que se basearia na tentativa de reconhecimento e valorização de novos padrões de comportamento e sociabilidade, e a segunda na manutenção de suas representações em condições imutáveis.

A partir disso, o objetivo desse trabalho é apresentar algumas reflexões relacionadas aos desafios enfrentados pelos professores de História, da rede pública de ensino, em educar para a diversidade de gênero e sexualidade.
O interesse por esse estudo de caso surgiu a partir da experiência como Bolsista de Iniciação a Docência, do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID, na escola técnica de nível médio Ministro Petrônio Portella – CEEP, localizada no município de Parnaíba, no Piauí. Em Abril de 2014, enquanto permanecia na sala dos professores, esperando meu horário para entrar em sala e realizar a atividade programada para aquele dia, deparei-me com os comentários de uma professora. A profissional se referia por meio da frase “que coisa ridícula” a duas garotas que estavam se abraçando e acariciando os cabelos uma da outra no pátio da escola. Tal ocorrência, principalmente pelo fato de tê-lo presenciado, instigou-me a buscar compreender as implicações trazidas por essas manifestações de preconceito no ambiente escolar.

Metodologia
Para desenvolvermos o presente trabalho, além das atividades realizadas semanalmente como parte das ações do PIBID, em que discutimos conceitos como gênero, sexualidade, diversidade sexual e preconceito, realizando oficinas com alunos do 1º ao 3º anos do ensino médio, também nos empenhamos em observar a rotina dos alunos dentro da sala de aula e, principalmente, fora dela, nos pátios e corredores da escola.

Em conjunto com essas ações, aplicamos um questionário com alunos de turmas distintas, com perguntas objetivas e subjetivas relacionadas às questões de gênero e diversidade sexual, preservando o anonimato dos alunos, para que assim pudessem se sentir mais a vontade para falar sobre o assunto.  O questionário, elaborado de forma simples e sucinta, versava sobre as seguintes questões: Você já presenciou alguma manifestação de homossexualidade aqui na escola? Como você se sentiu? Qual o seu posicionamento sobre isso? Dado o forte preconceito que muitas pessoas ainda hoje enfrentam devido a sua sexualidade e identidade de gênero, você acha que é importante que a escola discuta sobre essas questões? Ao todo, duzentos e onze alunos responderam o questionário.

Importante observar que a realização dessa atividade não foi uma tarefa fácil. Alguns alunos recusaram-se a responder o questionário e outros até fizeram brincadeiras. Percebemos também o desinteresse por parte de alguns professores em relação à atividade. Á análise dos questionários também chegou a ser constrangedora. Alguns alunos escreveram frases como: “eu acho isso nojento”; “eu vejo isso é todo dia”; “só o que tem nessa porra é sapatão” (sic).
Por meio da observação participante e da análise dos questionários, identificamos que à diversidade sexual na escola ainda é objeto de preconceitos, vergonha e estigmatização. Nota-se que a aceitação e convívio com representações homoafetivas encontram maior resistência entre os garotos, sendo um pouco mais tolerável e comum entre as garotas. No entanto, apesar de serem práticas conhecidas, em ambos foi possível identificar ainda o predomínio de certa vergonha em tratar do assunto. Mesmo entre aqueles alunos que consideraram a questão da diversidade sexual como algo normal, no entanto, admitiram “tirar onda” quando ficavam sabendo de um (a) colega que era gay, bi ou lésbica. Alguns disseram sentir vergonha ou “achar graça” quando viam ou ficavam sabendo dessas coisas (sic). Também, notamos que esse sentimento de vergonha não se restringia àqueles alunos considerados “normais”, mas também atingia parte dos próprios alunos identificados, pelos outros alunos, como homoafetivos. 

Nesse contexto, apesar da diversidade sexual ser comum no dia - a - dia dos alunos da escola aqui estudada, principalmente o lesbianismo, tais representações dificilmente podem ser identificadas, visto que os alunos sentem vergonha de falar ou realizar alguma ação que possa ser vista pelos professores ou demais alunos. Entretanto, a diversidade sexual é algo presente no cotidiano dos alunos, e apesar de serem silenciadas, são práticas conhecidas e apontadas, tanto por outros alunos como também por professores, o que contribui ainda mais para a estigmatização desses indivíduos, identificados como indecentes.

Sobre as relações de gênero, uma parte dos alunos afirmou não ter nada a colocar sobre essas questões, e que hoje tanto os homens como as mulheres possuem os mesmos direitos, como votar, trabalhar fora, sair e beber (sic). Além disso, mesmo tendo sido um assunto discutido e trabalhado em sala de aula, alguns alunos afirmaram não saber o que significava gênero ou relações de gênero.

Discussão
Compreendendo a educação como um processo de identificações historicamente e socialmente construídas que vai contribuindo na construção e legitimação da identidade social dos indivíduos, a escola como um espaço social que está em constante interação com fatores que são internos e externos a ela, atua como vetor das capacidades dos indivíduos que a compõe pensarem e se relacionarem. Nesse contexto, a escola constitui-se em um espaço complexo, heterogêneo, plural, através da qual a aquisição e desenvolvimento de conhecimento e cidadania, desigualdades e preconceitos coexistem. Dessa forma, representa, também, um espaço onde se cria e se expande as desigualdades, constituindo-se em um meio propício para que se propaguem as relações de poder (BOURDIEU, 1998).

A partir desse embasamento teórico, a questão da diversidade sexual dentro da escola tornou-se mais complexa e inquietante quando notamos que a intolerância em relação às representações homoafetivas não está, de forma explícita, apenas entre os alunos, mas também entre alguns educadores, culminando, em casos específicos, no conflito entre aluno/professor. Tal circunstância estrutura-se na busca de ocultar determinadas manifestações, seja por meio da repressão, seja através do silenciamento da própria escola em relação a esses sujeitos, deixando-os em posições relegadas. Nesse sentido, Louro compreende que:

“O processo de ocultamento de determinados sujeitos pode ser flagrantemente ilustrado pelo silenciamento da escola em relação aos/as homossexuais. No entanto, a pretensa invisibilidade dos/das homossexuais no espaço institucional pode se constituir, contraditoriamente, numa das mais terríveis evidências da implicação da escola no processo de construção das diferenças. De certa forma, o silenciamento parece ter por fim “eliminar” esses sujeitos, ou, pelo menos, evitar que os/as alunos/alunas “normais” os/as conheçam e possam desejá-los. A negação e a ausência aparecem, nesse caso, como uma espécie de garantia da norma”. (LOURO, 2001, p. 89).

Conseguinte, a própria escola contribui de modo a produzir e a reproduzir, através de uma ordem dominante, desigualdade de gênero, raça, etnia, que vai contribuindo na distinção e separação dos indivíduos em categorias, proporcionando um espaço privilegiado para uns e desigual para outros. Segundo Louro, os distintos procedimentos e estratégias disciplinares atuam todos em campos de poder, através de um exercício desigual. “Currículos, regulamentos, instrumentos de avaliação e ordenamento dividem, hierarquizam, subordinam, legitimam ou desqualificam os sujeitos” (LOURO, 2004, p. 84-85).

Nesse sentido, tais imposições, como em qualquer instituição que visa manter suas regras determinadas e consolidadas através de um padrão de organização interpretado como moral e correto, estão muito atuantes no cotidiano da escola, contribuindo na implementação de uma política educacional que investe em estratégias e mecanismos que visam à homogeneização dos indivíduos que a constituem. Na busca por essa homogeneidade, a escola acaba que por se transformar em um espaço onde se cria e se propaga as diferenças, onde aqueles alunos que fogem às regras constituem uma espécie de problema a ser solucionado.

Através de uma ordem dominante que vai se auto-sustentando por meio de técnicas previamente calculadas, a disciplina toma seus indivíduos como se os fabricassem, tomando-os, ao mesmo tempo, como objetos e instrumentos de seu exercício (FOUCAULT, 2011). Nesse contexto, esperam-se dos alunos determinados comportamentos interpretados como naturais. Segundo Foucault (2011, p. 170) “A disciplina faz “funcionar” um poder relacional que se autossustenta por seus próprios mecanismos e substitui o brilho das manifestações pelo jogo ininterrupto dos olhares calculados”. É no jogo desses olhares calculados, hierarquizados, que a escola acaba que impondo de forma aparentemente silenciosa, por vezes constrangedora, diferentes formas de exercer e manter o poder, buscando legitimar e pregar a ordem, caracterizando esta como detentora da determinação do certo e do errado, do moral e o não moral.

Assim, por meio de nossas observações e atividades realizadas na escola aqui analisada, foi possível identificar que a relação professor/aluno, em casos específicos, é um tanto conflituosa, estabelecida a partir de regras de convivência que determinam padrões de comportamento a serem seguidos, tanto dentro, como fora da sala de aula. Abraçar, acariciar e até beijar são, dentro de certos limites, tolerados dentro do ambiente escolar. No entanto, quando se tratam de relações homoafetivas, não há a mesma tolerância. Nesse caso, além das advertências, a consulta aos pais é um recurso utilizado pela escola, pois a um consenso de que os pais ou responsáveis possuem o direito de serem informados de tais acontecimentos.

É em meio a esse embate de duas camadas que se chocam, uma que diz respeito a um modelo padrão de educação que constantemente está à procura de legitimar-se, e outra que representa uma minoria repreendida, plural e heterogênea, que começam a se estabelecer às relações de poder, de disputas que vão servindo de baliza na construção e legitimação de identidades forjadas, que tomam como base comportamentos regulamentadores estereotipados. Tal fato exerce importância significativa no desenvolvimento das capacidades dos alunos pensarem e se relacionem com os outros e, principalmente, consigo mesmo. E, é nesse contexto, que às questões relacionadas à diversidade sexual tornam-se mais complexas, pois os alunos tendem a reproduzir tais posturais em seu cotidiano, assumindo uma relação de preconceito e até de agressividade verbal em relação a tais manifestações dentro da escola. Tal fato, em parte, é desencadeado pelo fato de que os alunos, enquanto sujeitos historicamente situados, esforçam-se para integrar-se em sociedade. Em meio a essa busca em atender as normas e padrões sociais, o aluno coagido acaba que, de forma inconsciente ou não, tomando atitudes de não aceitação ao diferente. Destarte, a determinação do que é ou não normal encontra-se arraigada à atribuição de identidades gestadas no coletivo, em que haveria uma preocupação do indivíduo quanto à imagem que lhe será atribuída pelo seu grupo de referência em seu contato com o “estranho” (COSTA, 1996).

Diante desse cenário, compreendemos que o estranhamento à homoafetividade deriva de uma necessidade de não confundir-se com o outro, em nome de uma masculinidade compreendida como legítima e normal, da qual é legitimada por padrões culturais que cultivam simbólica e explicitamente hierarquias e moralismos em nome da virilidade (ABRAMOVAY, CASTRO & SILVA, 2004). Segundo Louro (1997):

“A homofobia, o medo voltado contra os (as) homossexuais, pode-se expressar ainda numa espécie de “terror em relação à perda do gênero”, ou seja, no terror de não ser mais considerado como um homem ou uma mulher “reais” ou “autênticos (as).”  (LOURO, 1997, p.  29).

Consentida, e em grande medida “ensinada” na própria escola, a homofobia se expressa assim pelo desprezo, pelo afastamento e pela imposição do outro ao ridículo (LOURO, 2000). Os comportamentos sexuais seguem assim um padrão de ordenação, e aqueles que fogem a essas regras são os reprovados, transgressores, os anormais (FREIRE, 1992). 

De acordo com Pierre Bourdieu (1983), a juventude se organiza enquanto estrutura social. Os jovens se organizam a partir de características culturais e sociológicas próprias. Nesse sentido, as construções de identidades vão sendo materializadas no cotidiano, na interação com o outro. Por sua vez, quando esse contato é frustrado diante de uma realidade alheia, em que o aluno não se sente integrante do grupo por ser “diferente”, há um choque de identidade onde esse aluno se esforça na tentativa de buscar atender as normas e padrões sociais, e o faz ocultando suas representações ou excluindo-se e criando seu próprio grupo.

Considerações finais 
A partir de nossa experiência na escola Ministro Petrônio Portella, identificamos que as questões relacionadas ao gênero e a diversidade sexual ainda não fazem parte das discussões realizadas em sala de aula. Os próprios professores de História dificilmente discutem sobre tais assuntos. Uma das razões apontadas é o fato de que a disciplina de História já possui uma carga horária reduzida em comparação com outras disciplinas como português, matemática e física. Além disso, não há material adequado, nem incentivo aos professores. Diante desses desafios, o PIBID representou uma das poucas oportunidades para que temas como gênero e diversidade sexual fossem trabalhados em sala de aula, ainda que não tenha sido tão bem recebido pela comunidade escolar quanto gostaríamos.

Portanto, é urgente e fundamental que gênero e diversidade sexual sejam debatidos em sala de aula. Tais questões, mesmo em parte silenciadas, encontram grande repercussão, principalmente na vida dos adolescentes que se encontram numa fase de descobrimento de suas próprias ideias, desejos e do seu próprio corpo. A sociedade em si já trata de produzir e reproduzir estigmas e preconceitos relacionados às questões de gênero e sexualidade, a escola, por sua vez, não deveria posicionar-se de maneira a também reproduzir e consolidar tais posturas. As diferenças e semelhanças não devem ser critérios para a atribuição de privilégios, de inclusão ou exclusão.

A educação, responsável por inserir os indivíduos dentro de uma dada sociedade, é um dos principais meios para a transformação social. É essa educação que desde cedo cuida de transfigurar radicalmente as condições naturais dos indivíduos que fornecerá subsídios para que esses sobrevivam em seu meio social. Nesse contexto, ideias e conceitos culturalmente determinados encontram possibilidades de mudanças. No entanto, para que haja tais mudanças é necessário motivar, sensibilizar e estimular novas posturas visando à compreensão da alteridade. Faz-se necessário um formato de escola e de políticas educacionais que objetivem a concretização dessas conjecturas, tendo como pressuposto a equidade de direitos a diversidade. Compreendemos, assim, que é a partir da identificação e compreensão desses fatos que será possível o desenvolvimento de uma educação mais democrática, que possa dar visibilidade e maior participação ao outro.

Referências
Alexandra Sablina do Nascimento Veras. Licenciada em História pela UESPI, e mestranda em História Social, pela UFC.

ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G.; SILVA, L. B. Juventude e sexualidade. Brasília: UNESCO, 2004.
BOURDIEU, Pierre. A juventudeé apenas uma palavra. In: ______. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p. 112-121.
BOURDIEU, Pierre. A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: NOGUEIRA, M. A.; CATANI. Afrânio (orgs). Escritos de educação. Petrópolis, Vozes, 1998.
COSTA, Jurandir Freire. O referente da identidade homossexual. In: PARKER, Richard; BARBOSA, Regina Maria (Orgs.). Sexualidades brasileiras. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, Abia, Uerj, 1996.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 35. ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
LOURO, G. L. Teoria Queer: Uma Política Pós-Identitária para a Educação. In: Revista Estudos Feministas. V.9 n.2 Florianópolis, 2001.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.
LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado. Pedagogias da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: Ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

81 comentários:

  1. As relações de gênero tem seus aspectos políticos e históricos, conflitos e sujeitos históricos que constroem as representação e relações de gênero, ligando as relações de gênero às relações de poder que constituem a sociedade. Com isso pergunto quais são as possíveis estratégias para poder formar cidadãos com outras concepções que vá quebrar o paradigma da dicotomia sexo/gênero?
    Priscila Paim Pereira

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    1. Olá, Priscila, obrigada pelas contribuições. Eu diria que se já era difícil falar sobre gênero e diversidade sexual em sala de aula, agora, nesse momento em que estamos vivendo - um momento de desconstrução dos fatos históricos e da própria realidade, que vem cada vez mais ganhando força - falar sobre tais assuntos ficou mais difícil ainda. Os alunos (as), sejam crianças ou adolescentes, já chegam de casa com noções e preconceitos já consolidados, e é muito complicado você trabalhar isso. Penso que não é uma oficina, uma ou duas atividades que vai modificar essa realidade. Pode até surtir algum efeito em alguns alunos (as), mas não o suficiente. Nesse sentido, penso que a primeira coisa que se deve investir é no pensamento crítico dos alunos (as), e isso não apenas nas aulas de História, mas em todas as disciplinas, o que não ocorre muito, pelo menos no que diz respeito a educação básica, na rede pública. O pensamento crítico chega muitas vezes quando se está na Universidade. Se desde cedo o aluno/aluna já começar a desenvolver esse pensamento crítico, talvez se torne um pouco menos problemático trabalhar com essas questões; A segunda estratégia é, sem dúvida, a capacitação dos professores. Como mesmo mostrei no meu trabalho - claro, dentro de limitações, pois se baseia em um estudo de caso proveniente de uma experiência no programa Pibid -, a gente percebe que falta essa capacitação e conscientização dos profissionais da educação. Se isso for trabalhado, e não apenas com o professor (a) de História, eu acredito que assim somos capazes de avançar. Não adianta um professor (a) levar essa discussão para sala de aula e ser, sozinho (a), “apedrejado (a) ” se não há apoio e nem iniciativas da comunidade escolar. Os alunos, assim como os professores e demais profissionais, vivem dentro de uma determinada estrutura social, então não se pode apenas julgar suas concepções. É preciso toda uma rede de sensibilização, e eu acredito que isso deve ser feito em conjunto: professores, gestores, alunos, pais e responsáveis. Tanto a escola como os professores em geral devem ter essa preocupação. E aí já entramos na questão do papel da Educação e do professor na formação da identidade social dos indivíduos.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras.

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  2. Qual o papel da Educação e dos professores em relação a diversidade de gênero da atualidade, e como refletir e elaborar discussões sobre a categoria de gênero e o debate de suas consequências?
    Priscila Paim Pereira

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    1. Primeiro penso que criar uma disciplina específica para a questão do gênero e da diversidade sexual não seria a primeira opção, pelo menos não nesse cenário que estamos vivendo no momento. Toda escola, além das disciplinas teóricas, deveria também oferecer oficinas e outras atividades fora da sala de aula, em laboratórios (se tiver), ao ar livre, e penso que é aí que devemos começar. Mas, isso só vai ocorrer se os professores e a escola em geral enxergarem a repercussão que as questões de gênero e sexualidade tem na nossa sociedade, e enxergarem a importância do seu papel, enquanto instituição formadora que, de certa forma, é detentora de legitimidade. Enquanto não ocorrer essa “despertar” de quem estar de certa forma “autorizado” a falar, vamos continuar cotidianamente sendo “apedrejados (as) ” toda vez que abrimos a boca para falar de diversidade sexual em sala de aula. Mas, enquanto esse “despertar” não acontece, penso que devemos procurar as brechas no cotidiano para irmos aos poucos trazendo essas problemáticas para a sala de aula, que aí já entra na resposta da sua questão de número 03. Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  3. Como a grade curricular do ensino de História e outras ferramentas de aprendizagem podem contribuir para proporcionar as novas gerações, de maneira atualizada, buscar um reconstrução constante do identitário, para um melhor desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes?
    Priscila Paim Pereira

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    1. A grade curricular tem muito ainda a evoluir nesse sentido, mas existem várias formas de eu, professora da educação básica,trabalhar as questões de gênero e diversidade sexual visando uma educação mais democrática, inclusiva e que não perca de vista a aprendizagem dos alunos (as) que é o que mais se cobra de um professor (a): História Antiga, História Medieval, História Moderna e História Contemporânea. Veja, eu posso muito bem discutir o papel da mulher nesses diferentes momentos históricos, a partir de recortes, e posso sim trazer a discussão sobre relações de gênero fazendo um paralelo com a sociedade contemporânea. Não vamos ter uma disciplina específica que vai “tomar” carga horária, e também não vamos ficar paralisados (as) diante da ausência de material adequado, vamos, porém, seguir os rastros que estão nos silêncios do próprio livro didático. E isso também pode ser feito com a questão da diversidade sexual, de uma forma mais tímida, claro. Diante das dificuldades, da ausência de recursos, condições de trabalho, carga horária extrapolada, vejo que uma das poucas armas que temos é a própria História, que está aí, basta que saibamos escavá-la. Filmes e séries atuais também são um ótimo recurso, contudo que saibamos usar de forma adequada a cada faixa etária. Ao lançar mão de séries e filmes é importante que busquemos recuperar aspectos que ultrapassem a mera questão da sexualidade ou do gênero, e que assim contribua para uma visão crítica da sociedade, recuperando aspectos históricos, culturais, políticos. Há filmes bastantes sutis que são bastante interessantes para a discussão justamente pelos silêncios que carregam. Abraço! Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  4. Gostei muito do seu texto, tenho trabalhado com os estudos de gênero desde a minha graduação e sei bem como é difícil tratar desse tema na Educação Básica. Interessante essa atividade desenvolvida na escola a partir de um questionário com os alunos. Eu acredito que uma das maneiras de sensibilizar os alunos a entenderem a existência de uma diversidade sexual e a sua normalização, pelo uso de filmes e séries para introduzir essas discussões. Qual é a sua opinião sobre isso?
    Assinatura: Vitória Diniz de Souza.

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    1. Olá, Vitória, obrigada pelas contribuições. Respondendo sua pergunta. No caso da diversidade sexual, trazer filmes e séries é um ótimo recurso, porque de certa forma entramos na “vibe” dos alunos (as). Mas aí, devemos ter uma série de cuidados. Primeiro, atentar para a faixa etária. E segundo fazer uma análise geral do filme ou da série, que busque recuperar aspectos que ultrapassem a mera questão da sexualidade ou do gênero, e assim contribua para uma visão crítica da sociedade, recuperando aspectos históricos, culturais, políticos. Eu gosto muito de Pierre Bourdieu. Acho que as discussões sobre habitus, estrutura social, capital cultural, capital econômico, tudo isso é válido para estar discutindo aspectos históricos e culturais de filmes e séries. Claro, que aí devemos passar isso em uma linguagem acessível, e ter cuidado com posicionamentos maniqueístas. É sempre recomendável assistir e fazer uma análise do filme ou da série primeiro, para evitar qualquer tipo de constrangimento. As vezes a gente pensa que aluno (a) de ensino médio já é um pouco mais maduro, mas, muitas vezes, comportam-se como crianças do ensino fundamental menor. Fato que evidencia como as questões relacionadas a sexualidade humana ainda é motivo de vergonha, constrangimento e brincadeiras. Há filmes bastante sutis que são bastante interessantes para a discussão justamente pelos silêncios que carregam. Abraço! Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  5. Olá, Priscila, obrigada pelas contribuições. Respondendo suas questões 01, 02 e 03: Eu diria que se já era difícil falar sobre gênero e diversidade sexual em sala de aula, agora, nesse momento em que estamos vivendo - um momento de desconstrução dos fatos históricos e da própria realidade, que vem cada vez mais ganhando força - falar sobre tais assuntos ficou mais difícil ainda. Os alunos (as), sejam crianças ou adolescentes, já chegam de casa com noções e preconceitos já consolidados, e é muito complicado você trabalhar isso. Penso que não é uma oficina, uma ou duas atividades que vai modificar essa realidade. Pode até surtir algum efeito em alguns alunos (as), mas não o suficiente. Nesse sentido, penso que a primeira coisa que se deve investir é no pensamento crítico dos alunos (as), e isso não apenas nas aulas de História, mas em todas as disciplinas, o que não ocorre muito, pelo menos no que diz respeito a educação básica, na rede pública. O pensamento crítico chega muitas vezes quando se está na Universidade. Se desde cedo o aluno/aluna já começar a desenvolver esse pensamento crítico, talvez se torne um pouco menos problemático trabalhar com essas questões; A segunda estratégia é, sem dúvida, a capacitação dos professores. Como mesmo mostrei no meu trabalho - claro, dentro de limitações, pois se baseia em um estudo de caso proveniente de uma experiência no programa Pibid -, a gente percebe que falta essa capacitação e conscientização dos profissionais da educação. Se isso for trabalhado, e não apenas com o professor (a) de História, eu acredito que assim somos capazes de avançar. Não adianta um professor (a) levar essa discussão para sala de aula e ser, sozinho (a), “apedrejado (a) ” se não há apoio e nem iniciativas da comunidade escolar. Os alunos, assim como os professores e demais profissionais, vivem dentro de uma determinada estrutura social, então não se pode apenas julgar suas concepções. É preciso toda uma rede de sensibilização, e eu acredito que isso deve ser feito em conjunto: professores, gestores, alunos, pais e responsáveis. Tanto a escola como os professores em geral devem ter essa preocupação. Mas acho que criar uma disciplina específica para a questão do gênero e da sexualidade não seria a primeira opção, pelo menos não nesse cenário. Toda escola, além das disciplinas teóricas, deveria também oferecer oficinas e outras atividades fora da sala de aula, em laboratórios (se tiver), ao ar livre, e penso que é aí que devemos começar. Mas, isso só vai ocorrer se os professores e a escola em geral enxergarem a repercussão que as questões de gênero e sexualidade tem na nossa sociedade, e enxergarem a importância da sua atuação, enquanto instituição que, de certa forma, é detentora de legitimidade. Mas, enquanto isso não acontece, devemos procurar as brechas no cotidiano para irmos aos poucos trazendo essa problemáticas para a sala de aula. A grade curricular não ajuda muito, mas existem várias formas de eu, professora da educação básica, fazer isso: História Antiga, História Medieval, História Moderna e História Contemporânea. Veja, eu posso muito bem discutir o papel da mulher nesses diferentes momentos históricos, a partir de recortes, e posso sim trazer a discussão sobre relações de gênero. Não vamos ter uma disciplina específica que vai “tomar” carga horária, e também não vamos ficar paralisados (as) diante da ausência de material adequado, vamos, porém, seguir os rastros que estão nos silêncios do próprio livro didático. E isso também pode ser feito com a questão da diversidade sexual, de uma forma mais tímida, claro. Não aconselho passar vídeos sobre relações homoafetivas, infelizmente nossa sociedade ainda não está preparada para isso. Acaba virando bagunça e gerando conflito. Diante das dificuldades, da ausência de recursos, condições de trabalho, carga horária extrapolada, vejo que uma das poucas armas que temos é a própria História, que está aí, basta que saibamos escavá-la. Abraço! Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  6. Quero parabenizar pelo trabalho. A minha pergunta diz respeito a introdução do tema de gênero e diversidade na disciplina História, em qual temática do currículo de história do ensino básico vocês introduziram esse tema? Ou seja, ele foi dado solto ou como parte integrante de uma temática dentro do currículo de História? Pergunto isso pois pode haver alguns professores que não saibam em quais contextos, no que se refere ao currículo de história, aprofundar as questões de gênero e diversidade sexual.

    Emerson Melquiades Ribeiro

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    1. Olá, Emerson, obrigada por suas contribuições. Olha, eu fui bolsista de dois programas Pibid, um de História e outro Interdisciplinar, e os dois foram problemáticos. Primeiro porque a gente depende de os professores cederem seus horários para que possamos fazer nossas atividades, e isso nunca deu muito certo. Segundo, o Pibid trabalha com temas que são planejados previamente, então, muitas vezes esses temas não casam muito bem com os assuntos que estão sendo trabalhados em sala de aula. As escolas que passei sempre tiveram problemas com falta de professores, então sempre estávamos lá esperando uma oportunidade para fazer nossas atividades, as vezes também fazíamos oficinas e palestras, fora dos horários de aula. Então, sim, foram de certa forma iniciativas “isoladas”. Já, como o professor (a) pode está trazendo essas discussões para dentro da sala de aula, como já comentei em outras respostas, penso que criar uma disciplina específica não é uma boa opção, pela menos não nesse cenário que estamos vivendo, um momento de desconstrução e tentativa de deturpação dos próprios fatos históricos. Eu penso que diante disso, e diante também das más condições de trabalho, falta de recursos, falta de material, falta de apoio, carga horária extrapolada, o que nos resta é seguir os rastros da própria História que está aí, basta que saibamos escavá-la. História Antiga, História Medieval, História Moderna e História Contemporânea. Penso que podemos muito bem discutir o papel da mulher nesses diferentes momentos históricos, a partir de recortes, e podemos sim trazer a discussão sobre relações de gênero. Não vamos ter uma disciplina específica que vai “tomar” carga horária, e também não vamos ficar paralisados (as) diante da ausência de material adequado, vamos, porém, seguir os rastros que estão nos silêncios do próprio livro didático. E isso também pode ser feito com a questão da diversidade sexual, de uma forma mais tímida, claro. Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  7. Parabéns pela iniciativa e pelo texto. Embora muito esclarecedor sobre a metodologia e resultados,[PERGUNTA 01]eu gostaria de saber um pouco mais se durante as explanações sobre os conceitos os estudantes demonstraram manifestações contrárias a temática, se sim, qual o teor da justificativa para a recusa? [PERGUNTA 02] Ao final da metodologia você pontuou sucintamente sobre gênero e relações de gênero e as respostas indicaram uma suposta igualdade, de que forma você acha que é possível esclarecer as relações de poder entre os gêneros que há na sociedade moderna? [PERGUNTA 03] No sentido do papel docente como agente mediador da educação, e considerando que nem sempre nossa prática docente está isenta das nossas decisões individuais você pôde perceber se a predominância de pessoas cis e heteronormativa influenciava na manutenção/reprodução dos discursos homo/transfóbicos? E como? [PERGUNTA 04] De que maneira o discurso religioso aparece durante a discussão?

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    1. [QUESTÃO 01 e 04] Um dos questionamentos, não durante minha fala, mas durante uma palestra que fizemos com uma professora trans, que foi explicar a diferença entre sexo e gênero, para falar sobre identidade de gênero, um aluno questionou dizendo que isso não fazia sentido, pois se uma pessoa nasce com um pênis ela é um homem, e se ela nasce com uma vagina, então ela é uma mulher; outro questionamento, aí esse já foi durante minhas atividades, é que um homem + um homem ou uma mulher + uma mulher nunca vão poder gerar filhos, porque Deus fez a mulher para o homem. Mesmo não concordando (porque aí já entra em uma questão muito mais complicada), eu falei que sim. Verdade! Eles nunca vão poder gerar filhos. Mas, eles podem adotar. O que importa é que as pessoas se amem e se respeitem. Você não precisa concordar, nem achar bonito, nem fazer igual ou parecido. Mas, você pode aceitar o outro como ele é. A sexualidade é uma coisa pessoal. Cada um tem a sua. Fora esses casos, não me lembro de outras manifestações muito significativas.
      [QUESTÃO 02]. Penso que a educação para a diversidade de gênero e sexualidade deve ser algo a fazer parte da formação contínua dos educandos, desde as series inicias do ensino fundamental, claro de forma adequada a cada faixa etária. No caso do ensino médio que é onde tenho experiência, eu acho que um bom recurso é está trazendo elementos do cotidiano, por exemplo, séries, filmes, um caso que aconteceu na novela das 09. E buscar estar trazendo essas discussões sempre atreladas ao material didático fornecido pela escola, por exemplo, eu posso discutir o papel da mulher em Atenas, em Esparta, no Renascimento, na Idade Média; a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa; na Revolução Industrial em que se começou a ver uma demanda maior pelo trabalho feminino; posso discutir a mulher na contemporaneidade. E aí posso está, posteriormente, trazendo a questão das relações de gênero, da violência contra a mulher, da conquista do voto feminino. Já nos anos 1960, posso está discutindo os movimentos sociais, a luta por direitos, o movimento feminista. E aí, nesse recorte histórico, há muitas outras coisas interessantes, como a cultura popular; a música, posso está trazendo letras de artistas dessa época como Beatles, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Enfim, há uma infinidade de coisas que você pode está aproveitando para a adentrar em questões mais complicadas, como é o caso da diversidade de gênero e sexualidade. E você não vai estar de forma alguma “quebrando regras”. Vai está trabalhando com fatos. Claro, isso vai lhe exigir empenho e muito trabalho. Mas, penso que essa é uma das poucas possibilidades que temos, diante desse cenário tão ameaçador que estamos vivenciando.
      [Questão 03] Bom nesse caso, fica um pouco complicado eu lhe afirmar alguma coisa, no Pibid discutíamos diversas temáticas, como Eca, Direitos Humanos, Meio ambiente, Cultura Afro brasileira, Drogas. E o gênero e a diversidade sexual foram apenas mais um desses temas trabalhados. Além disso, o Pibid era um pouco complicado porque tínhamos que esperar um horário vago ou o professor ceder seu horário para estarmos executando nossas atividades. Então, acabava que a gente não conseguia dar continuidade naquela determinada turma que a gente havia começado o trabalho. Fazíamos as atividades na turma que desse, e quando desse. No entanto, no caso de pessoas cis, eu posso dizer que sim, influenciava sim, principalmente porque a pessoa em questão – não citarei nomes – era evangélica. Então, esses valores que já são fortemente arraigados na nossa sociedade são muito difíceis de estar descontruindo. E como se tratava de uma docente, muito mais complicado ainda.

      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  8. Como bem frisado, na atual conjuntura política em que vivemos, discutir questões de gênero, e principalmente diversidade sexual e identidade de gênero, é algo difícil, perigoso e conflituoso. No entanto, nós como professores de História, precisamos ter conhecimentos sobre esses assuntos e discutir-los com os(as) estudantes, uma vez que o silenciaumento também contribue para a invisibilidade, preconceito e estigmatização que a comunidade lgbttti sofre. Dessa forma, quais estratégias podem ser adotadas para se tratar esses assuntos com os (as) estudantese?
    Fernando Sousa Lima

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    1. Olá, Fernando, boa tarde. Você dialoga com as preocupações de muitos de nossos colegas aqui no debate. Bom, tenho sugerido que, nesse momento em que estamos vivendo, um momento em que estamos nos deparando com um processo de deturpação da própria História, temas ainda tão problemáticos como gênero e diversidade de gênero e sexualidade não sejam discutidos de forma isolada. Minha sugestão é que questões como essas devam ser debatidas a partir do próprio material didático fornecido pela escola. Por exemplo, eu posso discutir o papel da mulher em Atenas, em Esparta, no Renascimento, na Idade Média; a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa; na Revolução Industrial em que se começou a ver uma demanda maior pelo trabalho feminino; posso discutir a mulher na contemporaneidade. E aí posso está, posteriormente, trazendo a questão das relações de gênero, da violência contra a mulher, da conquista do voto feminino. Já nos anos 1960, posso está discutindo os movimentos sociais, a luta por direitos, o movimento feminista. E aí, nesse recorte histórico, há muitas outras coisas interessantes, como a cultura popular; a música, posso está trazendo letras de artistas dessa época como Beatles, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Enfim, há uma infinidade de coisas que você pode está aproveitando para a adentrar em questões mais complicadas, como é o caso da diversidade de gênero e sexualidade. E você não vai estar de forma alguma “quebrando regras”. Vai está trabalhando com fatos. No entanto, é claro que você não vai encontrar esse material pronto, isso vai lhe demandar mais tempo e dedicação. Mas, eu acredito mesmo que nós somos capazes de trazer a diferença, nem que seja apenas para um aluno (a).
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  9. Obrigada pela contribuição e Parabéns pela iniciativa. Minha pergunta é a seguinte, Gênero ainda hoje é um assunto delicado, as vezes o preconceito é enraizado de dentro de casa. Nesse sentido, como podemos trabalhar para abrir a cabeça de um aluno em sala, se ele chegando em casa pode encontrar um processo de negação.

    Camila Vitoria da Silva Souza

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    1. Olá Camila. Boa tarde. Como comentei com alguns de nossos colegas aqui, eu sempre penso que quando eu tiver um filho (a) (talvez), ele (a) vai aprender desde cedo o que é gênero, relações de gênero, diversidade sexual, que não existe trabalho de homem e nem trabalho de mulher, que ele (ela) vai poder brincar do que quiser: bola, boneca, casinha, carrinho; que não existe cor de homem nem de mulher; que cuidar da casa é obrigação de todos que sujam e moram na casa, etc. Mas, aí penso que quando ele (ela) chegar na escola vai estar se deparando com uma realidade completamente diferente: é a estrutura social, a que todos nós, inevitavelmente, estamos submetidos. Essa criança, quando chegar a escola, pode sofrer bullying, chacota por ser um menino, mas brincar de boneca, por exemplo. De fato, não há como exigirmos que todo mundo tenha as mesmas concepções que nós, ainda mais quando existem elementos que são grandes desencadeadores de conflito como a religião, as crenças, os costumes, que na minha opinião, devem ser respeitadas, todas, sem exceção. Diante dessa problemática, eu penso que nós professores temos o papel fundamental de estar, na medida do possível, e fazendo isso de forma apropriada a faixa etária, trazendo essas discussões para nossos alunos. Em vários comentários aqui com nossos colegas, eu trouxe várias sugestões de como está trabalhando temas como gênero e diversidade sexual a partir do próprio material didático fornecido pela escola. Acho que essa é uma das poucas coisas que a gente pode estar fazendo, nesse cenário tão ameaçador.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  10. Bom dia! Ótimo texto!
    Como professor de Educação Básica do Estado de Mato Grosso, gostaria de saber se é possível promover uma educação de gênero já a partir do 6º ano do ensino fundamental? existe uma forma de atuação neste caso?

    Mauricio Ribeiro Damaceno

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    1. Boa tarde, Mauricio. Eu não tenho muita experiência com alunos do ensino fundamental. Dei aula para essa faixa apenas na disciplina de estágio obrigatório, e não foi uma experiência muito boa, pois os alunos (as) eram muito bagunceiros. Mas, eu penso que uma educação para a diversidade de gênero e sexualidade deve ser algo contínuo na formação do educando, ou seja, desde as séries iniciais já deve haver uma sensibilização para esses temas, claro, de forma apropriada a idade. No caso do sexto ano, eles não são mais criancinhas, mas também ainda são muito jovens. Se eu fosse trabalhar, eu procuraria levar filmes e séries mais sutis (que não tenham cenas de sexo, nem de violências corporal, e etc.) para está discutindo temas como direitos humanos, violência de gênero, introduzindo esses temas de uma forma mais leve. Aí, nesse contexto, na questão dos direitos humanos, que deve valer para todas as pessoas, eu traria o caso da homofobia, do forte preconceito e violência que as pessoas LGBTS sofrem na nossa sociedade. Mas eu não iria adentrar nessa questão de gênero como algo que é socialmente e historicamente construído, sobre as diferenças entre gênero, sexo, identidade de gênero... Eu não entraria nessas questões, pois como falei, essa sensibilização deve ser algo que deve fazer parte da formação contínua do educando, e no sexto ano eles ainda são muito jovens.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  11. Muito boa a sua visão é de fundamental importância perceber a maneira como o cidadão preconceituoso se apropria das ideias e concepções de uma família tradicional para uma não aceitação da diversidade. Partindo dessa análise para você enquanto professora qual seria a melhor maneira de conseguir inserir essas novas concepções de gênero no âmbito escolar, já que o professor não tem em sua formação algo capaz de suprir essa problemática??
    Desde já agradeço!

    Ruan David Santos Almeida

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    1. Olá, Ruan. Deixo aqui algumas sugestões que tenho dado para alguns colegas que me apresentaram suas mesmas indagações. A primeira coisa é que acredito que não seja aconselhável, pelo menos nesse momento que estamos vivenciando, que temas ainda tão problemáticos como é o caso do gênero e da diversidade de gênero e sexualidade sejam discutidos de forma isolada. Minha sugestão é que questões como essas devam ser debatidas a partir do próprio material didático fornecido pela escola. Por exemplo, eu posso discutir o papel da mulher em Atenas, em Esparta, no Renascimento, na Idade Média; a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa; na Revolução Industrial em que se começou a ver uma demanda maior pelo trabalho feminino; posso discutir a mulher na contemporaneidade. E aí posso está, posteriormente, trazendo a questão das relações de gênero, da violência contra a mulher, da conquista do voto feminino. Já nos anos 1960, posso está discutindo os movimentos sociais, a luta por direitos, o movimento feminista. E aí, nesse recorte histórico, há muitas outras coisas interessantes, como a cultura popular; a música, posso está trazendo letras de artistas dessa época como Beatles, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Enfim, há uma infinidade de coisas que você pode está aproveitando para a adentrar em questões mais complicadas, como é o caso da diversidade de gênero e sexualidade. E você não vai estar de forma alguma “quebrando regras”. Vai está trabalhando com fatos. No entanto, é claro que você não vai encontrar esse material pronto, vai lhe dar um trabalho significativo, até porque você deve tomar muito cuidado com tudo aquilo que você vai falar e mostrar. Infelizmente, em alguns momentos, isso pode até lhe demandar uma superficialidade no que diz respeito a problematização dos fatos, pois se a gente for problematizar com rigor mesmo pode não dar bons resultados.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  12. Primeiramente gostaria de parabenizar e dizer que vivenciamos momentos parecidos, também fui bolsista Pibid durante algum tempo e nos propusemos a trabalhar questões de gênero no espaço escolar, sinto ainda por ter sido poucas vezes. Compreendo que esse tipo de trabalho como o seu é extremamente necessário ainda mais em nossos dias. Acredito que temos enormes problemas em sala de aula atualmente, seria necessário tempo para se discutir no mínimo a base de todos eles. Tenho uma crença particular que a escola hoje esta em uma transição entre a tradicionalidade e a modernização do pensamento, quando eu digo tradicionalidade não especificamente como algo atrasado especificamente, mas como algo reproduzido a muito tempo, sem indicativos de inovação. Porém, tenho a esperança que os novos profissionais do futuro estarão vindo com uma nova estrutura de pensamento formada e com uma bagagem de mundo diferenciada, então penso que talvez isso possa a mudar. O tema gênero é um assunto de extrema urgência para a sala de aula, os educadores que não reconhecem isso, de fato não estão no caminho certo. É papel da escola mostrar a sociedade aos alunos e dizer como viver nessa sociedade, a escola molda o aluno para a sociedade não somente científica mais também humana. Se a escola não fizer isso quem vai fazer? Vamos deixar que nossos alunos entrem para as drogas, para a prostituição, para o crime, para os extremos do mundo sem fazer nada? É isso que acontece quando a escola não toma partido da função de socialização que ela tem, são cabeças pensantes diferentes naquele meio, são mundos adversos de pensamento e famílias que se encontram ali, costumo dizer que a escola é a nossa primeira sociedade, onde começamos de fato a conhecer diversas realidades, e então, se a escola não mostrar essa sociedade quem fará? A exclusão não pode esta na escola, essa profissional relatada no seu trabalho não deveria esta na escola. A minha pergunta, estamos vendo uma nuvem de instabilidade sobreposta as nossas cabeças, uma onda de conservadorismo medieval tomando forma, uma necessidade de silenciar a verdade para viver na ignorância. Você acredita que trabalhar as questões de gênero mudou aquele ambiente escolar de alguma maneira? Os alunos posteriormente, você pode notar mudança no comportamento deles? O que você proporia de diferente se estivesse no papel de gestora educacional que poderia mudar esse cenário?

    Túlio H. Pinheiro

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    1. Obrigada Túlio. Gostei muito das suas considerações. Olha, não sei se conseguimos mudar alguma coisa, mas tenho certeza que pelo menos incomodados muitos deles ficaram. Agora um dos problemas que torna difícil chegar a uma avaliação final dessas ações, é que na escola em que fui bolsista era uma escola técnica de nível médio que tinha mais de 6 cursos, fora as turmas que eram apenas o ensino médio sem ser integrado. Então, o que recorrentemente acontecia é que a gente não conseguia acompanhar turmas específicas, a gente fazia as atividades aonde dava e quando dava, tendo em vista que dependíamos de os professores cederem seus horários para nossas atividades ou pegarmos horários vagos, que tinham bastantes. Então, acabou que se tornaram ações isoladas e momentâneas. Se eu fosse gestora, diretora, primeira coisa que eu faria era dar mais importância ao Pibid e outros programas de extensão, pois essa é uma coisa que realmente não acontecia muito. Não tínhamos muito apoio. Tínhamos de alguns professores que acompanhávamos, que ajudavam no sentido de ceder horários, de participar e incentivar os alunos a participavam das atividades, que buscavam facilitar até mesmo dando nota para que os alunos se interessassem. Mas, da escola mesmo em si, faltava empenho, espaço. Eu acho que toda escola, além das disciplinas teóricas, deve ter projetos e atividades voltadas para os alunos e a comunidade. E esse seria um dos espaços ideais para estar promovendo, de uma forma planejada, a importância de temas transversais como gênero e diversidade sexual. Eu procuraria meios de estar levando isso para os alunos, para os professores, pais, responsáveis e para a comunidade a partir de projetos e atividades. Mas claro, isso tudo exigiria muito tempo, espaço e estudo. Mas acho que se houver um compartilhamento dessas preocupações com toda a comunidade escolar, isso pode se concretizar.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  13. Apesar de não ser coisa recente, discutir gênero e sexualidade na sala de aula ainda sempre foi um desafio, pra não dizer uma verdadeira via crucis, para professores e professoras no Brasil, sobretudo quando se discute o dogma da heteronormatividade de que sexo não é o mesmo que gênero. Assim, tendo em vista a discussão e as experiências constantes no artigo em epígrafe, vem-me a seguinte indagação: Como os/as docentes de história poderiam enfrentar a renovação da "empoeirada" ideia reeditada de uma educação "moral" que "demonializa" o pensamento crítico e a possibilidade de a escola discutir as problemáticas que giram em torno da identificação de gênero entre os/as alunos/alunas frente a uma declara política governamental que finge ser o gênero um tema que deve ficar fora do contexto escolar?

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  14. OBS.: EU FIZ A PERGUNTA ACIMA, MAS NÃO HAVIA ASSINADO.

    Apesar de não ser coisa recente, discutir gênero e sexualidade na sala de aula ainda sempre foi um desafio, pra não dizer uma verdadeira via crucis, para professores e professoras no Brasil, sobretudo quando se discute o dogma da heteronormatividade de que sexo não é o mesmo que gênero. Assim, tendo em vista a discussão e as experiências constantes no artigo em epígrafe, vem-me a seguinte indagação: Como os/as docentes de história poderiam enfrentar a renovação da "empoeirada" ideia reeditada de uma educação "moral" que "demonializa" o pensamento crítico e a possibilidade de a escola discutir as problemáticas que giram em torno da identificação de gênero entre os/as alunos/alunas frente a uma declara política governamental que finge ser o gênero um tema que deve ficar fora do contexto escolar?

    Ortiz Coelho da Silva

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    1. Olá, boa noite, Ortiz. Penso que não há uma resposta pronta ou uma solução única para a complexidade da sua questão. É inegável que estamos vivendo em um momento em que os próprios fatos históricos vem passando por um processo de deturpação, e nesse contexto, nosso próprio ofício, pode estar constantemente vindo a ser questionado, e até mesmo, em alguns momentos, deslegitimado. Podemos estar sendo vigiados, gravados, filmados, e nem ao menos saber disso. No entanto, penso que calar é contribuir para que o mundo se torne cada vez mais pior. Eu acredito que podemos continuar a levar essas discussões para a sala de aula sem nos expor demais. Uma dessas formas, como sugeri aqui para alguns de nossos colegas que também indagaram sobre essa questão, é está trabalhando esses assuntos a partir do próprio livro didático, e não de uma forma isolada. Há várias formas de fazer isso. Por exemplo, podemos discutir o papel da mulher em Atenas, em Esparta, na Idade Média; a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa; na Revolução Industrial em que se começou a ver uma demanda maior pelo trabalho feminino; posso discutir a mulher na contemporaneidade. E aí posso está, posteriormente, trazendo a questão das relações de gênero, da violência contra a mulher, da conquista do voto feminino. Já nos anos 1960, posso está discutindo os movimentos sociais, a luta por direitos, o movimento feminista. E aí, nesse recorte histórico, há muitas outras coisas interessantes, como a cultura popular; a música, posso está trazendo letras de artistas dessa época como Beatles, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Enfim, há uma infinidade de coisas que você pode está aproveitando para a adentrar em questões mais complicadas, como é o caso da diversidade de gênero e sexualidade. Você não vai estar trabalhando com essas questões de forma isolada e nem vai estar “quebrando regras”, mas sim seguindo os rastros da própria História. Claro que isso vai lhe exigir trabalho e dedicação dobrados, mas penso que diante desse cenário ameaçador, essa é uma das poucas possibilidades que a conjuntura nos permite.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  15. Como você vê o papel dos alunos homossexuais na abordagem de tal tema em sala de aula e no que isso pode agregar no trabalho do educador ?
    Pergunto isso pois sou hossexual, e vi muitas vezes que mesmo quando as pessoas tem o intuito de discutir de forma aberta e crítica tal questão, elas ainda pecam por falta de conhecimento ou tem uma visão distorcida sobre o assunto.

    Pedro da Silva Mariano

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    1. Olá, Pedro. Boa tarde. Você tocou em uma questão bem complexa, agora. Nós discutimos a partir de teorias, de estudos de caso, de exemplos do cotidiano, mas nós não temos a vivência, ou seja, acho que só uma pessoa que vivencia isso cotidianamente é que de fato está mais autorizada a falar. Um exemplo disso é uma professora trans que conheço, ela pesquisa sobre relações de gênero e diversidade sexual. Penso que ninguém melhor do que ela para estar discutindo essas questões, não que outras pessoas também não estejam aptas a fazer, mas ela tem algo mais a acrescentar: a experiência. Nesse sentido, eu acho que o papel de pessoas LGBT é fundamental para que possamos estar levando essas discussões para dentro da sala de aula. Agora, nesse momento, talvez por falta de algo mais empírico, eu não saiba bem como isso poderia ser feito. Eu conheci alguns alunos e alunas que eram homossexuais que aparentemente tinham um bom relacionamento com os outros colegas de classe. No entanto, quando a questão da diversidade sexual passa a ser a pauta das discussões, às fragilidades dessas relações começam a aparecer. Então, eu acho que projetos, atividades e ações voltadas para as questões de gênero e diversidade sexual deveriam buscar levar em conta as representações, as falas de pessoas como você, que desse voz e visibilidade as formas com que vocês enxergam e sentem essas questões, para que a gente não fique aqui apenas teorizando e sonhando com um “deve ser”.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  17. Como você expõe no texto, existe dificuldade de se falar sobre o assunto de diversidade sexual em sala de aula por receio dos próprios alunos, aqueles considerados "normais" e até mesmo os que se identificam com uma orientação sexual diferente. Diante disso, gostaria de saber como nós professores e futuros professores poderíamos trabalhar este assunto tão delicado em sala de aula, fazendo ligação DIRETA com a disciplina História, tornando o tema mais didático e interessante para os alunos. Parabéns pelo trabalho.

    Lucas Araújo Silva

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    1. Essa é uma das indagações que tem mais preocupado os nossos colegas. Reafirmo que não aconselho que temas ainda tão problemáticos como é o caso do gênero e da diversidade de gênero e sexualidade sejam discutidos de forma isolada. Penso que nesse cenário que estamos vivendo, onde passamos agora a estar – sem que nem mesmo saibamos – sendo constantemente vigiados e até gravados ou filmados, levar essas discussões para a sala de aula requer um cuidado dobrado. Por outro lado, não devemos nos calar, pois calar só vai contribuir mais para que o mundo se torno cada vez pior. Minha sugestão é que questões relacionadas a temas como esses devam ser debatidas a partir do próprio material didático fornecido pela escola. Por exemplo, eu posso discutir o papel da mulher em Atenas, em Esparta, na Idade Média; a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa; na Revolução Industrial em que se começou a ver uma demanda maior pelo trabalho feminino; posso discutir a mulher na contemporaneidade. E aí posso está, posteriormente, trazendo a questão das relações de gênero, da violência contra a mulher, da conquista do voto feminino. Já nos anos 1960, posso está discutindo os movimentos sociais, a luta por direitos, o movimento feminista. E aí, nesse recorte histórico, há muitas outras coisas interessantes, como a cultura popular; a música, posso está trazendo letras de artistas dessa época como Beatles, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Enfim, há uma infinidade de coisas que você pode está aproveitando para a adentrar em questões mais complicadas, como é o caso da diversidade de gênero e sexualidade. Claro que você não vai encontrar esse material pronto, vai lhe dar um trabalho significativo, até porque você deve tomar muito cuidado com tudo aquilo que você vai falar e mostrar. Mas, penso eu, que essa é uma das poucas possibilidades que a conjuntura nos permite. Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  18. Oi Alexandra, parabéns pelo trabalho. E como trabalhar com os profissionais da educação? Será que não deveríamos iniciar sobre esse tema com os professores em cursos de formação continuada? Obrigada.
    Gisele Cristina da Câmara

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    1. Olá, Gisele. Boa tarde. Apesar de forma ainda incipiente, hoje nos cursos de licenciatura, pelo menos no que diz respeito a História e as Ciências Sociais, já é comum que assuntos como gênero e diversidade de gênero e sexualidade venham sendo pauta de discussão. No entanto, quando recuamos um pouco, percebemos uma grande lacuna quanto a essas questões. Penso que ainda durante a graduação, principalmente para os cursos de licenciaturas, temas transversais como esses devem ser obrigatórios. Quanto aos que já estão formados e atuando na área há um tempo, acredito que deveria haver cursos de capacitação para esses profissionais, pois sabemos que qualquer profissional deve necessariamente acompanhar as demandas do seu tempo e do seu ofício: advogados, contadores, economistas, médicos, todos, estão constantemente tendo que se atualizar. Com os professores, penso que não deveria ser diferente. Além das questões de gênero e sexualidade, outros temas contemporâneos também deveriam estar na pauta das discussões, como a educação patrimonial, por exemplo. Agora, se não há políticas públicas, nem ações para que essas lacunas passem a ser sanadas, penso que resta apenas as inciativas individuais. Ou seja, nos mesmos devemos repensar nossa prática cotidiana e buscar, minimante, trazer a diferença.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  20. Já que a intolerância às reapresentações homoafetivas não estão de forma explicita apenas entre os alunos, mas também entre o educadores, não se torna mais difícil este tipo de discussão em sala de aula? O que você acha sobre estes tipos de opressão? Elas possuem uma solução?

    Lucas Araújo Silva

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    1. Olá, Lucas, boa tarde. Sua pergunta é bem pertinente e dialoga um pouco com a pergunta feita por nossa colega Gisele. Bom, hoje já é possível perceber nos cursos de licenciatura – no caso me referindo a História e as Ciências Sociais, que são áreas que conheço – que temas transversais como Gênero, Identidade de Gênero e Sexualidade já tem se tornado pauta de discussão, o que torna mais escasso quando recuamos um pouco no tempo. Muitos educadores que já estão no ofício há um tempo nunca ouviram ou pouquíssimo ouviram falar de tais questões durante seu processo de formação. Nesse caso, o ideal seria que houvesse políticas públicas, projetos, atividades que apresentassem essas novas demandas a esses profissionais. Todo profissional precisa estar atualizado, e com a docência isso não deveria ser diferente. O professor tem de acompanhar os novos paradigmas que vão surgindo. Isso não pode estar ausente de suas preocupações. Dessa forma, eu penso que a solução seria levar capacitação a esses professores. E nesse sentido, penso que não importa se tal profissional concorda ou não. Penso que não é uma questão de concordar. Eu posso, por exemplo, não concordar com a teoria de Malthus, no entanto, isso não me isenta de ensina- lá. Da mesma forma, deveria ser com qualquer assunto ou conteúdo. Mas, em um cenário em que muitas vezes o professor não tem nem um pincel para escrever, nem uma água para beber.... Acho que resta cada um, dentro do possível, está procurando as brechas do cotidiano para estar trazendo tais questões, seja durante a aula ou durante um evento na escola, por exemplo.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  21. Parabéns pelo texto. Notamos ainda que nos dias atuais a questão de gênero ainda é vista como um grande tabu, e como a autora cita dentre dos escolas entre os alunos é algo que acorre constantemente, deixando alguns alunos com vergonha, enquanto outros fazem piadas sobre o assunto. Nesse contexto como trabalhar com os alunos uma maneira para faze-los refletir sobre o assunto, tornando o mesmo parte das discussões no contexto da sala de aula.

    Dara Alice da Silva

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    1. Olá, Dara. Bom dia! Uma das minhas sugestões é que questões relacionadas a gênero e diversidade sexual não sejam discutidas de forma isolada, e sim debatidas a partir do próprio material didático fornecido pela escola, que na maioria das vezes é só o livro didático. Por exemplo, eu posso discutir o papel da mulher no Renascimento, na Idade Média; a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa; a mulher na contemporaneidade. E aí posso está, posteriormente, trazendo a questão das relações de gênero, da violência contra a mulher. Nos anos 1960, posso está discutindo os movimentos sociais, as novas demandas que passaram a ser reivindicadas pelos diversos sujeitos. Nesse recorte histórico, posso também está trazendo a questão da cultura popular; a importância e influência da música, que pode estar aí chamando mais a atenção dos alunos (as), com os Beatles, o Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Posso está selecionando algumas letras para debate. Enfim, há uma infinidade de brechas na nossa própria história em que a gente pode estar discutindo em sala de aula questões mais complicadas, como a diversidade de gênero e sexualidade, sem, porém, estar fugindo ou “quebrando regras”. Por outro lado, isso vai exigir muito mais tempo e empenho. Mas penso que vale muito a pena tentarmos trazer essa diferença para o cotidiano dos nossos alunos (as).
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  22. Sou graduanda de pegadogia e bolsista do PIBID, e enxergo também dentro do contexto escolar diversas dificuldades a respeito de trabalhar esse tema nas salas de aula, seja qual for a disciplina , esse é um desafio em comum a todos os educadores , sobretudo aos que possuem "menos tempo" e recursos para tal, sendo que sabemos como é forte a veia cultural que sustenta implicações contrárias as práticas docentes, como os educadores podem começar a introduzir de forma a não assustar nem provocar represálias em meio escolar, já que esse é um assunto bastante polêmico ?
    Vanessa Dantas Campos Viana

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    1. Olá, Vanessa. No caso da História, a minha sugestão é que esses assuntos fossem tratados a partir do próprio livro didático, como sugeri aqui para vários de nossos colegas, que você poderá depois está dando uma olhada. Agora em relação a área da Pedagogia, aí eu confesso que para mim já é um desafio, porque eu não sei como é a grade, as divisões dos conteúdos, as abordagens, os instrumentos pedagógicos. Mas, penso que à semelhança do que tenho feito na História, acho que na Pedagogia também daria para estar aproveitando alguns conteúdos para estar introduzindo esses assuntos de uma forma que estes não fiquem isolados, e assim gere mais polêmicas. Acho que isolar esses assuntos não é uma boa escolha, pelo menos não nesse momento em que estamos vivendo. Espero ter ajudado.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  23. Graduando em História e admirador da temática.
    Bem como foi exposto na abordagem teórica do seu trabalho,quais as práticas educativas ou ações pedagógicas, se buscam para trabalhar as questões de gênero, sendo que no cenário escolar os estereótipos são reforçados, como trabalhar para desconstruí-los?
    Parabéns pelo trabalho!
    HAROLDO JOSE DA SILVA


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    1. Olá, Haroldo, boa noite. Agradeço muito sua contribuição. É inegável que estamos vivendo em um momento em que os próprios fatos históricos vem passando por um processo de deturpação, e nesse contexto, nosso próprio ofício, pode estar constantemente vindo a ser questionado, e até mesmo, em alguns momentos, deslegitimado. Podemos estar sendo vigiados, gravados, filmados, e nem ao menos saber disso. No entanto, penso que calar é contribuir para que o mundo se torne cada vez mais pior. Eu acredito que podemos continuar a levar essas discussões para a sala de aula sem nos expor demais. Uma dessas formas, como sugeri aqui para alguns de nossos colegas que também indagaram sobre essa questão, é está trabalhando esses assuntos a partir do próprio livro didático, e não de uma forma isolada. Há várias formas de fazer isso. Por exemplo, podemos discutir o papel da mulher em Atenas, em Esparta, na Idade Média; a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa; na Revolução Industrial em que se começou a ver uma demanda maior pelo trabalho feminino; posso discutir a mulher na contemporaneidade. E aí posso está, posteriormente, trazendo a questão das relações de gênero, da violência contra a mulher, da conquista do voto feminino. Já nos anos 1960, posso está discutindo os movimentos sociais, a luta por direitos, o movimento feminista. E aí, nesse recorte histórico, há muitas outras coisas interessantes, como a cultura popular; a música, posso está trazendo letras de artistas dessa época como Beatles, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Enfim, há uma infinidade de coisas que você pode está aproveitando para estar discutindo também questões mais complicadas, como é o caso da diversidade de gênero e sexualidade. Você não vai estar trabalhando com essas questões de forma isolada e nem vai estar “quebrando regras”, mas sim seguindo os rastros da própria História. Claro que isso vai lhe exigir trabalho e dedicação dobrados, mas penso que diante desse cenário ameaçador, essa é uma das poucas possibilidades que a conjuntura nos permite. Talves a gente não consiga quebrar paradigmas nem construir um mundo melhor, mas se conseguirmos levar a diferença para pelos menos um aluno, só um que seja, já vale o esforço.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  24. Boa tarde! Parabéns pelo trabalho e reflexões. Não trago uma pergunta direta ao seu trabalho, o que trago é mais uma problematização acerca de como os integrantes desses programas, no seu caso o PIBID e, no meu, a Residência Pedagógica tem levado essa preocupação e essas discussões de gênero para dentro das escolas. Como integrante da Residência Pedagógica, estou tendo contato com duas escolas, sendo uma municipal, a outra estadual, e nelas existe uma completa ausência dessas discussões por parte de todos que nelas estão inseridos. Algumas professoras, na escola estadual, chegaram a dizer que tentam promover tais discussões em alguns momentos de suas aulas (ênfase em se tratar somente de professoras, o sexo feminino, a tentar inserir questões de gênero e afins), entretanto, observo que são atitudes ineficazes, tendo em vista que não são momentos recorrentes, são momentos escassos. Que tipo de educação é essa que tem sido recebida os nossos alunos das escolas públicas? Nos cabe problematizar esse espaço no qual nossos alunos passam grande parte de seu tempo e problematizar o que nós temos feito para mudar esse espaço de modo a incluir, e não excluir.

    Bruno Silva de Oliveira

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    1. Muito obrigada, Bruno. É muito gratificante saber que existem profissionais que se importam com essas questões, porque a gente sabe que tem muitos professores que vão para a sala de aula, dão o conteúdo que é obrigado a dar, cumprem suas tarefas, sua carga horária e pronto, acabou. Nosso papel é muito importante na vida e na formação dessas crianças e adolescentes, então não dá para simplesmente não se importar e fazer apenas o que é exigido para manter nosso salário. Nós e a escola somos capazes de transformar, de trazer mudanças. Tem gente que diz que professor trabalhar por amor, não pelo dinheiro. Bom, na minha opinião, tem que ser pelos dois. Professor (a) tem que gostar do seu ofício. Claro, também temos nossos limites, e não dá para mantermos essa dedicação todo dia, ainda mais nas condições precárias que muitos nos encontramos. A gente pode até não conseguir quebrar paradigmas, construir um novo tipo de sociedade, mas se a gente conseguir fazer diferença, pelo menos para um aluno (a), eu penso que vale muito a pena o esforço.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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    2. Bruno, compartilho dessas mesmas indagações. A escola em que estou residindo, no interior de Pernambuco, especificamente no município de Carpina, me deixa cada vez mais absorta a respeito de como tratam essa assunto. Inquietei-me de tal forma que vou aplicar um projeto, no dia 22, sobre o estudo de Gênero voltado para a Grécia Antiga. Além disso, me inquietou perceber que ninguém na escola em que atuo se importa com o assunto, pelo contrário, não expuseram o papel feminino durante as aulas.

      Att, Ana Maria Lucia do Nascimento

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    3. Alexandra, compartilho de suas palavras. Acredito que esse espaço que estamos tendo nessas escolas possa servir muito para que essas discussões se façam presentes e serem melhor trabalhadas. Quem sabe, assim, os professores que já estão em atuação nessas mesmas escolas não se sintam motivados ou tenham o interesse desperto em contribuir para que a educação vá além das disciplinas comuns e obrigatórias.

      Bruno Silva de Oliveira

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    5. Ana Maria, estou muito feliz com sua iniciativa ao elaborar esse projeto. O interessante é que você vai pegar tal temporalidade, a Antiguidade, e fazer essa discussão de gênero, o que irá mostrar que isso não é uma questão de agora. É problemático essa sua constatação acerca da falta de preocupação das pessoas que compõem a escola em realizar tais debates, infelizmente observamos que isso é algo sistemático.

      Bruno Silva de Oliveira

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  25. Olá Alexandra, Boa Tarde! primeiramente parabéns pelo texto, Gostaria de saber em sua perspectiva qual a principal dificuldade que os docentes enfrentam em sala de aula para poder debater a importância da diversidade de gênero e qual seria a melhor forma de supera-lá?

    Alessandro Lopes Campelo

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    1. Olá, Alessandro, bom dia. Muito obrigada por sua contribuição. Sem dúvida, eu penso que a maior dificuldade são as questões que estão ligadas a religião, as crenças, os costumes; O medo de que seu filho ou sua filha passe a gostar ou se interessar por alguém do mesmo sexo; E no caso das relações de gênero, talvez, está aí trazendo determinados conflitos para dentro de casa, tendo em vista que a gente vive numa sociedade machista. Lembro que quando eu tinha 13 anos, meu irmão ficou doente e minha mãe teve que passar uns dias no hospital, e meu pai foi me acordar 07 da manhã para fazer o café dele, e eu perguntei: Por que você mesmo não faz? E isso gerou uma briga imensa. Ele reclamou para minha mãe, e ela brigou comigo. Então, é muito complicado mexer nessas “colmeias”, que estão tão fortemente arraigadas na nossa cultura e na nossa educação. E a melhor forma, não de superar, mas de tentar, dentro do possível, “melhorar” isso é partindo para as estratégias de nosso próprio ofício como educadores. E tem várias formas de fazer isso como, por exemplo, trabalhar as questões relacionadas ao gênero e a diversidade sexual a partir do próprio livro didático, como sugeri aqui para alguns de nossos colegas.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  26. Primeiramente parabéns pela reflexão. Sou acadêmica de História e percebo vários desafios em introduzir a temática de gênero e sexualidade em sala de aula sem despertar o desespero dos pais pela tão famigerada máxima de estar pregando ideologias.
    Na sua opinião, como agora temos uma caça às bruxas sendo empreitada contra os professores, quais cuidados os mesmos devem tomar para que ao tratar destes assuntos sua sala de aula não se transforme em um ringue ideológico promovido pelos pais dos alunos?

    Letícia Veitas Novelli

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    1. Bom dia, Letícia. Tomando como base minha experiência – claro, dentro de limitações, pois se trata de um estudo de caso –, se há cinco anos falar sobre gênero e diversidade sexual já era tão complicado, ainda mais agora em que estamos sendo constantemente vigiados, correndo o risco de estarmos sendo gravados, filmados.... Um cenário, sem dúvida, ameaçador. Mas, penso que calar é aceitar e contribuir para um mundo cada vez mais pior. Minha sugestão é que questões relacionadas a gênero e diversidade sexual, pelo menos nesse momento, não sejam discutidas de forma isolada, ou seja: “hoje vamos falar sobre gênero e diversidade”. Penso que essas questões devem ser debatidas a partir do próprio material didático, que na maioria das vezes, é só o livro didático. Penso que há diversas formas de está trazendo essas discussões para a sala de aula, a partir das periodizações da própria História. Por exemplo, eu posso discutir o papel da mulher no Renascimento, na Idade Média; a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa; a mulher na contemporaneidade. E aí posso está, posteriormente, trazendo a questão das relações de gênero, da violência contra a mulher. Nos anos 1960, posso está discutindo os movimentos sociais, consequentemente as novas demandas que passaram a ser reivindicadas pelos diversos sujeitos. E aí, nesse recorte histórico, há muita coisa interessante, como a cultura popular; a música, que pode estar aí chamando mais a atenção dos alunos (as), com os Beatles, o Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso. Enfim, há uma infinidade de coisas que você pode está aproveitando para a adentrar em questões mais complicadas, como é o caso da diversidade de gênero e sexualidade. Claro, isso não vai estar pronto no material didático fornecido e vai, consequentemente, exigir uma dedicação muito maior da sua parte, até porque temos que ter muito cuidado com tudo que falamos e mostramos. Sem dúvida, nem sempre isso será possível, até porque o professor (a) tem seus limites, ainda mais nas condições em que muitos de nós estamos submetidos. Mas, eu acho, que pelo menos de vez em quando, vale muito a pena o esforço.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  27. De que forma as famílias, que são berço da educação dos mais jovens, deve debater sobre este determinado assunto, visto às permanências de uma visão conservadora na sociedade atual?

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  28. De que forma as famílias, que são berço da educação, deve debater sobre este determinado assunto, visto às permanências de uma visão conservadora na sociedade atual?

    Leitor: Pablo Deivid dos santos

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    1. Olá Pablo. Como comentei com nosso colega Lucas, eu sempre penso que quando eu tiver um filho (a) (talvez), ele (a) vai aprender desde cedo o que é gênero, relações de gênero, diversidade sexual, que não existe trabalho de homem e nem trabalho de mulher, que ele (ela) vai poder brincar do que quiser: bola, boneca, casinha, carrinho; que a mamãe não é empregada do papai e nem do bebê; que não existe cor de homem nem de mulher, etc. Mas, aí penso que quando ele (ela) chegar na escola vai estar se deparando com uma realidade completamente diferente: é a estrutura social, a que todos nós, inevitavelmente, estamos submetidos. Essa criança, quando chegar a escola, pode sofrer bullying, chacota, por ser um menino, mas brincar de boneca, por exemplo. De fato, não há como exigirmos que todo mundo tenha as mesmas concepções que nós, ainda mais quando existem elementos que são grandes desencadeadores de conflito: a religião, as crenças, os costumes, que na minha opinião, devem ser respeitadas, todas, sem exceção. Diante dessa problemática, eu penso que nós pais temos o papel fundamental de estar, na medida do possível, e fazendo isso de forma apropriada a faixa etária, trazendo essa educação desde cedo para os nossos filhos, transformando isso num habitus, no sentido e Bourdieu. Acho que essa é uma das poucas coisas que a gente pode estar fazendo. Contudo, devemos estar cientes de que isso não é garantia de nada. Quando crescerem, vão estar aí, tomando seus próprios posicionamentos.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  29. Meios que construíssem e possibilitassem de alguma forma uma nova visão em relação ao gênero, focando principalmente as famílias tradicionais e nos mais conservadores, como palestras, não só visando a estudantes, mas sim a uma boa parte da sociedade, não seria de bom proveito para desconstrução do preconceito ao gênero?

    Leitor: Pablo Deivid dos Santos

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    1. Bom dia, Pablo. Obrigada pela contribuição. Penso que mesmo estando na condição de educadores, não há como exigirmos que todo mundo tenha as mesmas concepções que nós, ainda mais quando há um elemento que é um dos grandes desencadeadores de conflito: a religião, as crenças. De fato, penso que além de aulas teóricas, toda escola deveria também está desenvolvendo projetos, atividades, eventos que incluíssem, além dos alunos, a comunidade, a família. No entanto, infelizmente os pais e responsáveis muitas vezes não comparem nem a reunião de pais e mestres, que acontece uma vez a cada semestre. Então, isso seria quase – para não dizer completamente – utópico para a nossa realidade. Diante disso, eu acho que uma das únicas coisas que a gente pode estar fazendo, para não se expor demais, é trabalhar essas questões a partir do próprio material didático, da forma que sugeri aqui para alguns de nossos colegas. Seria um avanço muito grande se a gente conseguisse está envolvendo a família, e está “desconstruindo” esses paradigmas. Mas, penso que ainda estamos muito distantes disso.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  30. Parabéns pelo texto. Gostaria de questionar se durante a experiência Você acredita que no espaço escolar ainda existem muita insegurança em trabalhar com as questões em torno da ideia de diversidade?
    Leitor

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    1. Olá, Jakson, obrigada pela contribuição. Sem dúvida que sim. Ainda mais quando os alunos (as) lhe questionam a partir de crenças de cunho religioso. É muito complicado você mediar isso, sem se expor muito. Não tenha dúvidas de que o aluno (a) vai chegar em casa e vai contar para os pais que o professor (a) disse isso ou aquilo. E aí, o conflito é quase inevitável. Por isso defendo a ideia de que essas questões não devem ser discutidas de forma isolada, ou seja: “hoje vamos falar sobre gênero e diversidade”. Penso que essas questões devem ser debatidas a partir do próprio material didático, que na maioria das vezes é só o livro didático mesmo. Como já comentei em outras respostas, há diversas formas de está trazendo essas discussões a partir das periodizações da história. Por exemplo, posso discutir do papel da mulher no Renascimento, na Idade Média, a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa. Claro, isso não vá está pronto no material didático fornecido, e vai consequentemente exigir do professor (a) uma dedicação maior. Este vai ter que organizar um material próprio, procurar, estudar e planejar esse material. De fato, não há como negar que nem todos nós temos ou teríamos tempo para isso, e eu diria também paciência. Mas eu acho que se fizermos nossa parte, sempre que possível, podemos está trazendo um pouco de diferença para nossas aulas e para nossos alunos (as).
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  31. A escola possui um papel fundamental em relação a trabalhar gênero e diversidade sexual em sala de aula, entretanto isso ainda me parece uma medida eficaz porém incompleta, que não inclui a família neste tipo de aprendizagem.Desta forma, queria saber quais as formas de incluir as famílias no tema, já que sabemos que a questão do preconceito e da intolerância se encontra também no convívio familiar do aluno e não apenas no âmbito educacional.

    Lucas Araújo Silva

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    1. Olá, Lucas. Obrigada pela contribuição. Sua questão é muito pertinente, e sem dúvida uma das mais complicadas quando a questão é gênero e diversidade sexual. Eu sempre penso que quando eu tiver um filho (a) (talvez), ele (a) vai aprender desde cedo o que é gênero, relações de gênero, diversidade sexual, que não existe trabalho de homem e nem trabalho de mulher, que ele (ela) vai poder brincar do que quiser: bola, boneca, casinha, carrinho. Mas, aí penso que quando ele (ela) chegar na escola vai estar se deparando com uma realidade completamente diferente: é a estrutura social, a que todos nós, inevitavelmente, estamos submetidos. De fato, não há como exigirmos que todo mundo tenha as mesmas concepções que nós, ainda mais quando existe um elemento que é um dos grandes desencadeadores de conflito: a religião, as crenças. Nesse sentido, se não há, por parte da escola, qualquer meio de estar sensibilizando os pais e responsáveis para essas questões – no caso, projetos, reuniões, atividades – eu acho que a única coisa que a gente pode estar fazendo, para não se expor demais, é trabalhar essas questões a partir do próprio material didático, da forma que sugeri quando respondi as perguntas de Camila Bertucci e Jakson.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  32. Sabemos que as aulas de História são bem enxutas no ensino público, tanto no fundamental II como no ensino médio. Diante disso, como o professor(a) de história poderia conciliar todo o conteúdo que precisa ministrar e também discutir sobre gênero? Visto que sobretudo ainda é um assunto delicado que diverge opiniões sobre.

    Camila Bertucci

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    1. Olá, Camila. Agradeço sua contribuição. Bom, depois da experiência que tive, eu passei a partir do pressuposto de que essas questões não devem, pelo menos nesse momento, serem discutidas de forma isolada, ou seja: “hoje vamos falar sobre gênero e diversidade”. Penso que essas questões devem ser debatidas a partir do próprio material didático, que na maioria das vezes, dada a precariedade de recursos, é só o livro didático mesmo. Penso que há diversas formas de está trazendo essas discussões para a sala de aula, a partir das periodizações da própria História. Por exemplo, eu posso discutir o papel da mulher no Renascimento, na Idade Média; a participação que as mulheres tiveram na Revolução Francesa; a mulher na contemporaneidade. E aí posso está, posteriormente, trazendo a questão das relações de gênero, da violência contra a mulher. Nos anos 1960, posso está discutindo os movimentos sociais, consequentemente as novas demandas que passaram a ser reivindicadas pelos diversos sujeitos. E aí, nesse recorte histórico, há muita coisa interessante, como a cultura popular; a música, que pode está aí chamando a atenção dos alunos: Beatles, Chico Buarque, o movimento Tropicália (Gilberto Gil, Caetano Veloso). Enfim, há uma infinidade de coisas que você pode está aproveitando para a adentrar em questões mais complicadas, como é o caso da diversidade sexual. Claro, isso não vá está pronto no material didático fornecido, e vai consequentemente lhe exigir uma dedicação muito maior, tendo em vista ainda que temos que ter muito cuidado com a forma com que passamos essas questões. Sem dúvida, nem sempre isso será possível, até porque o professor (a) tem seus limites, ainda mais nas condições em que muitos de nós estamos submetidos. Mas se fizermos isso, sempre que for possível, eu acho que podemos está sim melhorando nossas aulas, e a educação dos nossos alunos (as).
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  33. Olá, ótimo texto. Parabéns.Como promover um debate acerca desse assunto com profissionais que estão tão rígidos que não acreditam na importância desse tema?

    Att, Ana Maria Lucia do Nascimento.

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    1. Olá, Ana Maria, boa noite. Obrigada pelas contribuições. Apesar de forma ainda incipiente, hoje nos cursos de licenciatura, pelo menos no que diz respeito a História e as Ciências Sociais, já é comum que assuntos como gênero e diversidade de gênero e sexualidade venham sendo pauta de discussão. No entanto, quando recuamos um pouco, percebemos uma grande lacuna quanto a essas questões. Penso que ainda durante a graduação, principalmente para os cursos de licenciaturas, temas transversais como esses devem ser obrigatórios. Quanto aos que já estão formados e atuando na área há um tempo, acredito que deveria haver cursos de capacitação para esses profissionais, pois sabemos que qualquer profissional deve necessariamente acompanhar as demandas do seu tempo e do seu ofício: advogados, contadores, economistas, médicos, todos, precisam constantemente estarem se atualizando. Com os professores, penso que não deveria ser diferente. Além das questões de gênero e sexualidade, outros temas contemporâneos também deveriam estar na pauta das discussões, como a educação patrimonial, por exemplo. Agora, se não há políticas públicas, nem ações para que essas lacunas passem a ser sanadas, penso que resta apenas as inciativas individuais. Ou seja, nós mesmos devemos repensar nossa prática cotidiana e buscar, minimante, trazer a diferença. No caso da sua pergunta em específico, aí depende muito do seu campo de atuação, se você é docente ou trabalha na área de gestão escolar ou área afim. Eu acho que toda escola, além das disciplinas teóricas, deveria também promover projetos, eventos, atividades, oficinas que envolvessem não apenas os alunos e a escola, mas a comunidade, os pais e responsáveis. E é nesse momento que devemos está atuando, botando a necessidade dessas questões em pauta. Acho que nesse cenário, essa é umas das nossas poucas possibilidades.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  34. Oi, parabéns pelo seu trabalho, eu também já fui uma bolsista do programa PIBID, e acredito que isso fez toda diferença na minha formação acadêmica, apesar de ter abordado temas diferentes.Sobre as relações de gênero eu acredito que apesar de ter pouca abertura nas escolas devem sim ser discutidas, e por que não na aula de história onde podemos abordar isso de diversas maneiras, principalmente levando histórias de mulheres. Parece ainda ser um tabu muito grande as relações homoafetivas nas escolas e na sociedade em geral. Na sua opinião qual o impacto que essa proposta do PIBID gerou nos alunos da escola em que o projeto foi aplicado?
    Obrigada
    Maria Carolaine Domingues Maciel

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    1. Olá, Maria Carolaine. Boa noite e obrigada pelas contribuições. Bom os Pibids que participei foram dois, um de História e outro Interdisciplinar, e os dois tiveram seus problemas. Primeiro, falta interesse e incentivo por parte da própria escola, fato que senti de forma mais intensa no primeiro citado; segundo, era muito complicado a forma que era organizado, porque dependíamos que professores liberassem seus alunos para as nossas atividades, as vezes tínhamos que esperar um horário vago ou pedir o horário de um professor (a). E não é muito difícil de imaginar que nem sempre isso dava certo. A escola citada aqui no meu trabalho era uma escola de nível técnico que tinha mais de 06 cursos, fora as turmas que eram apenas de ensino médio. Então, o que acontecia é que fazíamos nossas atividades quando dava e aonde dava. Então, não tinha assim um acompanhamento em turmas especificais. Fazíamos uma atividade aqui, outra ali, na turma que desse certo. Então, fica muito complicado fazer uma análise final do projeto na vida dos alunos. Ao longo do percurso no programa, discutimos diversos temas transversais como Eca, Drogas, Direitos Humanos, Meio ambiente, e a questão do gênero e da diversidade sexual foi um desses temas. Então, posso dizer, de um modo geral, levando em consideração tudo que foi feito, de todos os temas discutidos, que sim, nós conseguimos levar a diferença. Talvez não tenhamos quebrado paradigmas, mas, pelo menos, incomodamos, questionamos e levamos pensamento crítico.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  35. Olá, Alexandra! Meus parabéns pela reflexão levantada, se faz de fato muito importante nos dias atuais, principalmente diante da supressão do tema transversal Orientação sexual, que nos dava a possibilidade de trabalhar Relações de gênero em sala de aula. Bem, eu me sinto particularmente muito contemplada por sua discussão, uma vez que desde a iniciação científica venho trabalhando com questões de gênero. No mestrado, continuo a discussão, mas particularmente voltando para o ensino. Eu fiquei assustada com os relatos que obteve- apesar de sabermos que é o mais comum de se esperar. Sendo assim, meus questionamentos vão no seguinte rumo. Você considera que o problema da continuidade histórica do preconceito se dar porque as famílias não estão sabendo educar seus filhos ou não sabem como tratar sobre isso? e como você acha que a escola poderia se responsabilizar mais no combate a homofobia? uma vez que no texto você explicita que a escola "contribui de modo a produzir e a reproduzir" desigualdades

    Renata de Jesus Aragão Mendes

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    1. Olá, Renata, obrigada pelas contribuições. Em relação a primeira pergunta, eu acho que é um pouco mais complicado que isso. Como comentei com alguns de nossos colegas aqui, eu sempre penso que quando eu tiver um filho (a) (talvez), ele (a) vai aprender desde cedo o que é gênero, relações de gênero, diversidade sexual, que não existe trabalho de homem e nem trabalho de mulher, que ele (ela) vai poder brincar do que quiser: bola, boneca, casinha, carrinho; que não existe cor de homem nem de mulher; que cuidar da casa é obrigação de todos que sujam e moram na casa, etc. Mas, aí penso que quando ele (ela) chegar na escola vai estar se deparando com uma realidade completamente diferente: é a estrutura social, a que todos nós, inevitavelmente, estamos submetidos. Essa criança, quando chegar a escola, pode sofrer bullying, chacota por ser um menino, mas brincar de boneca, por exemplo. De fato, não há como exigirmos que todo mundo tenha as mesmas concepções que nós, ainda mais quando existem elementos que são grandes desencadeadores de conflito como a religião, as crenças, os costumes, que na minha opinião, devem ser respeitadas, todas, sem exceção. É uma questão complexa que envolve cultura, educação, costumes. E não há como negar que vivemos em uma sociedade em que as relações de poder entre os sexos ainda é extremamente forte. Em relação a segunda pergunta, penso que toda escola além das disciplinas teóricas, deveria também desenvolver projetos, atividades, eventos que envolvam não apenas os alunos e a escola, mas a comunidade, os pais e responsáveis. Esse seria um dos momentos ideais para que nós como educadores e preocupados com o futuro de nossas crianças e adolescentes possamos estar levando essas discussões. Nesse sentido, nós, e a escola, não podemos ficar calados, pois calar é contribuir para um mundo cada vez pior, em que o diferente continuará sendo objeto de repulsa.
      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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    2. Olá, boa noite! Eu concordo plenamente com você e acredito que esse ponto de vista é o mais coerente para pensar o problema estrutural - alias cada vez mais afirmado enquanto projeto político-ideológico- que legitima esse tipo preconceito. No mais, eu agradeço demasiadamente as reflexões que vem desenvolvendo. Que estas discussões continuem sendo pensadas por que são realmente relevantes, não só para quem vai exercer o ofício de professor, mas principalmente para a comunidade, que de forma geral é ainda muito leiga em relação a estas discussões e que por isso - o que não justifica - acaba muitas vezes repetindo discursos preconceituosos.

      Até o próximo evento!
      Abraços,
      Renata Aragão

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  36. Você discutiu a categoria gênero em sala de aula, já que percebeu que muitos alunos não sabiam o que queria dizer relações de gênero? se fez, como buscou operacionalizar o conceito?

    Renata de Jesus Aragão Mendes

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    1. Bom, antes de aplicar o questionário, primeiro foram desenvolvidas algumas atividades, uma delas, que não foi citada no texto, foi a exibição do curta Vida Maria, do gráfico Marcio Ramos, em que discutimos a situação da mulher naquele contexto, buscando mostrar que isso é uma realidade que ainda é vivenciada por muitas mulheres ao redor do mundo. Mulheres que vivem para cuidar da casa, dos filhos, que esquecem e abandonam seus sonhos. Depois foi apresentado o conceito de gênero como algo que é histórico e culturalmente construído, em que foram discutidas a questão da violência contra a mulher, das relações de poder entre os sexos. E por último, apresentamos as diferenças entre gênero e sexo, em que foram discutidas a questão da diversidade sexual e a importância de se respeitar a diversidade. Claro, essas discussões foram desdobradas em vários encontros. No entanto, essas atividades não foram realizadas todas nas mesmas turmas. O Pibid é complicado por isso, porque muitas vezes tínhamos que esperar um horário vago ou pedir o horário de algum professor. Então, fazíamos as atividades na turma que desse certo. Então, a gente não conseguia continuar a discussão com aquelas mesmas turmas. Ficava assim uma coisa quebrada, tendo em vista que era uma escola técnica, eram mais de 06 cursos, fora as turmas que era só ensino médio sem ser integrado. As vezes a gente repetia em várias turmas as mesmas atividades, e as vezes não conseguíamos dar continuidade. Então, por conta disso, acredito que os alunos acabavam não conseguindo absorver tudo que poderiam ter absorvido. E no final, mesmo naquela turma que tínhamos trabalhado, tinha aluno dizendo que não sabia o que era gênero.
      Atenciosamente,
      Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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    2. Obrigada pela resposta. Muito interessante mesmo as atividades que desenvolveu. Imagino como deve ser complicado estes problemas relativos a realidade da escola, que muitas vezes nos inviabilizam de fazer um trabalho como o idealizado. Mas, acredito que deve ter sido uma experiência incrível discutir sobre género e diversidade sexual em sala de aula. A pergunta que fiz se deu principalmente porque sei da dificuldade de colocar em prática um conceito. Por isso, a metodologia utilizada sem duvida me esclareceu algumas inquietações a respeito. Obrigada!
      Renata Aragão!

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  37. Já que mencionou o preconceito não só de alunos, mas também de professores você acredita que estes deveriam ser reeducados? Se sim, como você acha que isso deveria ocorrer?

    Renata de Jesus Aragão Mendes

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    1. Apesar de ainda incipiente, hoje nos cursos de licenciatura, pelo menos no que diz respeito a História e as Ciências Sociais, já é comum que assuntos como gênero e diversidade de gênero e sexualidade venham sendo pauta de discussão. No entanto, quando recuamos um pouco, percebemos uma grande lacuna quanto a essas questões. Penso que ainda durante a graduação, principalmente para os cursos de licenciaturas, temas transversais como esses devem ser obrigatórios. Quanto aos que já estão formados e atuando na área há um tempo, acredito que deveria haver cursos de capacitação para esses profissionais, pois sabemos que qualquer profissional deve necessariamente acompanhar as demandas do seu tempo e do seu ofício: advogados, contadores, economistas, médicos, todos, precisam constantemente estarem se atualizando. Com os professores, penso que não deveria ser diferente. Além das questões de gênero e sexualidade, outros temas contemporâneos também deveriam estar na pauta das discussões, como a educação patrimonial, por exemplo. Agora, se não há políticas públicas, nem ações para que essas lacunas passem a ser sanadas, penso que resta apenas as inciativas individuais. Ou seja, nós mesmos devemos repensar nossa prática cotidiana e buscar, minimante, fazer a diferença.

      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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  38. Parabéns pelo seu trabalho Alexandra!! Não falar sobre relações de gênero,diversidade sexual e identidade de gênero é a forma mais visível ou comum de ocultar e negar todos e todas que "fogem" do binarismo homem e mulher, da heteronormatividade. Porém, gostaria de saber se você identificou na escola onde foi desenvolvido o PIBID, outras formas, atitudes, práticas que corroboraram e/ou corroboram para a marginalização, discriminação e repressão de homossexuais, lésbicas e outros membros da comunidade lgbttti?
    Jacqueline Moreira Lima.

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    1. Boa noite, Jacqueline. Para lhe ser sincera, antes do episódio ocorrido com a professora citada no trabalho, eu não havia despertado tanto para essa questão da homofobia, porque os alunos (a) identificados como homoafetivos aparentemente sempre mostravam boas relações. Não sei se era eu que não esteva enxergando, mas era isso que aparentava: Há alunos gays, há alunas lésbicas, e todo mundo sabe. No entanto, quando isso passou a ser pauta de discussão, essas relações, aparentemente harmoniosas, passaram a apresentar suas fissuras. O preconceito e práticas de discriminação que eu puder presenciar, além do citado com a professora, foi na análise dos questionários que apliquei. Os alunos (as) não expressavam essas manifestações de forma pública, mas no anonimato eles revelaram sem pudor. Fora isso, e algumas brincadeiras sem graça em relação a isso durante as aulas, não identifiquei outras formas. Mas, isso também é decorrente do fato de que o Pibid não trabalhava com apenas um único tema. Trabalhávamos com vários: Eca, Direitos Humanos, Drogas, Religião Afro, Meio Ambiente. A questão do gênero e da diversidade sexual foi apenas um desses temas. Então, por conta disso, acaba se tornando algo muito limitado. Seria necessário um estudo mais aprofundado, que visasse especificamente essas questões.

      Atenciosamente, Alexandra Sablina do Nascimento Veras

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