Alaide Matias Ribeiro


SAFO: DA POETISA GREGA ÀS SUAS REPRESENTAÇÕES CONTEMPORÂNEAS


O artigo apresenta os resultados da pesquisa empreendida sobre a vida e obra de Safo de Lesbos, poetisa grega. O objetivo da investigação é explicitar qual a relevância cultural e histórica exercida pela personagem e sua obra na Antiguidade até a contemporaneidade. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica que aglutinou tanto a produção acadêmica nacional como a estrangeira. Inicialmente, faremos uma breve apresentação biográfica, seguida da descrição do que a personagem realizou em vida – sua obra, mais conhecida como os fragmentos -, confrontando as ideias argumentadas pelos estudiosos que desenvolvem pesquisa sobre a temática. Concluída essa primeira exposição, partiremos para uma análise geral acerca dos temas presentes na poesia de Safo, intercalando-a com a exploração detalhada de dois fragmentos: “A violência de Eros” e “Ode à Anactória”. Em seguida, discutiremos sobre o que a personalidade e sua obra deixaram ao mundo Ocidental, enfatizando nas apropriações realizadas desde a Antiguidade até os tempos atuais. Por fim, apresentaremos uma pequena síntese dos resultados e reflexões obtidos com a pesquisa. Todos os fragmentos de Safo mencionados e comentados nesta pesquisa foram retirados do conjunto selecionado por Manuel Pulquério em artigo publicado na Revista Mathésis (2001) intitulado “A Alma e o Corpo em fragmentos de Safo. Traduções e Adaptações” e da “Antologia de Poetas Gregos e Latinos” (2010) organizada por Paulo Martins.

Safo: vida e obra
Tal como observado no caso de outras personalidades da Antiguidade, grande parte das informações que dispomos sobre a vida de Safo são provenientes de sua própria obra. Deve-se levar ainda em consideração que essas informações foram transmitidas e reconstruídas ao longo do tempo; além disso, também precisamos considerar os processos de tradução. Todavia, os estudiosos concordam com a ideia de que Safo teria vivido entre o final do século VII A. E. C e o início do século VI A. E. C., - período de destaque do dialeto grego denominado eólio – aproximadamente, entre os anos 630/612 e 580. Safo era nativa de Λέσβος, ilha localizada à nordeste do mar Egeu, mais especificamente de Mitilene, cidade na costa oriental da ilha. Safo, conforme Nunes (2002, p. 1):

“Era de família aristocrática, conheceu, da mesma forma que seu contemporâneo, o poeta Alceu, o exílio, vivendo por algum tempo na Sicília. Foi casada com Kerdolas de Andros, com quem teve uma filha, Kleis.”

Já Manuel Pulquério (2001, p. 155) estende suas considerações, afirmando que:

“Do pouco que sabemos sobre a vida de Safo podemos extrair que ela teve dois irmãos, Larico e Cárax, alvo das suas constantes preocupações; que teve uma filha, Cleide, que ela devia considerar o seu mais belo poema; que teve ainda riqueza de afectos suficiente para se dedicar, de alma e coração, a várias jovens que viviam na sua esfera social.”

Safo era de uma família proeminente e politicamente ativa de Lesbos, lugar que à época apresentava uma economia e uma cultura artística e religiosa florescente (POWELL, 2006, p. 43). A ilha, cujos primeiros habitantes foram os gregos eólicos do século XI A. E. .C. estabeleceu uma rede de conexões com o Mediterrâneo Oriental, partilhando com o exterior uma tradição poética cuja fama se estendeu da Antiguidade aos dias contemporâneos. Em Lesbos, Safo estabeleceu uma escola, espécie de associação ou sociedade literária feminina, denominada pelos escritores da Antiguidade como a Casa das Musas. Nesse espaço, Safo, que para Platão era a décima Musa, ensinava as jovens de Mitilene o que André Bonnard (2007) denominou de a arte de “ser mulher”, que compreendia uma série de atividades relacionadas à preparação da mulher para o que era considerada sua vocação, o casamento. Para Nunes (2002, p. 1) o objetivo dessa sociedade era “reunir mulheres que se devotavam à música, à poesia e ao culto de Afrodite.” e para Mata (2009, p. 2) essa esfera era dedicada à formação de uma personalidade feminina intelectualizada, particular às mulheres aristocratas de Lesbos.

Nesse espaço didático Safo convivia com as mulheres e, para alguns estudiosos, é a partir dessa convivência que deriva sua cultura poética, uma cultura do amor, portanto, erótica. Segundo Campbell (1990) a poesia de Safo – tal como a de Alceu e de Anacreonte – era uma poesia lírica. Isso significa que os poemas eram cantados e acompanhados por lira. Daí a referência a Safo, em alguns escritores que lhe são posteriores, como uma musicista, cantora e até inventora de modos musicais. Mas, diante de tais informações, o que importa ressaltar é que a personagem foi e é reconhecida pelo conjunto de fragmentos cujo eu-lírico é uma mulher que se refere às outras mulheres. Devido a essa característica singular, muito foi especulado sobre o comportamento da poetisa e das jovens na Casa das Musas. Todavia, é preciso considerar que a designação de Safo como amante de mulheres ou prostituta, como mulher de feições masculinas, como “tríbade”  , deriva de imagens criadas a partir da interpretação dos poemas por sujeitos do sexo oposto ao da poetisa. Isso significa que a poetisa foi, majoritariamente, verbalizada por vozes masculinas.

Como mencionado, não só a poesia de Safo como também a própria personagem foi motivo de discussão entre escritores da Antiguidade como Ésquilo, Píndaro, Ovídio, Horácio, Catulo, Dioniso de Halicarnasso e Maximus de Tiro. Podemos afirmar que através dos comentários e citações indiretas nas obras desses escritores é que grande parte dos fragmentos poéticos de Safo sobreviveram e chegaram até a contemporaneidade. Segundo Powell (2012, p. 45) Aristófanes de Bizâncio e Aristarco da Samotrácia, dois eruditos de Alexandria, no século III A. E. C., fizeram um esforço coletivo, coletando e “editando” os poemas de Safo, arranjando-os em 9 livros organizados de acordo com a métrica. Já entre os séculos V e VII, no Medievo, a obra de Safo, escrita no dialeto eólico, caiu no desinteresse dos monges copistas frente à profusão de obras no dialeto ático. Posteriormente, por volta do século XI, os poemas serão interditados pela Igreja Católica, especialmente devido ao conteúdo dos fragmentos, que para a Instituição ia de encontro à moral. A partir daí são poucas as citações referentes aos fragmentos, que só retornam a aparecer no século XIX, com a descoberta, no Egito, de mais de 100 fragmentos escritos em um papiro, denominado papiro Oxyrinchus e em um pergaminho. No século XXI mais três fragmentos foram encontrados. 

Para Pulquério (2001, p. 156) a poesia de Safo revela um mundo de sentimentos – paixão, ternura, ironia, revolta, ira - mas é, principalmente, uma expressão do amor. Mas, apesar do amor ser considerado uma das fontes de inspiração, alguns classicistas, não divergindo disso, apontam para outros elementos da inspiração poética. Para Bonnard (2007), que ressalta o caráter de novidade da literatura de Safo para a sua época, o objeto de paixão da poetisa é a beleza. Ideia que converge com a de Pulquério (2001) que agrega à beleza o elemento arte. Segundo Bonnard (2007, p. 89) o Eros aparece mais como uma força obscura, um elemento de perturbação, como uma energia de destruição que se insinua nos corpos. Como exemplo, destaca-se o seguinte fragmento: “Eros sacudiu o meu coração, como um vento que, descendo a montanha, se lança sobre os carvalhos”. O deus amor é o elemento sempre presente no universo de Safo. É força avassaladora que sujeita os mortais e que se faz sentir fisicamente, ora nos corpos ora na natureza circundante. O classicista ainda afirma que é uma poesia de sinais. Uma composição em que encontramos pontos de sensibilidades que evoca nos leitores – ou ouvintes - imagens de amor agregado à natureza. Aliando-se aos elementos anteriormente comentados – amor e beleza – podemos citar um último aspecto que se faz presente na poesia de Safo, a memória; esta, compreendida em termos de ausência e presença. 

Para Nunes (2002, p. 2) a poesia de Safo exprime, através de uma linguagem pessoal, a intimidade da vida individual; sua lírica, inspirada na vida que a circula e direcionada a um grupo específico é expressão de sentimento. A compreensão da composição sáfica como íntima e pessoal, argumenta Sofia Carvalho (2012, p. 11), resulta da percepção de que o sujeito poético e a poetisa não se distinguem. Concordamos com a ideia do autor quando afirma que a poetisa desenvolve nos seus poemas uma visão cultural da mulher através da valorização da mulher e do corpo feminino. Tal visão, que inclui a beleza das mulheres como máxima, pode ser visualizada no fragmento (16), intitulado “Ode à Anactória”:

“Dizem: o renque de carros ou de soldados/ ou de navios é sobre a terra negra/ a suprema beleza. Digo: é aquilo que/ se ama./ Muito fácil fazer isso compreensível/ a todos: - Helena, a que superou/ toda beleza de humanos, ao mais nobre/ marido/ deixou atrás e foi a Tróia num navio./ Nem da filha nem dos pais queridos/ nada se recordou, mas seduziu-a/ Cípris./ Nas mãos da Cípris é maleável a mente./ Eros faz nosso pensamento revirar-se/ leve e faz-me lembrar agora Anactória/ longe./ Quisera eu ver o encanto de seu andar/ e a luz brilhante de seu rosto, não carros da Lídia ou guerreiros com/ armas.” (MARTINS, 2010, p. 9)

Em uma leitura rápida verificamos que os elementos destacados anteriormente - amor, mulher, beleza, memória/lembrança - estão presentes no texto. De início, percebe-se que o problema colocado se refere ao que é o belo. A questão da beleza é exposta frente à negação de um determinado ideal - o ideal masculino de beleza, voltado à guerra - disseminado na sociedade grega. Para Safo, belo é “aquilo que se ama.”. E como que para fazer sua ideia compreensível, lança mão de uma narrativa comum no imaginário da sociedade grega antiga: o mito de Troia. Fala de Helena de Esparta, que seduzida pela Cípris - deusa Afrodite - parte para Troia, deixando para trás sua família. Nesse trecho, em que as questões de memória aparecem, o eu-lírico volta-se para um sujeito em particular, Anactória. Esta, que está ausente é enaltecida pelos seus atributos de beleza. Anactória é a beleza, portanto, infere-se que é o objeto amado de Safo.

Legado e apropriações
As contribuições de Safo na Antiguidade são pouco conhecidas. Todavia, se não é possível conceber esses legados ao nível de contribuições, podemos falar em termos de reminiscências. Mata (2009, p. 7) argumenta que a poetisa viabilizou a construção de um ambiente intelectualmente instigante para as mulheres da Grécia e da Ásia Menor. Além disso, sua fama e reconhecimento viabilizou o surgimento das “moedas de Safo”, moedas que possuíam em uma de suas faces um relevo representando a poetisa e que circularam em Mitilene; por fim, podemos mencionar a difusão de sua imagem já na época romana, tanto em afrescos como em vasos de cerâmica, em que Safo é representada com uma lira.

No século XIX, apesar de alguns dos fragmentos da poetisa já estarem em circulação na Europa desde o século anterior, encontramos na obra de escritores reminiscências da sua poesia lírica, que para Bonnard (2007, p. 99) pode ser caracterizada como uma prefiguração da poesia moderna. Já que para ele na poesia de Safo podemos visualizar o encontro de dois mundos, um mundo exterior, físico e um mundo interior, dos sentimentos, da consciência humana, que juntos, tornam-se uma mesma coisa. Por exemplo, no Fausto (1808), uma das obras mais reconhecidas do romancista alemão Goethe, percebemos em uma cena de Margarida – intitulada “Quarto de Margarida”– um tema que orienta a fala da personagem e que se assemelha aos temas que funcionam como o fio condutor de alguns fragmentos de Safo. Apenas para citar um trecho da fala de Margarida, que fiando em seu quarto, exclama: “Perdido tenho o sossego,/ Magoado o coração;/ Fugiu a paz da minh’alma,/ Não a torno a achar mais, não.”. Neste caso, destacamos o fragmento (fr. 114 D), intitulado “Culpa”: “Mãe querida, já não tenho força para mover a agulha no bastidor, ferida como estou de amor por um jovem... e a culpa é de Afrodite.”. O sentimento de aflição exclamado pelo eu-lírico, no fragmento que provavelmente faz referência à história de sua paixão pelo marinheiro Faón, é o mesmo que atinge Margarida, apaixonado por Fausto.

Já na literatura modernista de Baudelaire, especificamente, no livro “As Flores do Mal” (1857), observamos um conjunto de seis poemas que foram condenados pela justiça francesa por ultraje à moral pública. Dentre eles, nota-se o poema intitulado “Lesbos”, que não só caracteriza a ilha como a “Mãe dos jogos latinos e gregas orgias” ou “Lesbos, lugar dos beijos tais como as cascatas” ou ainda como “Lesbos, terra das noites quentes, langorosas/Que fazem que ao espelho, estéril cupidez!/ As jovens de olhos fundos, do corpo amorosas,/ Acariciem os frutos da nubilidade;”, mas também traz em sua composição referências à história de Safo. Esta será acolhida tanto na literatura de Baudelaire como na de outros escritores do período, que passam a pôr nas “letras” a mulher como sujeito de ação. Além da literatura, outro campo em que Safo é retomada é o da pintura. Demarchi (2010) ao propor a leitura das imagens pictóricas de Safo sob a perspectiva do erotismo, analisando como uma concepção do feminino foi produzida pelo e para o público masculino no século XIX, elenca um conjunto de pinturas produzidas entre os anos 1824 a 1928. Nessas pinturas o tema é o mesmo: Safo em cenas eróticas com jovens mulheres. À exceção do quadro produzido por Lawrence Alma-Tadema, intitulado “Sappho and Alceus” (1881), as pinturas de Frederik-Karl Forerg, “Sappho In: Figuris Veneris” (1824), de Simeon Solomon, “Sappho and Erinna in a Garden at Mytilene” (1864), de Gustave Coubert, “Le Sommeil” (1866) e a gravura “Homage to Sappho” (1928) de Norman Lindsey seguem esse esquema iconográfico.

Já no século XX podemos encontrar em outras formas artísticas, em contexto brasileiro, temas que estudiosos consideram universais e, dessa forma, temas presentes na poesia arcaica de Safo. Um desses temas, segundo Adélia de Meneses (2012) é o da mulher que passa ou caminha. A autora enxerga uma coincidência entre a poesia lírica de Safo, especificamente, na “Ode à Anactória” e o texto da canção “Garota de Ipanema” (1963), escrito por Tom Jobim e Vinícius de Morais, ressaltando o pathos amoroso como o denominador comum das produções e atentando tanto para o diálogo cultural que possibilitou essa convergência temática como para a historicidade da concepção, do sentimento ou da experiência do amor para os diferentes contextos. A autora aponta as semelhanças das expressões e epítetos utilizados para caracterizar o ser, mulher, que é o objeto de desejo, sua beleza e graça, indicando as possíveis invariantes históricas observadas nas duas obras.

Presente no domínio das artes, “emprestando o seu nome, ou ‘suas Lésbias’, ou seu modelo lírico, ou sua ousadia aos poetas de todos os tempos” (NUNES, 2002, p. 1), Safo, nos séculos XX e XXI será retomada como um ícone para um grupo específico: as feministas. A partir da década de 1970, a poetisa será reconhecida como uma voz de destaque. Safo e seus fragmentos são interpretados como símbolo do protagonismo feminino, o que resulta numa contribuição de valor histórico importante, já que por meio de outra leitura visualizamos a possibilidade de discutir a sexualidade da mulher no Mundo Antigo pela perspectiva feminina, por esses sujeitos que foram obliterados pela historiografia tradicional e pela cultura letrada, majoritariamente masculina. Advogamos com Fontes (1994, p. 115) ao afirmar que “Do texto moderno ao antigo, o nome de Safo de Lesbos provoca, imediatamente, as significações. [...]. E constroem um retrato, quase sempre articulado ao paradigma da perversão.”. Essa imagem pode ser verificada em uma simples busca na web, em que, intercalada com fotografias de afrescos, pinturas e estátuas representando a personagem, vemos a mesma utilizada como mote em capas de revistas adultas voltadas ao público masculino. Leite (2006, p. 1) argumenta que, atualmente, a questão acerca da sexualidade de Safo é discutida por uma historiografia que se introduz no tema através da abordagem das memórias que foram construídas sobre a personagem. Mas, o que importa destacar é que Safo e o seu lugar de origem, Lesbos, passaram a denominar, “uma vertente específica da sexualidade” (MATA, 2009, p. 1), o Lesbianismo.

Podemos considerar que a apropriação dessa personalidade por sujeitos da contemporaneidade, “como é o caso do grupo de percussionistas negras, lésbicas e bissexuais, chamado “Tambores de Safo”, atuante desde 2010, no Ceará.” (LEITE, 2017) está relacionada à questão da identidade, tanto individual como coletiva. Percebemos que Safo, suas imagens, evoca um sentimento de pertencimento. E, por meio dessa apropriação, verificamos uma aproximação do mundo contemporâneo à História Antiga.

Conclusão
Analisar Safo não é tarefa fácil. Some-se aos problemas da fragmentação das fontes, a tradução, a historicidade e o imaginário construído em torno da personagem. Mas, prevalece a ideia de sua singularidade: uma mulher que ao conduzir um grupo de mulheres e produzir poesia voltada às mulheres, destaca-se em um mundo masculino. Percebemos que os fragmentos das odes, epitalâmios, elegias e hinos, tornaram-se indissociáveis da personalidade; e que, ao longo da História, sua poesia foi elogiada e censurada devido ao seu conteúdo, essa exposição feminina individual, sentimental e erótica. Consideramos que Safo, além da poesia, legou uma imagem pessoal que, posteriormente, reinventada e tornada estereótipo, foi apropriada por sujeitos na contemporaneidade como símbolo de protagonismo e como elemento de identidade, de reconhecimento. Essa identidade, expressa pela palavra lésbica, nos remete à questão da prórpia sexualidade da poetisa. Entretanto, o que deve ser levado em consideração é como e por que, mesmo com essa associação entre eu-lírico e sujeito histórico, a poetisa foi e continua a ser utilizada como referência a que se recorre nas Artes, na História e no debate de gênero.

Portanto, pensamos que Safo exerceu e exerce influência na sociedade. Isso, por meio de uma memória coletiva construída pelas imagens comunicadas desde a expansão da cultura letrada no mundo ocidental. No Brasil poucos são os livros dedicados à divulgação e problematização de Safo. No entanto, verificamos a existência de vários artigos acadêmicos que utilizam a poetisa como objeto de estudo. Dessa forma, entendemos que Safo é uma entidade que ultrapassou temporalidades e espaços, possibilitando, ainda no século XXI, a discussão de temas relevantes para a sociedade.

Referências
Alaide Matias Ribeiro é licencianda em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e membro do Núcleo de Estudo de História Antiga (MAAT) e do Grupo de Diálogos e Práticas de Teatro Grego (Téspis).

BAUDELAIRE, Charles. Lesbos. In:______. As Flores do Mal. São Paulo: Martin Claret, 2012.
BONNARD, André. Safo de Lesbos, décima Musa. In:______. A civilização grega. Trad. José Saramago. Lisboa: Ed. 70, 2007.
CAMPBELL, David A. (Ed.). Greek Lyric 1. Sappho and Alcaeus. Cambridge, Massachusets: Harvard University Press, 1990.
CARVALHO, Sofia. Representações e Hermenêutica do Eu em Safo. Análise de quatro poemas. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, 2012.
DEMARCHI, Cristiane. Safo, conteúdo adulto: homoerotismo femino/voyeurismo masculino. Outros Tempos, v. 7, n. 9, jul., 2010, pp. 135 – 154.
FONTES, Joaquim Brasil. Imagens de Safo. In: Cadernos Pagu, 1994, pp. 113 – 139.
GOETHE, Johann Wolfgang Von. Fausto. São Paulo: Martin Claret, 2011.
LEITE, Lettícia B. R. Antiguidade Clássica, Safo de Lesbos e Lesbianismo: historiografia e memória. Anais do XVIII Encontro Regional de História – O historiador e seu tempo. ANPUH/SP – UNESP/Assis, 24-28 jul., 2006.
______. Safo de Lesbos: ícone lésbico? Anais do Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 Women’s World Congress, Florianópolis, 2017.
MARTINS, Paulo (Org.). Antologia de Poetas Gregos e Latinos. (Monódica e Coral, Jâmbica, Polímetra e Elegíaca). São Paulo: Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2010.
MATA, Giselle Moreira da. As práticas “homossexuais femininas” na Antiguidade Grega: uma análise da poesia de Safo de Lesbos (Século VII a.C.). Alétheia, Revista de Estudos sobre Antiguidade e Medievo, v. 1, jan./jul., 2009.
MENESES, Adélia Bezerra de. Garota de Mitilene. Estudos Avançados, 26 (76), 2012, pp. 299 – 310. 
NUNES, Zilma Gesser. As mulheres de Lesbos nas mãos de Catulo. Anais do Encontro Internacional Fazendo Gênero V, Florianópolis, 2002, pp. 1 – 9.
POWELL, Jim (Ed.). The Poetry of Sappho. New York: Oxford University Press, 2006.
PULQUÉRIO, Manuel. A alma e o corpo em fragmentos de Safo. Traduções e Adaptações. Máthesis, n° 10, 2001, pp. 155 – 187.

6 comentários:

  1. A poetisa, de fato, vai de encontro com a cultura vigente na época de exclusão de mulheres e consegue dar voz aos seus textos e até ensinar outras mulheres. A obra produzida pelas suas discípulas, também recebeu destaque? Existem relatos sobre elas? Gabriel Vinícius Moraes Rodrigues

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Com as obras da poetisa, podemos concluir que ela foi, de certa forma, uma das primeiras feministas da história? Existe alguma relevância de Safo e seu trabalho dentro do movimento feminista atual?
    Gabriel Vinícius Moraes Rodrigues

    ResponderExcluir
  4. Obrigada pelo o texto. Não sei se posso afirmar assim, mas talvez Safo elabora uma estética feminina a ser repensada? Ou seja, uma estética na poesia em conjunto com a lira, segundo citado. E junto à isso, Safo traz consigo [sem pensar e ter a intenção] uma Ontologia do feminino? Em um momento que ainda se iniciava a investigação da physys.
    Não sei se fui clara ou redundante, mas novamente adorei o texto.

    Paola Rezende Schettert

    ResponderExcluir
  5. Alaide, fiquei tão feliz ao perceber que seu trabalho falava sobre uma personagem tão importante, e mais feliz ainda fiquei ao perceber a interessante abordagem que você fez. Parabéns pelo trabalho bem articulado, adorei a leitura, adorei o esqueleto do seu trabalho e adorei achar novas referências que conduzirão minha pesquisa sobre Safo. Você evoca esse sentimento de pertencimento que Safo vem despertando no mundo contemporâneo, criado através dessa aproximação com as vivências atuais. Eu queria saber de você isso: Esse sentimento de pertencimento, ao seu ver, pode ser levado para a sala de aula? Como? Obrigada pela atenção.

    Ana Maria Lucia do Nascimento.

    ResponderExcluir
  6. Pode-se dizer que com a autonomia de Safo durante sua época,casou comentários machistas perante a sua pessoa, por não "depender" de um ser masculino?

    - Marilise Fernanda Neves Pinheiro Lisboa

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.